Missionárias estrangeiras voltam para casa após Um Ano em Missão no Brasil
Longe de sua cultura e família, elas afirmam ter aprendido a depender mais de Deus
Brasília, DF...[ASN] Neste ano, 17 equipes do projeto Um Ano em Missão estiveram espalhadas em regiões específicas do Centro-Oeste do Brasil. Entre elas, oito missionárias estrangeiras foram divididas entre os grupos e ensinaram a língua hispana aos demais participantes.
Para 2018, mais 20 equipes já estão sendo montadas na região. Dessa vez, 14 vagas serão abertas para que missionários brasileiros façam parte do mesmo projeto na Bolívia e no Paraguai.
Conheça a história de três hispanas que saíram de seus países para virem ao Brasil, como missionárias
Era apenas mais um dia comum do seu último ano do Ensino Médio: 2016. Yohana Paredes, com 18 anos, planejava sua viagem de formatura ao Brasil, juntamente com os colegas bolivianos. Navegando pela internet, se deparou com um vídeo na página da Igreja Adventista da América do Sul. Algo chamou-lhe atenção. O material falava sobre ser missionária – sonho que morava em seu coração há algum tempo. Contudo, o local era tão longe que Yohana enxergou seu sonho ficando ainda mais distante. Afinal, porquê iriam querer uma paraguaia para trabalhar no Brasil?! – pensou. Mesmo assim, enviou seu currículo para o e-mail indicado no vídeo e, enquanto clicava na tecla “enviar”, fez uma pequena oração: “Senhor, se Tu quiseres que eu vá, eu irei”, mentalizou.
Era dia de culto em sua igreja, mas Yohana havia chegado há pouco da viagem de formatura. Cansada, não pretendia acompanhar sua mãe, mas, antes que ela pudesse sair de casa, Yohana mudou de ideia. Sentia que algo a impressionava. “Alguma coisa dizia que eu deveria ir à igreja naquela noite”, relembra. Ao chegar lá, ficou surpresa com a presença do líder de Jovens do Paraguai no culto. E mais: ele tinha algo para falar especialmente para ela. “Yohana, estou te procurando há mais de uma semana!”, exclamou o pastor. “Seu currículo foi aprovado. Você está sendo chamada para ser missionária no Brasil”.
***
O ano havia sido de grande aprendizado e Micaela Acosta, 23, se preparava para o final do Projeto Um Ano em Missão que vivera na Argentina. Ela ainda não sabia como seria dali pra frente. Depois de passar tanto tempo envolvida com a missão, seria difícil voltar à rotina. Entretanto, a saudade de casa era grande.
Era novembro e o líder do projeto viera fazer uma visita à sua equipe. Durante o dia, enquanto conversavam distraidamente com o pastor, ele brincou: “Micaela, o que acha de fazer missão no Brasil, em 2017?”. Rindo, ela até se lembrou de quando tinha 15 anos e sonhava em conhecer o país. Hoje, com 23, as coisas eram diferentes. Ela tinha mais responsabilidades. “É! Parece que ficou apenas em sonho mesmo”, pensou.
Os dias se passaram e, agora sim! Era hora de arrumar as malas. Micaela podia até sentir o cheirinho de casa. Mas o clima de despedida era triste. A cada abraço, tentava memorizar o quanto aquelas pessoas foram importantes em sua caminhada cristã. O pastor, líder do projeto, estava lá novamente. Em voz alta, ele lia o destino de cada um para o próximo ano. Alguns estavam indo para casa, outros para a faculdade. “Quando ele leu o meu nome, fiquei em choque!”, relembra Micaela. “Eu iria ao Brasil. Ele nunca esteve brincando. Falou sério desde o começo”, conta sorrindo.
***
Junto com suas amigas, Maida Torres, 18, assistia a um Congresso Jovem, no Paraguai. Enquanto a programação acontecia, ela pensava consigo mesma sobre o tema das palestras: Missão. “Sentia que poderia fazer mais do que eu fazia. Só não sabia como”, contou. Por um momento, durante a programação, um anúncio diferente a fez ficar interessada: uma das jovens que estavam ali, iria ao Brasil no ano de 2016 por meio do projeto Um Ano em Missão. Era a primeira vez que Maida ouvira falar sobre o projeto. Dois meses depois, ela estava decidida. Precisava falar com o pastor que liderava os jovens no Paraguai. Ela estava disposta a passar um ano sendo voluntária. Enviou o currículo e, enquanto aguardava uma resposta, só fazia um único pedido a Deus: “Senhor, me mande para onde quiseres, mas, se for possível, não me envie ao Brasil”, orava. Seu maior medo era não conseguir se comunicar por lá, já que, para ela, o português era uma das línguas mais difíceis de se aprender.
O telefone tocou e Maida correu para atender. Do outro lado, uma voz conhecida: era o pastor de Jovens. Seu coração apertou na ansiedade de saber se as notícias eram boas ou não. Ela respirou fundo e pensou: “Eu deixei tudo nas mãos de Deus. Sei que Ele vai cuidar de cada detalhe”. “Maida, conseguimos!”, ele afirmou em tom de felicidade. “Você será missionária no Brasil!”, completou. Por alguns segundos, Maida permaneceu em silêncio, lembrando da oração que fizera a Deus. Não demorou muito para que ela entendesse: “Se é pra lá que Deus quer que eu vá, é para lá que eu irei!”, respondeu.
A missão no Brasil
Foram nessas circunstâncias que Yohana, Micaela, Maida e mais cinco hispanas chegaram ao Brasil no início deste ano. Convocadas pelo projeto Um Ano em Missão no Centro-Oeste do Brasil, elas deixaram para trás cultura, costumes e família. Aqui, sua missão era quase a mesma do que em outros lugares: estudar a bíblia com as pessoas da comunidade, elaborar com o grupo projetos sociais que atendessem as necessidades locais, fazer amizade com as pessoas e estar à disposição para servi-las. O diferencial é que elas também estavam incumbidas de ensinarem a sua língua aos demais participantes brasileiros. “Neste ano, demos o start para algo que queremos que cresça nos próximos anos: O intercâmbio entre missionários. Essas meninas vieram pra cá com o intuito de incentivarem os missionários brasileiros a cumprirem um desafio ainda maior: o de serem missionários em terras estranhas”, explica o pastor Joni Oliveira, líder Jovem para toda a região Centro-Oeste do Brasil.
Para elas, a experiência foi marcante. “Não foi algo fácil. Eu chorei muitas vezes de saudade de casa ou por não conseguir me comunicar como eu queria. Mas, vir para cá me fez depender totalmente de Deus”, resumiu Micaela. Hoje, voltam para casa certas de que cumpriram o propósito para o qual foram chamadas e de que a missão ainda não acabou. “Foi meu primeiro ano em missão, mas espero que venham muitos outros porque eu amei estar aqui”, afirma Maida. “Enquanto eu trabalhava para Deus, longe de casa, Ele cuidou dos meus que estavam distantes”, concluiu Yohana. [Equipe ASN, Jenny Vieira]