Ministério da Mulher celebra 30 anos com live histórica em São Paulo
Evento destacou trajetória espiritual e missionária das mulheres e reafirmou seu papel transformador na igreja e na sociedade.

O bolo comemorativo percorreu quilômetros, cruzou fronteiras e chegou à celebração carregado de simbolismo para destacar os 30 anos de oração, serviço e missão exercido por elas, pelas mulheres. Assim começou a live comemorativa dos 30 anos do Ministério da Mulher da Igreja Adventista do Sétimo Dia em São Paulo, transmitida pelo YouTube no dia 25 de outubro e acompanhada em igrejas locais por mulheres de todo o estado.
Leia também:
Realizada sob o lema “Mulheres em Missão”, a live foi assistida por milhares de participantes em tempo real. Igrejas foram decoradas e fotos de bolos criativos foram compartilhados nas redes sociais. Para Telma Brenha, diretora do Ministério da Mulher para o estado de São Paulo e idealizadora da live, a festa representou um tributo ao legado construído por mulheres anônimas e líderes visionárias. “Eu só tenho gratidão a Deus. Esse evento foi a realização de um sonho e o reconhecimento de que o Ministério da Mulher é relevante e faz a diferença na Igreja. Tudo o que somos e fazemos vem de Deus”, diz.
Crescimento
O Ministério da Mulher nasceu de forma discreta, em 1995. O departamento foi oficialmente votado na União Central Brasileira (UCB), em São Paulo, a primeira da América do Sul a institucionalizá-lo. As participantes eram responsáveis por organizar eventos sociais e prestar apoio nas atividades da igreja. Com o passar dos anos, a atuação evoluiu, e as mulheres passaram a liderar projetos missionários, campanhas sociais e evangelismos. Telma lembra que viveu essa transformação desde o início. “Eu vi a mulher sair do papel de apoio para ocupar o púlpito, para pregar, visitar e dirigir semanas inteiras de evangelismo. Hoje, nada acontece na igreja sem que haja uma mulher envolvida”, explica.
De acordo com o ACMS (Adventist Church Managment System), sistema oficial utilizado pela Igreja Adventista para gerenciar dados da secretaria e tesouraria, hoje, a instituição conta com mais 171 mil mulheres batizadas, o que representa 57% dos quase 300 mil membros só no estado de São Paulo.
Muito além dos números, essa representatividade se traduz em envolvimento ativo e liderança. As mulheres estão à frente de projetos que se tornaram símbolos do engajamento feminino, como o “Mulheres em Missão”, que mobiliza grupos em ações evangelísticas e de solidariedade, e o “Quebrando o Silêncio”, campanha anual de enfrentamento à violência doméstica. Outras iniciativas também ganharam notoriedade, como os retiros espirituais, chás evangelísticos, programas como os “10 Dias de Oração”, além de campanhas sociais que resultaram em milhares de estudos bíblicos e batismos ao longo dessas três décadas.

Celebração
Segundo Fernanda Piazze, diretora do Ministério da Mulher para as regiões leste e norte da capital paulista, celebrar esses 30 anos é reconhecer uma história de desafios, dedicação e conquistas, e uma oportunidade para inspirar outras mulheres a continuarem levando esperança e o amor de Deus a mais pessoas. “O papel das mulheres na missão é fundamental. Elas atuam como líderes, intercessoras, cuidadoras, discipuladoras e, muitas vezes, sustentadoras silenciosas do ministério. As mulheres trazem sensibilidade, força e sabedoria para o campo missionário, ajudando a alcançar vidas com empatia e profundidade”, esclarece.
A importância da mulher no avanço da missão foi lembrada por Ilma Vivan, diretora do Ministério da Mulher da Associação Paulistana. “Ellen White dizia que há corações que só as mulheres podem alcançar. Essa é uma verdade viva na nossa igreja. Há 30 anos conquistamos o reconhecimento como departamento, e hoje celebramos a contribuição de milhares de mulheres que pregam, servem e amam a Deus com dedicação”, comenta.

O evento contou também com palestras ministradas pela professora Jeanete Lima, líder do Ministério da Mulher para a América do Sul, e pela neurocientista Dra. Rosana Alves. Ambas ressaltaram o papel transformador das mulheres quando se reconhecem como instrumentos de Deus. “A lei do Reino é o serviço. E quando entendemos que fomos criadas para servir, encontramos o propósito da vida”, destacou Jeanete.
Ao final da live, as líderes reforçaram o convite para que novas gerações de mulheres continuem levando esperança, fé e solidariedade às pessoas. “Esses 30 anos são apenas o começo de uma eternidade de serviço”, finalizou Telma.

Linha do Tempo
Em 1898, a norte-americana Sarepta Myranda Irish Henry, incentivada por Ellen G. White, organizou o primeiro Ministério da Mulher na Igreja Adventista. Viúva e educadora, ela viajou pelos Estados Unidos mobilizando mulheres para a missão cristã. Ellen White apoiou seu trabalho, reconhecendo que mulheres unidas e preparadas poderiam realizar uma obra tão relevante quanto a de qualquer outro departamento da Igreja.
O movimento iniciado por Sarepta no fim do século XIX lançou as bases para o envolvimento feminino na missão adventista. Décadas depois, essa visão ganharia forma estruturada no Brasil, culminando, em 1995, com a oficialização do Ministério da Mulher na União Central Brasileira. A partir daí, uma sequência de líderes consolidou e expandiu o trabalho. Confira a trajetória:
- 1995-1998 – Meibel Guedes: estruturou o departamento na União Central Brasileira, organizou os primeiros retiros espirituais e produziu materiais voltados às mulheres.
- 1999-2003 – Vanira Sarli: fortaleceu o serviço social e campanhas comunitárias, como A Criança, Longa Vida.
- 2004-2006 – Tânia Mara: priorizou a formação de líderes e o evangelismo, com 62% dos batismos resultando do trabalho feminino.
- 2007-2008 – Rosângela Mascarenhas: deu projeção ao projeto Quebrando o Silêncio e realizou grandes eventos estaduais.
- 2009-2013 – Sônia Rigoli: expandiu o evangelismo e a ação social com cursos, visitas e chás missionários.
- 2014-2018 – Irene Lisboa: promoveu o projeto Mel e outras iniciativas, com distribuição de milhões de materiais educativos.
- 2019-atual – Telma Brenha: lidera uma fase de renovação e protagonismo com o projeto Mulheres em Missão, o curso de liderança feminina e as passeatas do Quebrando o Silêncio na Avenida Paulista.
