No Brasil, cerca de 5% da população é surda e, parte dela usa a Libras (Língua Brasileira de Sinais) como auxílio para comunicação. Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) também revelam que essa porcentagem representa mais de 10 milhões de pessoas. O Ministério das Possibilidades da Igreja Adventista do Sétimo Dia não apenas reconhece a importância de possuir intérpretes nos cultos e eventos da igreja, mas também incentiva a formação de novos intérpretes. 

O curso para intérprete de Libras da União Sul Brasileira (USB), sede administrativa da Igreja Adventista para o Sul do Brasil, iniciou neste mês com 348 inscritos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As aulas são majoritariamente à distância, no entanto, no último domingo, 24, a professora de Libras, Katia Quadros, realizou a primeira aula presencial com seus alunos na igreja adventista Central de Porto Alegre. 

“Nossa intenção é desenvolver o Ministério Adventista das Possibilidades (MAP) em todo o território da USB. Isso implica ter intérpretes aptos para fazer a interpretação simultânea das programações da igreja, além de criar ações de evangelismo tanto de fora para dentro da igreja quanto para a comunidade surda”, diz Katia. 

O curso de Libras é para todos e isso ficou evidente para Katia ao se deparar com alunos de faixas etárias completamente diferentes, desde adolescentes a idosos interessados em aprender uma nova forma de se comunicar. As aulas são dinâmicas e oferecem atividades práticas para os alunos se desenvolverem naturalmente.

“A oportunidade de fazer esse curso mudou a minha visão de possibilidade de inclusão e de ministério. Ter a chance de aprender a língua de sinais, de levar aquilo que as palavras não podem levar, motiva e encanta. Estou apaixonada por esse ministério. E só tenho a agradecer pela Katia pela atenção e carinho por nós e por nos ensinar e sempre estar disponível para ajudar”, relata Aieska Rodrigues de Bagé, RS. 

Libras é uma língua de modalidade gestual-visual, reproduzida através de gestos, expressões faciais e corporais, possuindo um alfabeto e estrutura linguística e gramatical própria. Nos últimos anos se tornou cada vez mais evidente a necessidade de mais intérpretes de Libras em escolas, bancos e igrejas. 

Angélica Webber é de Erechim, RS, e percebeu a falta de inclusão para surdos em sua própria comunidade. Ao observar que apenas uma igreja em seu município possuía intérprete de Libras para os fiéis, Webber se deparou com a realidade dos surdos que não podem escolher sua própria religião pela falta de um intérprete nos cultos.  “O curso de Libras chegou como um presente para que essa realidade mude. Tem sido uma benção aprender mais do que como um aprimoramento pessoal e profissional, mas também como uma oportunidade de salvação e de levar o amor de Jesus pra uma comunidade que não pode ser esquecida na missão do Ide”, fala Angélica.

“Ao aprender Libras, os jovens se tornam mais sensíveis às necessidades da comunidade surda, promovendo inclusão e acessibilidade. Além disso, a formação de liderança do curso os preparará para liderar o ministério em todos os âmbitos, contribuindo para a construção de uma igreja mais acolhedora e inclusiva. Essa iniciativa não só fortalece a comunidade religiosa, mas também amplia os horizontes dos jovens, desenvolvendo habilidades de comunicação e promovendo a integração social”, conclui Katia.