Ponta Porã, MS...[ASN] “O que eu mais quero é estar vivo para ver Jesus voltar”, a frase faz muito sentido para qualquer cristão e até mesmo você que está lendo essa história já deve tê-la dito muitas vezes, ou, pelo menos pensado. Não há nada de surpreendente nesse desejo. Mas, dessa vez, quem disse em alto e bom som que deseja estar vivo para ver Cristo voltar foi um senhor de 103 anos de idade, nada menos que isso.

Do alto de sua mais que centenária idade – e já tendo visto e vivido de quase tudo – o “seo” Domingos garante que todos os dias pela manhã a primeira coisa que faz é ler a Bíblia – com um detalhe curioso: “sem óculos!” – sorri e aponta para a filha caçula, como se procurasse a afirmação dela para provar que o que diz é verdade, tamanho o espanto de algumas pessoas ao ouvirem o relato.

Em total domínio de suas faculdades mentais e completamente lúcido, Domingos conta pouco a pouco sua história que traz tantas peculiaridades na bagagem. O fato de ler a Bíblia sem o auxílio de lentes de grau mesmo com a já avançada idade não é o que mais chama a atenção em sua biografia. O que mais atrai jovens e adultos – até mesmo crianças – que professam a mesma fé, é que Domingos contribuiu e muito com a história do adventismo no Mato Grosso do Sul. Afinal de contas, em 2015 a igreja completará seus 100 anos de missão no estado do Pantanal, enquanto o senhor Domingos já contabiliza 103 primaveras de existência. As mãos enrugadas e um pouco calejadas, o olhar sereno, a fala mansa, rouca e levemente embargada narram a história de um dos primeiros adventistas que o Mato Grosso do Sul já registrou.

Agricultor e pecuarista e hoje, aposentado, ele relembra cada um dos filhos que teve, dos netos que viu crescer e até bisnetos e tataranetos que fazem parte da família que um dia ele começou.

“Tenho 103 anos. Durante 53 anos da minha vida fui casado com a minha doce Maria de Souza Martins. Juntos, tivemos 14 filhos (desses, 10 ainda estão vivos). Desses filhos vieram 31 netos, desses netos tivemos 29 bisnetos e desses, três tataranetos. Minha filha caçula tem 59 anos, enquanto o meu filho mais velho já chegou aos 79 anos de idade. O meu casamento com a Maria nos rendeu uma família com 77 membros e todos conhecem a mensagem do evangelho, embora nem todos a sigam, mas todos a conhecem. Conheci a mensagem adventista em uma fazenda próximo à cidade de Rio Brilhante (MS), na fazenda de uma viúva, onde um grupo de pessoas que guardavam o Sábado se reunia e ensinava”, relembra.

Ali perto, na primeira igreja adventista construída no Estado, uma igrejinha feita de pedra e madeira, aconteceu um dos primeiros batismos do Mato Grosso do Sul. E junto com seo Domingos, outras seis pessoas se batizaram naquele dia. O ano era 1934.

“Hoje sou adventista há 84 anos e no caminho para cá compartilhei a minha fé com um casal, na pequena cidade de Aral Moreira (MS), que prontamente aceitou a mensagem adventista. Além disso, cheguei a Ponta Porã já com 60 anos de idade e levei a mensagem a outras quatro pessoas que estão na igreja até hoje. Minha alegria está no Senhor e todos os dias durmo e acordo com a esperança de vê-Lo voltar à esta terra”, finaliza emocionado. [Equipe ASN, Rebeca Silvestrin]

Fotos: Deivison Pedrê

• Relato da vida de Domingos da Silva Martins, aposentado e residente na cidade de Ponta Porã-MS. Um dos primeiros adventistas registrados pela igreja no Mato Grosso do Sul.

• Em 2015 a IASD completa 100 anos de missão no Mato Grosso do Sul