Líder do Quebrando o Silêncio fala sobre abuso e violência em escola pública no RS
Mirian Jacinto discursou para crianças do 5º ao 9º ano temas abordados no projeto da Igreja Adventista ‘Quebrando o Silêncio’.
De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania 81% dos casos de abuso e violência contra crianças e adolescentes ocorrem dentro de casa. Esse dado é da ouvidoria do Disque 100 que recebeu o total de 50,1 mil denúncias apenas no primeiro semestre de 2021, das quais 40.822 dos casos ocorreram dentro de casa. O Ministério da Saúde também divulgou, por meio de um boletim epidemiológico, que registrou-se 202.948 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes em sete anos, de 2015 a 2021, no Brasil. Uma média de 80 casos por dia no período.
No dia 08 de agosto, ocorreu uma palestra sobre abuso e violência na Escola Municipal de Ensino Fundamental Luiz Loeser, em Nova Petrópolis-RS. A apresentação deu continuidade ao trabalho de conscientização "Minhas Escolhas Impactam a Vida de Outras Pessoas" que já acontecia na escola. A iniciativa surgiu de um convite da supervisora da escola, Maria Cristina Xavier, que a pedido se seus professores, trouxe a palestrante, Mirian Jacinto, líder do Ministério da Mulher e Quebrando o Silêncio na Igreja Adventista para a região norte do Rio Grande do Sul, para falar aos alunos do 5º ao 9º ano sobre o tema. Abordou-se na palestra os diferentes tipos de abusos, violência física, psicológica e sexual, bullying, e, gravidez na adolescência, tema do Quebrando o Silêncio deste ano.
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INFORMAR PARA EDUCAR
O Quebrando o Silêncio é um projeto educativo e de prevenção contra o abuso e a violência doméstica promovido anualmente pela Igreja Adventista do Sétimo Dia em oito países da América do Sul, (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai) desde o ano de 2002. A campanha do Quebrando o Silêncio busca combater, por meio da divulgação de materiais que informam e instruem a população, o abuso e violência contra crianças, adolescentes, mulheres e idosos.
“Os estudantes de ambos os turnos, tiveram um rico aprendizado sobre a importância de quebrar o silêncio sempre que se sentirem inseguros ou ameaçados. A palestrante reforçou sobre o papel da escola e, principalmente, dos pais e familiares que sejam da confiança deles, para formarem a chamada "Rede de Apoio", explica a supervisora da escola, Maria Cristina.
Segundo Mirian Jacinto. “poder conversar com esses adolescentes e crianças dando a eles o conhecimento e esclarecimento sobre o que é e quando acontecem abusos e violência, ajuda-os a buscar ajuda e quebrar o silêncio quando necessário. Precisamos esclarecer e conscientizar as comunidades e a sociedade em geral para protegê-las de qualquer tipo de abuso”, diz, Mirian.
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ORIENTAÇÃO TAMBÉM É APOIO
A palestrante comentou sobre abuso e violência se acordo com a faixa etária dos alunos. Para isso, eles se dividiram em dois turnos, um grupo no período da manhã, e outro no período da tarde. Ana Cecília Benvenuti (11) do 5º ano, participou do primeiro turno de palestras e diz que “foi bem legal e tratou de um assunto muito importante”. Para ela, “esse deveria ser um assunto já comentado em todas as escolas, porque é algo importante para a segurança das crianças. Agora quando virem (as crianças) alguma coisa acontecendo, elas vão conseguir ajudar a pessoa que está sofrendo”, expressa a aluna.
Já Fabiano Patrick Raimann (11), conta que desde muito cedo seus pais “já tinham me ensinado sobre a questão dos abusos”. Mas que ainda assim, gostou da palestra “porque ela explicou bem esclarecido e abriu bastante os meus olhos. Eu já sofri bullying quando era mais criança e minha rede de apoio era um grupinho de amigos que a gente sempre conversava sobre isso e eu conversava com meus pais”, fala o aluno.
Outro aluno, Vicente Chagas (11), destaca que a palestra foi “nota 10! Muito interessante, só abriu mais o conhecimento sobre o assunto. Eu já tinha visto em reportagens, notícias e vídeos, mas nunca vi uma palestra tão aprofundada no assunto. O que eu achei diferente é que eu não sabia totalmente todos os tipos de abuso. Sabia mais ou menos sobre o abuso sexual”, conta.
O SABER É AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO
Durante cada palestra os alunos tiveram participação ativa por meio de perguntas e compartilharam suas contribuições sobre as temáticas. Para a aluna Rafaela Malheiros (12) o tema “mais interessante de abordar, foi principalmente, sobre a violência psicológica, porque atualmente existem pessoas que são tóxicas nas escolas.” Felipe de 12 anos, “não sabia que violência psicológica era abuso.” Já Maria Gacopsee (12), acha os pais também têm uma parcela de culpa, pois “muitas vezes o abuso psicológico sofrido é por causa deles ou por causa de parentes”, justifica.
Outra colega da turma, Maria Eduarda Rüchel (12), complementa dizendo que “muitos adolescentes sofrem essas situações e se escodem e sofrem muito, por medo dos pais julgarem também", acrescenta. Por outro lado, Mel Lemos (15) acredita que a prevenção é a melhor escolha. Para ela, deve-se "falar esse tema normalmente em todos os lugares, por ser algo que a gente vive no dia a dia. Quanto mais falarmos, melhor será melhor para a prevenção", conclui.
Ao final da palestra, Mirian distribuiu revistas do Quebrando o Silêncio 2023 para todos os alunos.
UM ESPAÇO PARA ACOLHER
Ezra Cristina Da Silva, é professora de música na escola e acompanhou a palestra no segundo turno com seus alunos. Ela considera que “a escola é um lugar de abertura para tratar esses assuntos de forma coletiva, porque de forma individual eu acho que eles não se abririam. Aqui eles podem refletir e, através dessa reflexão terem um domínio maior de quem eles são, para construírem uma autoestima mais elevada e que possa se fortalecer, para que quando passarem por alguma dessas dificuldades poderem pensar e acionar os órgãos competentes ou até mesmo em casa, buscando abertura para falar do assunto”, defende.
Em concordância, Maria Cristina, observa ser de grande relevância para a sociedade e dentro das escolas o tema. Principalmente, “porque é na escola que eles acabam trazendo muitas situações que acontecem dentro de casa, no dia a dia. E é aqui que eles encontram acolhimento para suas dores, que muitas vezes lá fora eles não têm confiança nas pessoas. Com uma equipe escolar sintonizada, atendemos as crianças com o mesmo objetivo. Não só no ensino, mas emocionalmente também. Por isso buscamos o Quebrando o Silêncio, que reforça esses valores para eles”, enfatiza a supervisora.