Jovem missionária relata os desafios da busca pela comunhão
O reconhecimento por trás dessa realidade vem de uma experiência pessoal que a acadêmica de odontologia e missionária, Bruna Dalpério, teve, aos 21 anos
“A gente pode fazer missão, trabalhar para Deus, fazer diversas coisas dentro da igreja, podemos, inclusive, ser bons pregadores, sem ter, necessariamente, uma comunhão contínua com Deus. Porque todas essas coisas a gente aprende a fazer frequentando a igreja, mas, muitas vezes, fazemos sem buscar verdadeiramente a presença de Deus”. A frase é dura. Mas, o reconhecimento por trás dessa realidade vem de uma experiência pessoal que a acadêmica de odontologia e missionária, Bruna Dalpério, teve, aos 21 anos e somente depois de uma vida inteira dentro da igreja. “Eu sempre sonhei em ter um relacionamento contínuo com Deus, assim como Daniel, que orava todos os dias e era muito amado por Ele. Sempre almejei isso. Eu não queria viver um ‘vai e volta’, ou seja, em um momento estou bem e em outro, nem tanto”, conta.
De acordo com Bruna, apesar de ter nascido em um lar adventista, essa foi sua realidade por muito tempo e, mesmo tendo a experiência de viver em missão além-mar no país Guiné-Bissau, na África Ocidental, esse ponto em sua vida não havia mudado. “A missão não tem esse papel, por mais que ela possa ajudar em um ponto importante, ela não transforma a nossa comunhão. Esse trabalho é fruto do Espírito Santo e da busca por Ele”, acrescenta.
Para ela, o divisor de águas em sua vida espiritual foi um presente dado pelo pastor de sua igreja. “No último ano acredito que o pastor Francisco Chagas, nosso líder, percebeu essa minha necessidade de uma comunhão maior com Deus e me deu de presente o livro ‘Passos para o reavivamento espiritual’, pediu que eu lesse e que não o compartilhasse até que tivesse realmente o aplicado em minha vida. Durante a leitura, entendi que o Espírito Santo é o maior presente que Jesus nos deixou depois que foi ao céu”, recorda.
Ainda segundo a acadêmica, foi também através dessa leitura que ela constatou que precisava mudar a maneira com que ‘pedia’ em oração a Deus por suas necessidades. “Eu sempre pedia a Deus por paciência, empatia com as pessoas, enfim, pedia por várias coisas e não está errado pedir. O problema é que a gente esquece de pedir por quem é o doador de todas essas coisas, pois quem concede todos esses dons é o Espírito Santo. Foi assim que minha vida de oração mudou e entendi que o pedido mais importante de todos a Deus é a oração constante pelo Espírito Santo, porque é Ele quem é o responsável por efetuar toda e qualquer mudança em nossas vidas”, enfatiza.
Foi então que a missionária percebeu uma mudança crescente e real como nunca havia experimentado. “Quando comecei a orar pelo Espírito Santo eu passei a entender, de fato, o que isso causa gradativamente em nossas vidas. Meu dia começa e termina com Ele. Antigamente, por exemplo, eu orava a Deus pedindo paciência. Hoje, oro pelo Espírito Santo e é Ele quem me dá paciência”, pontua.
Missão e comunhão
Após duas missões, muitas histórias na bagagem, voluntariado em amor ao próximo e a compreensão do que é a amizade genuína com Cristo, a universitária garante que sente ainda mais forte a responsabilidade de continuar em missão dentro e fora do país, principalmente no local onde vive. “Hoje, vejo a missão com mais amor e responsabilidade que no começo. Por exemplo, há um tempo atrás eu estava em um processo de estudo da Bíblia com uma amiga minha e, no meio do caminho, havia essa busca pessoal por uma comunhão mais intensa com Deus e pensei: ‘Estou guiando ela por um caminho que ainda não trilhei’, como farei isso?’ Afinal, sou responsável por ela”, questionava-se. Hoje, a resposta é clara. "Agora, entendo que minha comunhão pessoal com Deus é uma crescente. Eu oro pelo Espírito Santo acreditando que ele vai me transformar e é o que acontece. Hoje, me sinto muito mais calma e em paz por ter um relacionamento real e contínuo com Deus", analisa.
A jovem destaca ainda que a maior diferença vem de dentro da própria casa, das análises e julgamento de quem mais a ama e conhece. “Sei que estou longe do ideal, mas minha oração constante é para que a minha família veja Deus em mim, primeiramente, pois são eles que conhecem todos os meus defeitos e sabem qual é o meu pior lado. Então, se eles perceberem a diferença em minha vida, é porque isso já é uma realidade”, finaliza.