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Comportamento

Igreja alerta famílias do RS sobre uso excessivo de telas na infância e adolescência

Programa "Tudo começa em casa", realizado neste mês de maio, também oferece alternativas para fortalecer e resgatar vínculos familiares.


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Ricardo e Andressa têm buscado conhecimento para manter o lar como um espaço seguro para o pequeno Davi (Foto: Divulgação)

Não é de hoje que a Andressa e o Ricardo Gomes pensam em como educar melhor o filho, o pequeno Davi. Eles entendem que investir em uma boa escola e ensinar princípios morais é importante, mas não o suficiente. Para o casal, é no dia a dia em casa, com diálogo, escuta, acolhimento e segurança emocional, que se constrói um ambiente saudável - um espaço onde o filho possa crescer com confiança, desenvolver vínculos fortes com a família e, no futuro, conquistar sua devida autonomia.

"A parte da educação afetiva é a que eu mais me encanto, porque a gente tenta utilizar dessa forma em casa, trabalhando com os sentimentos, colocando nomes neles, explicando para o nosso filho o que é que ele está sentindo, mas também deixando ele se expressar, abrindo para que haja bastante diálogo na nossa família... Claro que não é fácil. Às vezes, como pai e mãe, a gente erra também, mas tentamos colocar isso tudo em prática", revela Andressa.

Com essa preocupação em mente, o casal aproveita cada oportunidade que possui para aprender com especialistas sobre o que fazer para tornar esse processo educacional cada vez mais efetivo. Foi por esse motivo que toda a família participou de um programa chamado de “Tudo começa em casa”, promovido nos fins de semana do mês de maio pela Igreja Adventista do Sétimo Dia no Rio Grande do Sul. A iniciativa é fruto de parceria entre os Ministérios da Criança e dos Adolescentes, além das áreas de Família e Evangelismo.

O evento, que ocorre em edições regionais – e teve a primeira edição em Porto Alegre –, aborda os impactos do uso excessivo de telas no desenvolvimento das crianças e no relacionamento dentro do lar.

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Pais e filhos tiveram momentos lúdicos de interação e reflexão entre as palestras. (Foto: Willian Vieira)

"Essas palestras feitas aqui ajudam a gente a refletir sobre o quanto a tela do celular [e de outros dispositivos] pode ser ruim e, também, sobre o tempo que a gente perde e deixa de conviver com a família, no caso, um tempo de qualidade que deveria existir com filho, esposa... Isso atrapalha tanto o desenvolvimento, quanto o convívio", destaca o pai do menino.

Momento para ouvir e dialogar

A líder do Ministério da Criança e do Adolescente, Samara Zabel, explica que o formato do programa foi feito para gerar um momento de discussão e avaliação em torno do aprendizado em família. “[Nós] trazemos aqui uma proposta de ouvir, ser ouvido e trabalhar em família, tanto que depois das palestras, eles têm um momento para analisarem o que ouviram, aprenderam e também sobre o que podem melhorar na família, além de orarem por isso. Nossa intenção é que eles se conectem entre si e com Deus”, ressalta.

A iniciativa reuniu convidados das áreas da educação, psicologia e religião, que trouxeram reflexões profundas sobre os desafios enfrentados pelas famílias atualmente. A proposta foi oferecer orientações práticas e conselhos baseados em princípios bíblicos, já que o tema da família é uma das ênfases centrais em toda a narrativa das Escrituras.

Palestrantes recomendaram diminuição drástica no uso de telas e aumento de atividades presenciais que estimulem a mente e o corpo. (Foto: Willian Vieira)
Mais presencial, menos virtual

O professor e doutor na área de Psicobiologia, Adauto Garcia Júnior, trouxe informações úteis em relação ao que pode ajudar ou prejudicar as relações em um lar. “A família precisa incentivar mais interações reais [presenciais] do que virtuais, ou seja, deixar o celular fora dos momentos em família, das refeições em conjunto e ter mais atividades lúdicas, como jogos de tabuleiro, por exemplo... Nos primeiros anos, é necessária uma presença maior do pai e da mãe atendendo necessidades, dando um senso de pertencimento e criando um vínculo emocional forte e de proximidade", recomenda.

Ainda sobre esse assunto, Júnior trouxe dicas de atividades e comportamentos que podem amenizar os prejuízos daqueles que, talvez, já estejam lidando há tempos com o uso excessivo de telas. “A atividade física é essencial, já que criança que fica no sofá jogando no celular ou no videogame perde desenvolvimento físico importante e que possui impacto direto no cérebro; a leitura de livros físicos; o aprendizado de um instrumento musical e o contato com a natureza que, conforme pesquisas, pode ajudar na restauração de conexões cerebrais e também amenizar um pouco dos prejuízos do distanciamento nos relacionamentos devido ao descontrole e falta de critério no uso de telas”, pontua Júnior.

Ainda nesta linha, a professora e doutora na área de educação, Thalita Silva, acredita que é preciso ressaltar o papel moral e espiritual que os pais possuem no contexto familiar. “Eu acredito que temos que resgatar, acima de tudo, a ideia de que os pais representam a Deus no desenvolvimento saudável de uma criança. Isso por meio do amor, da confiança, obediência, porque essa visão será transferida para o Criador”, aponta a educadora.

Meninas puderam dialogar com uma psicóloga sobre perigos que rondam a adolescência, em especial, nas redes sociais e internet. (Foto: Willian Vieira)
Perigos da internet

O programa também incluiu atividades específicas para diferentes faixas etárias. Crianças participaram de dinâmicas em família, favorecendo a interação e aprendizado conjunto. Já os adolescentes foram divididos por gênero para conversas em ambientes separados com adultos, onde foi trazidas orientações para o cotidiano e prevenção de conteúdos impróprios, muitas vezes acessíveis com facilidade na internet.

A psicóloga clínica e escolar, Jamile Zinn, que conduziu o momento com as meninas, reforça que, se o objetivo é proteger a família, não se pode deixar as crianças sem monitoramento contínuo. “Os pais precisam acompanhar os filhos em tudo, inclusive nos aplicativos que eles têm baixado no celular, monitorar o tempo, senão ficarão sem limites. A gente sabe que, dentro de casa, eles acabam tendo um portal de abertura para muitos conhecimentos nas redes sociais, nos dispositivos eletrônicos e isso precisa ser realmente levado em consideração”, conclui.

Confira algumas fotos da edição realizada em Porto Alegre:

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