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Evangelismo

Igreja Adventista no sul de Minas Gerais e Zona da Mata inaugura Instituto de Missões e reacende um legado de fé no coração do estado

Fruto do projeto “Em cada cidade uma igreja”, novo centro visa formar missionários para alcançar cidades ainda sem presença adventista no maior desafio evangelístico da Igreja Adventista para o sudeste brasileiro.


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Inauguração contou com a presença de todo o corpo ministerial do território do sul de Minas e zona da mata, além dos líderes da Igreja nos estados de MG, RJ e ES
Inauguração contou com a presença de todo o corpo ministerial do território do sul de Minas e zona da mata, além dos líderes da Igreja nos estados de MG, RJ e ES. Imagem: Fernando Gomes

Na última quarta-feira (21), o Capim Roxo, zona rural de Caparaó (MG), tornou-se palco de um dos momentos mais significativos da história recente da missão adventista no sudeste do país. Com grande emoção, foi inaugurado o Instituto Adventista de Missões. Este centro de treinamento é uma iniciativa da União Sudeste Brasileira em parceria com suas 10 Associações, e liderado pela Associação Mineira Sul.
O Instituto nasce com um objetivo claro: formar missionários preparados para plantar igrejas em regiões ainda não alcançadas pela mensagem adventista, especialmente nas mais de 140 cidades do Sul e Zona da Mata de Minas que ainda não têm presença da Igreja: o maior desafio evangelístico no sudeste brasileiro. A nova estrutura conta com sala de aula revitalizada, dormitórios com capacidade para 30 alunos, refeitório e centro de vida saudável.
Durante a cerimônia, o presidente da AMS, pastor Valdomiro Alves, destacou a relevância histórica do local e a urgência da missão: “Esta terra foi doada por um pioneiro, o irmão José Garcia, que entregou sua vida, seus bens e sua fé para o avanço da obra. Aqui já funcionaram escolas, orfanato, acampamentos, mas por um tempo, tudo ficou em silêncio. Hoje, estamos devolvendo propósito a este solo. Com este Instituto, estamos preparando obreiros para ir onde a Igreja ainda não chegou. E eu creio que com oração, preparo e consagração, vamos conseguir.”
A primeira aula foi ministrada pelo pastor Alexandre Carneiro, secretário da Igreja no sul do estado, que explicou a proposta pedagógica do programa. O curso missionário tem a duração de cinco intensivas semanas, em regime integral, com aulas diárias das 7h30 às 17h30. Ele é dividido em cinco eixos de formação: “Trabalharemos a base espiritual, habilidades de liderança, ferramentas práticas de missão, apoio ministerial e saúde integral. Queremos formar plantadores de igrejas conscientes do chamado e preparados para cumprir sua missão com excelência.”, afirma o secretário.

Aula inaugural ministrada pelo Pastor Alexandre Carneiro, secretário ministerial da Associação Mineira Sul. Imagem: Fernando Gomes

Entre os alunos da primeira turma está Renato Lacerda, um capixaba que deixou seu estado, para ajudar a evangelizar o Sul de Minas: “A minha maior motivação é sentir a necessidade de alcançar vidas para o reino de Deus, assim como eu fui alcançado. É um privilégio tremendo fazer parte é do povo que aguarda a volta de Jesus. Então eu sinto a necessidade de levar isso à frente. Essa é a minha maior motivação”.
A inauguração contou com a presença das lideranças das 10 sedes regionais da Igreja que compõem a USEB, representando o apoio coletivo de todo o território sudeste ao projeto. O presidente da União, pastor Hiram Kalbermatter, expressou gratidão e visão para o futuro: “Há pouco mais de um ano, 350 municípios mineiros ainda não tinham presença adventista. Hoje, esse número caiu para 280 graças ao projeto ‘Em Cada Cidade Uma Igreja’. Mas quase metade dessas cidades estão aqui, no sul de Minas. Este Instituto foi criado para acelerar esse processo. Será uma escola missionária para toda a nossa União. Vai preparar líderes para plantar igrejas, revitalizar comunidades e alcançar lugares urbanos ainda carentes do evangelho. Estamos reformando o passado para cumprir o propósito original: enviar missionários para toda a União e, quem sabe, para além dela.”
Durante a programação de inauguração, um momento tocou o coração de todos os presentes. Diante da comunidade e amigos, duas pessoas desceram às águas batismais: o pintor Elivanaldo Araújo, que ajudou a construir o Instituto, e sua namorada, que foi tocada pela mensagem ao ver a transformação de vida dele.
Elivanaldo compartilhou: “Eu cheguei aqui como trabalhador da obra. Nunca tinha tido contato com a Igreja Adventista. Mas um colega de serviço falava de Jesus todos os dias. Aquilo foi mexendo comigo, até que comecei a estudar a Bíblia. Hoje, estou aqui, nas águas, entregando minha vida a Cristo". E o mais lindo é que minha namorada também tomou essa decisão. Nosso lar começa novo, com Cristo no centro.”, declara.

"Eu estou muito feliz, sou grato a Deus por a luz ter sido me revelada. A minha mente foi aberta, meus olhos foram abertos e hoje eu sei que é a decisão correta que eu tomei na minha vida", relata Elivanaldo. Imagem: Fernando Gomes

A emoção foi visível. Muitos choravam em silêncio. Outros levantavam as mãos em louvor. Era como se o Capim Roxo, com toda sua história, estivesse mais uma vez cumprindo sua missão: ser um lugar onde vidas encontram o Salvador. A partir de agora, este solo consagrado pela fé, pela educação, pelo acolhimento e pela missão, segue sua jornada como berço de novos discípulos e esperança para cidades ainda não alcançadas.
Afinal, o Capim Roxo foi, é, e continuará sendo um lugar para salvação.

Capim Roxo: um solo missionário desde 1914

Primeiras instalações do local onde atualmente é o Instituto Adventista de Missões, no Capim Roxo. Imagem: Divulgação

A história de Capim Roxo se entrelaça com os primórdios da Igreja Adventista na região. Em 1914, com a chegada da linha férrea, a família Veiga se estabeleceu na área. O patriarca se converteu e batizou José Garcia Filho, que, cheio de fervor missionário, construiu uma pequena igreja em suas terras e doou parte da fazenda para a obra.
Em pouco tempo, o espaço se expandiu e se transformou na Escola Mineira Adventista (EMA), que chegou a atender 70 alunos internos e oferecia, além do ensino acadêmico, aulas de colportagem, enfermagem, agricultura, culinária e preparação espiritual. O local era conhecido como “uma escola modelo”.
Nos anos 1960, passou a funcionar o Lar dos Meninos, um orfanato mantido pela ASA (Assistência Social Adventista), com apoio internacional. O Capim Roxo também se tornou ponto de encontros espirituais: acampamentos, congressos e semanas de oração que marcaram a juventude adventista por décadas.
Na década de 1990, o missionário Lair Fernandes e sua esposa Adriana iniciaram um processo de revitalização da missão local. Em 1992, os evangelismos de Semana Santa voltaram a ser realizados com impacto crescente. A comunidade foi, aos poucos, alcançada por meio de ações sociais, visitas e conferências.
O Centro Adventista de Treinamento e Recreação (CATRE) foi inaugurado em 1996. O espaço passou a receber grandes eventos da Associação Mineira Sul, como Camporis, treinamentos, retiros e encontros missionários. O local se firmou como sede estratégica para o discipulado de líderes jovens, desbravadores e aventureiros, sendo palco de cursos, congressos e convenções.
Nos últimos anos, o Capim Roxo continua escrevendo sua história. Em 2023, passou por reforma e, em 2024, foi palco de diversos eventos, incluindo o Encontro Missionário da Mulher Adventista e o retiro de carnaval.
Durante a Semana Santa de 2025, mais de 100 visitantes participaram dos cultos. A aula inaugural do Instituto, realizada no dia 21 de maio, simbolizou uma nova fase do Capim Roxo, agora preparado para continuar sendo, como define sua comunidade, “um lugar para salvação”.