IASD Pênfigo realiza ação social em ONG que atende crianças vítimas de abuso sexual
A ONG existe há cinco anos e são 20 casas de apoio espalhadas pelo Brasil.
Campo Grande, MS… [ASN] Nos olhos pequenos era possível ver o brilho de quem recebe amor e carinho como algo que até um tempo atrás não fazia parte da rotina deles. Crianças de 0 a 12 anos, meninos alegres, saudáveis, enérgicos, mas com uma história triste em comum: o abuso sexual e a violência doméstica.
Essa é a história de 30 crianças que fazem parte da ONG “Meninos e meninas dos olhos de Deus”, em Campo Grande – MS. No último fim de semana a ONG recebeu a visita de membros da igreja adventista do Pênfigo, através de um projeto social criado pelo Ministério da Mulher da igreja, em parceria com o Clube de Desbravadores (Cosmos) e de Aventureiros (Cosmos Kids). Juntos, os membros entregaram diversas cestas recheadas com frutas e legumes, presenteando as crianças com a alimentação saudável.
“Nós estamos maravilhados com a iniciativa da igreja, recebemos várias doações de alimentos de outras instituições, mas, em geral as doações são de arroz, feijão, açúcar, sal, etc. Frutas e legumes não recebemos e geralmente falta no cardápio deles, por isso é um presente e tanto”, comenta Zuleica Marques, coordenadora do projeto.
O projeto nasceu no Nepal, segundo conta Aluisio Marques, marido de Zuleica e coordenador da ONG junto com a esposa. “O médico missionário José Rodrigues, da igreja Missão Cristã Mundial, foi ao Nepal a serviço e se deparou com a triste história de crianças vendidas para prostituição. A pobreza do país levava os pais a venderem os filhos por míseros centavos e foi quando o doutor José se deparou com a história de uma menina de oito anos, violentada por mais de 20 homens por conta desse mercado negro”, conta.
A história triste da criança deu ao médico a ideia de criar uma ONG que cuidasse dessas crianças. A igreja no Brasil começou então a destinar dinheiro de vendas de CDs – inclusive o grupo gospel Diante do Trono destinou a verba da venda de um de seus DVDs para o projeto no Nepal – e a partir disso nasceu a ONG. De lá pra cá foram anos de cuidados e histórias de vidas transformadas.
Aqui no Brasil a ONG existe há cinco anos e são 20 casas de apoio espalhadas pelo Brasil. Em Campo Grande existem três casas: duas atendem meninas vítimas de abuso sexual, de 0 a 18 anos, e uma delas – a casa que recebeu a visita da igreja – atende apenas meninos, em sua maioria crianças menores de 10 anos.
O pastor Eliézer, líder da igreja do Pênfigo, acompanhou a visita, deixou uma mensagem de esperança às crianças e orou com elas. Perto da hora de ir embora, um dos meninos da casa observou por alguns instantes os aventureiros vestidos com a camiseta do clube e comentou com alegria típica de criança: “Eu já fui aventureiro”. Quando questionaram o autor da frase, o menino Leandro Soares, de oito anos, sobre o que ele achava do clube, rapidamente respondeu: “Muito legal!”. Mais uma prova de que laços e princípios ensinados nos clubes são mesmo eternos não importando a situação da vida, uma criança sempre lembra o que de bom lhe é ensinado.
A visita
A ideia de visitar a ONG surgiu depois que Janete Gonçalves, secretária do clube de aventureiros, viu uma matéria em um jornal da cidade que falava sobre o projeto. “No início do ano visitamos uma casa de idosos e levamos material de higiene e, resolvemos agora visitar um abrigo de crianças e levar os aventureiros e desbravadores para fazer essa interação”, explica.
A visita e a entrega das cestas rendeu sorrisos sinceros também de quem encabeça o projeto. “Uma iniciativa linda da igreja, de encher os olhos. O que mais me impressionou aqui foi a maneira com que eles entregaram as cestas, tudo tão bem organizado e limpo. Esse é um projeto muito especial da igreja de vocês”, comenta a coordenadora Zuleica.
O projeto
Todos os anos o Ministério da Mulher da IASD Pênfigo, de Campo Grande, realiza um culto de ação de graças no fim do ano, para agradecer a Deus pelas atividades e o desempenho do departamento ao longo do ano. “Como forma de gratidão a Deus trazemos até o altar os frutos da terra, que Ele nos dá, para agradecÊ-lo pelas bênçãos concedidas. E depois entregamos essas frutas e legumes em cestas para uma instituição especial, dessas vez foi a ONG que cuida tão bem dessas crianças”, comenta a diretora do Ministério da Mulher, Márcia Marques.
As cestas foram dividias entre as três casas, para que todos pudessem desfrutar. Mas o que marcou cada membro ali presente foi o sorriso no rosto de cada menino, que denunciava um agradecimento sincero de quem ganhou uma nova chance na vida. “Fiquei muito feliz em ver a repercussão dessa ação da igreja, olhando para eles aqui temos a certeza de que esse é um projeto que tem que ser levado adiante”, ressalta Márcia.
Hoje, muitas crianças que foram atendidas pelo projeto, cresceram e são administradoras das mesmas casas de apoio ao redor do país. “Muitas de nossas crianças se formaram e trabalham muito bem também em prol do projeto que as resgatou”, lembra Aluisio e conta ainda que atualmente a ONG "Meninos e Meninas de Deus", em Campo Grande, conta com 20 funcionários. “São mães sociais, cozinheiras, faxineiros, psicólogos, assistentes sociais, motoristas, entre outros, todos somam forças para que o projeto não deixe de existir”, diz.
O projeto recebe apoio da Prefeitura Municipal, mas a maior parte da renda para manutenção das casas vem mesmo de doações. “Recebemos doações e realizamos bazares para manter os três lares e acredito principalmente que a ONG só existe pela graça de Deus que sustenta cada uma dessas pessoas”, finaliza Zuleica. [Equipe ASN, Rebeca Silvestrin]
Fotos: Deivison Pedrê