Notícias Adventistas

Eventos

Histórias de discipulado: “Igreja não começa com tijolos, mas com gente”, declara presidente da ULB

Encontro com mais de 2 mil líderes de PG inspira o discipulado e o relacionamento como carro-chefe da igreja, em Salvador (BA).


  • Compartilhar:

Crescer e avançar sempre foi um dos objetivos da igreja. Mas, antes de pensar em templos de concreto, esse movimento expansivo tem, cada vez mais, voltado sua atenção para algo que irá perdurar além das paredes: as pessoas. Por isso, a Igreja Adventista do Sétimo Dia na Bahia e em Sergipe entende que seu futuro passa pela formação e multiplicação de discípulos através de uma rede de pequenos grupos, projeto que é chamado de PG My Life.

Todos os líderes e coordenadores de PGs receberam materiais de apoio, com conteúdos e orientações para inspirá-los nessa visão. (Foto: Sara Verneque)

Foi assim que Nadjanara, uma adolescente de 17 anos, encontrou na comunidade do pequeno grupo uma segunda família. “Minha semana é bastante difícil e atarefada. Mas, quando chega perto de sexta à noite e eu lembro que tenho PG, já me sinto bem mais animada. Eles são como uma família para mim”, compartilha. Sob a orientação e o acolhimento de Clemildes, diretora de PG, Nadjanara foi discipulada para atuar em diversos ministérios da igreja, entre eles o PG Teen Hope Conect. “Quando nos encontramos pela primeira vez na igreja, toda a classe se apaixonou por ela e ela por todos nós. É uma menina muito empenhada e cheia de energia. Sinto orgulho em vê-la liderando esses adolescentes”, confessa a diretora. O resultado disso? Através do PG e dos relacionamentos gerados ali, Nadjanara foi batizada no dia 30 de janeiro de 2021 e se tornou a primeira adventista de sua família.

Uma igreja feita de gente

Este é apenas um dos muitos testemunhos compartilhados durante a Convenção de Pequenos Grupos, que reuniu mais de 2 mil líderes da região metropolitana de Salvador no último sábado (25), com o objetivo de unir a igreja em um único propósito: expandir através de pessoas. Para o pastor Moisés Moacir, presidente da IASD para Bahia e Sergipe, o discipulado é mais do que um programa; é um convite para a vida em comunidade, um chamado para caminhar juntos. “A construção de uma igreja não começa com tijolos e paredes, mas com gente, conquistando pessoas e fazendo amizade com elas. Aliás, esse foi o método de Cristo”, afirma.

Durante o encontro, o pastor Manoel Conceição, líder do Ministério Pessoal para região metropolitana de Salvador, também destacou o movimento agregado às frentes da igreja no alcance dessas pessoas, através do envolvimento do evangelismo feminino, dos desbravadores, dos aventureiros, dos adolescentes, das crianças, entre outras áreas da igreja. Ele também ressaltou que "75,6% dos PGs na Associação Bahia estão integrados com as Unidades de Ação da Escola Sabatina. Essa junção reforça a união da igreja focada em discipular".

O presidente da ULB também destacou que "os pequenos grupos aumentam exponencialmente o número de evangelizadores". (Foto: Sara Verneque)

Leia também:

"Cada um cuida de um"

O processo de discipulado pode ser diferente para cada pessoa, mas os resultados mostram que o relacionamento horizontal, singular e multiplicativo é a chave para seu sucesso, como explica Cailane Aragão. Como sonoplasta, ela foi convidada a dar suporte durante uma das reuniões sobre liderança de pequenos grupos e, ali mesmo, nos bastidores, acabou se interessando pelo projeto.

A partir de então, Cailane passou a participar de um protótipo no ano passado até fundar seu próprio PG, o qual lidera hoje com muita paixão. "Em nosso PG, temos 15 membros e o propósito é que cada membro traga um amigo para nossas reuniões e confraternizações. Quando cada um cuida de um, conseguimos dar atenção a todos. É muita responsabilidade, mas muito gratificante", conta ela. Já pensando em passar essa "tocha" adiante, Cailane também conta com a ajuda de um líder associado que está sendo preparado para liderar seu próprio PG um dia e dar continuidade ao movimento.

Ao fim do evento, pastores da Associação Bahia reafirmaram um compromisso com os líderes de PG em ajudá-los nesta abordagem discipuladora. (Foto: Sara Verneque)

Dona Josefa e seu legado

Mas há quem viva o discipulado há décadas e não pretenda parar. Dona Josefa Oliveira, aos 76 anos, é adventista há 40 anos e atua como líder de pequeno grupo. Mesmo com o forte desejo de levar o máximo de pessoas a Cristo, Dona Josefa tem um sonho antigo por trás do seu discipulado. "Eu faço o culto em casa por causa do meu esposo, que não quer ir à igreja. Orei por ele por uns 25 anos para que deixasse a bebida e aceitasse Jesus. Graças a Deus, ele já deixou a bebida, mas continua relutante quanto à igreja", revela.

Diante do desafio, Josefa não desistiu e tomou a decisão de aproximar a igreja de seu marido, abrindo uma classe bíblica em sua casa todas as quintas-feiras. "Eu disse a ele que, já que ele não quer ir à igreja, eu trago a igreja para casa. Porque tem gente que não se aproxima da igreja, mas se aproxima de pessoas”, relata com um sorriso no rosto. Ela conta que, hoje, seu marido chega a sentir falta quando a classe é adiada, e está cada vez mais aberto a estudar a Bíblia.

Enquanto aguarda a decisão do marido, Josefa tem ajudado outros interessados no batismo. Em março deste ano, duas pessoas foram batizadas ali mesmo em sua casa, pessoas que receberam estudo bíblico por meio de Josefa. (Foto: Sara Verneque)

Virando a cadeira

Histórias como as de Nadjanara, Cailane e Clemildes reforçam a visão de uma igreja que vive de relacionamentos frutíferos, pessoas que cuidam de pessoas. Durante o encontro de líderes de PGs, o pastor Charles Fabian, professor do Seminário Adventista Latinoamericano de Teologia (SALT) no Centro Universitário Adventista do Nordeste (UNIAENE), reforçou essa visão ao afirmar que "o caminho do discipulado acontece quando uma vida muda outra vida". Ele ainda destacou que o método discipulador de Cristo garante essa troca na proporção de um para um, observando que, na igreja, estamos acostumados a enxergar a nuca do irmão, enquanto no PG viramos as cadeiras de frente uns para os outros.