Notícias Adventistas

Educação

Há 120 anos, surgia primeira escola adventista no Brasil

Início ocorreu na cidade de Curitiba, onde foi erguida primeira escola adventista. Série da TV Novo Tempo resgata essa história


  • Compartilhar:
Segundo prédio do Colégio Internacional: pioneirismo em tempos desafiadores.

Segundo prédio do Colégio Internacional: pioneirismo em tempos desafiadores.

Rua Paula Gomes, 290. Foi nesse endereço, no centro de Curitiba, no dia 1º de julho de 1896, que teve início as atividades da Educação Adventista no Brasil. Aquela primeira instituição nasceu pequena, e teve como primeiro nome “Colégio Internacional”. Funcionava em uma casa de grandes janelas, próximo ao passeio público, a biblioteca municipal e as residências da elite curitibana daquela época. Pouco a pouco, aquela primeira instituição ganharia corpo, e se expandiria, não apenas na capital paranaense, mas em todo o país, resultando numa rede de educação que, somente no Brasil, conta com 316 unidades educacionais e com mais de 211 mil alunos.

Leia também:

A história do Colégio Internacional, bem como as demais histórias que marcam o início da educação adventista nas oito regiões administrativas do país para a Igreja Adventista (Sul, São Paulo, Sudeste, Centro-Oeste, Leste, Nordeste, Norte e Noroeste), integram a produção de uma série de documentários especiais da grade educativa da emissora. A versão completa da série 120 anos: passado, presente e futuro, composta por oito episódios, já está disponível no site novotempo.com/educacao.

O começo de uma história      

A primeira unidade escolar adventista do Brasil se manteve até a atualidade e hoje carrega o nome de Colégio Adventista do Bom Retiro, mantendo-se no centro da capital paranaense, próximo ao edifício onde tudo começou. No seu pioneirismo, o Colégio Internacional teve como primeiro diretor o professor Guilherme Stein Júnior, primeiro converso ao adventismo e batizado pela igreja no Brasil. Ele, que veio de Piracicaba a Curitiba com o objetivo de dirigir a instituição, havia estudado em um colégio que também possuía o título Internacional. A história relata que esse pode ter sido o motivo da primeira escola adventista carregar esse nome durante os anos iniciais. Mas, uma outra explicação, é o fato de que, desde o seu início, aquela primeira instituição possuiu ensino bilíngue, em português e alemão - o que era um atrativo singular, e que logo chamaria a atenção da população curitibana.

Veja um pouco da história em vídeo (teaser de chamada da série especial do programa Educação, da TV Novo Tempo:


O doutor em Educação, Renato Gross, é autor do livro que conta a história dessa primeira escola. Ele fala da possibilidade do Colégio Internacional ter sido um dos Colégios com a melhor metodologia de todo o país. “Na virada do século, uma criança levava, em média, dois anos para ser alfabetizada. O Colégio Internacional adota, nesse período, a metodologia do professor Felisberto de Carvalho, e com aquele método fonético revolucionário, em questão de poucos meses, a criança já estava lendo”. A escola que presava por uma exímia educação, era, também, pautada em uma filosofia cristã – e não simplesmente confessional, mas, puramente adventista. Para se adequar a política educacional do período, que exigia que as escolas funcionassem aos sábados, o Colégio Internacional ministrava apenas as aulas de religião nesse dia, em forma de Escola Sabatina, e não apenas os alunos, mas de forma aberta, para que as famílias também pudessem participar.

Educação redentora

E um fato curioso dessa escola que caminhava junto com a igreja, era o seu propósito. Segundo o doutor em história da Educação, Douglas Menslin, o surgimento do Colégio Internacional no Brasil possui características que distinguem o pioneirismo da educação adventista em outros locais do mundo: “Nos Estados Unidos, berço do adventismo, a primeira escola só vem surgir quase 10 anos após o início da igreja, e se partimos do desapontamento, ou seja, o embrião da Igreja Adventista, são mais de 30 anos. Então percebemos que a escola surge por uma necessidade. No Brasil, o processo é diferente. A escola já nasce junto com a igreja. Até meados da década de 40, os registros apontam que já existiam mais escolas do que igrejas adventistas no Brasil. O número de instituições educacionais era 16% maior do que o das congregações”. A mensagem adventista chegou em Curitiba em janeiro de 1896 e, em julho do mesmo ano, tinha início a história da primeira escola.

A primeira escola, fundada em 1896, que origina as demais escolas da Rede de Educação Adventista no Brasil, atendia um público de imigrantes que chegava a região Sul. Essa primeira instituição nasce de uma forma diferente do que era o mais comum: escolas paroquiais, junto às instalações das igrejas. Naquele primeiro local independente, a escola começa a crescer, e pouco tempo depois precisa mudar de local, pois a casa da Rua Paula Gomes já não era suficiente para a quantidade de alunos. “Em um certo momento, a escola chega a possuir cerca de 400 alunos, dos quase, sequer meia dúzia eram adventistas”, relembra Renato Gross. A Escola vai funcionar em duas instalações: um sobrado, na Avenida Cândido de Abreu, e no mais imponente prédio de Curitiba daquela época: o palacete Wolf, onde hoje funciona o Shopping Mueller, na da capital Curitibana.

Expansão e Inovações    

Os resultados trazidos pela instituição clamavam, no entanto, por uma grande responsabilidade por parte da direção da instituição. “A partir daquele momento, cria-se uma filosofia de atender a comunidade curitibana - que não era adventista, naquela época, mas que era fruto de diversas etnias de imigrantes - com princípios religiosos adventistas, com as doutrinas da igreja. Daí se começou o embrião de evangelização através da educação, que não se restringiu apenas ao estado do Paraná”, enfatiza Menslin. Nesse período, o professor Guilherme Stein Júnior segue o pioneirismo para fundar uma nova escola em Gaspar Alto, com o foco de formação de missionários. Para Curitiba, vem direto da Alemanha, o professor Paulo Kramer, farmacêutico por profissão. Ele traria grandes inovações para o Colégio Internacional. “Microscópios, pranchas, mapas, sólidos geométricos. A escola possuía tudo isso! O pastor Peverini, que escreveu a história da Igreja Adventista na América do Sul, aventa a possibilidade do Colégio Internacional de Curitiba ter os melhores equipamentos didático-pedagógicos do Brasil”, enfatiza Renato Gross.

O fim e o recomeço

Aquela escola, com grande sucesso, no entanto, de forma súbita, simplesmente fechou. A história não aponta para algo específico, sem conhecer nenhum período de decadência, ela simplesmente deixa de funcionar em 1904, e só volta a abrir as portas em 1928, agora, no cruzamento das avenidas Saldanha Marinho com a Brigadeiro. “Ali funcionavam as instalações da Igreja Adventista Central de Curitiba. Eu estive presente nesses momentos em que a escola funcionou ali”, comenta Lígia Oliveira, esposa do pastor Enoch de Oliveira, que foi pastor na região, trabalhou na Associação Geral da Igreja Adventista e foi presidente da mesma para toda a América do Sul.

A tradição com a instituição adventista seguiu gerações, como comenta a professora Vera Lúcia Dorl, filha da Lígia: “Eu não cheguei a estudar nessa escola, mas tive o privilégio de ser professora de inglês nela. Meus dois filhos estudaram lá, e estávamos presentes quando a escola deixou de funcionar no mesmo prédio da igreja e se mudou para o endereço onde funciona até hoje”.