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Fotógrafo trocou sonho de cobrir guerra por voluntariado na Amazônia

Voluntariado alterou drasticamente a vida de Fernando Borges.


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Jovem diz que mudou sua vida depois que iniciou voluntariado na região norte

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Manaus, AM ... [ASN] O que faz um rapaz de 34 anos deixar uma vida agitada e perspectivas profissionais na maior cidade da América Latina (São Paulo) para se dedicar a um trabalho em comunidades afastadas no interior do Amazonas? Fernando Borges é enfático quanto à resposta para essa pergunta: “eu queria ser fotógrafo de guerra, mas eu queria também que Deus me guiasse”. No Dia Nacional do Voluntário, comemorado hoje (28 de agosto), a história dele ilustra bem o que significa fazer parte do voluntariado.

Borges é parte de um grupo de atualmente 86 voluntários sul-americanos que deixam suas cidades para servir durante algum tempo no programa do Serviço Voluntário Adventista (SVA). Tem gente que foi para outros continentes. Outros 28fizeram o caminho inverso. Saíram dos seus países para vir até a América do Sul servir. O fotógrafo profissional, que já trabalhou em grandes portais de notícia como Terra, trocou momentaneamente o sonho de ir até zonas de guerra retratar os horrores para viver de maneira bem pacífica em lugares inusitados e afastados dos grandes centros. Desde setembro de 2013 ele vive no interior do Amazonas em comunidades como Marajá, por exemplo, distante a oito horas de barco da capital Manaus ao longo do Rio Negro.

Palestrante agora

O interessante é que Borges não foi até os confins do Brasil para apenas registrar em vídeo e fotos a vida dos moradores e os projetos desenvolvidos. Na verdade, Fernando Borges queria servir em qualquer área onde fosse necessária sua ajuda. Acabou se envolvendo com o projeto Salva Vidas Amazônia, mantido por um grupo de voluntários e membros da Igreja Adventista que criaram uma organização não governamental chamada ASVAM (Ação Social Voluntária Amazônia).

Na prática, Borges faz o registro profissional das imagens, mas a experiência obtida lá, com o serviço humanitário em favor dos nativos, faz toda a diferença. Há algum tempo, ele fez cursos de saúde e de ensino bíblico. Preparação necessária para ser um apoio a moradores que moram a muitas horas de qualquer posto de saúde e raramente veem profissionais da área. “Eu nunca tinha trabalhado com isso e está sendo muito fascinante. Estou gostando da tranquilidade do mato”, afirma feliz.

Veja outras imagens do fotógrafo

Mudança de prioridades

O voluntariado mudou não apenas a rotina do fotógrafo, mas seus valores e prioridades. Ele reconhece que passou por uma repentina mudança de vida. Borges aproveita para fazer alguns documentários e, por isso, tem passado algumas semanas em uma comunidade para se mudar para outra. Mas agora é palestrante de saúde, planejamento familiar e outros temas que são necessários para pessoas com pouco ou nenhum acesso à educação formal.

Em um dos locais onde tem cooperado (com 13 famílias), foi um dos que construiu banheiros improvisados para que haja o mínimo de higiene nas comunidades e se evitem doenças típicas do contato com fezes e urina humana. “O que eu fotografo e vejo por aqui mudou meu jeito de enxergar as coisas. Aqui tenho mais tempo para mim e para Deus”, comenta ele, que em seus tempos turbulentos chegou a ser usuário de drogas onde morava.

Até a alimentação sofreu mudanças. Hoje a realidade é radicalmente diferente. Fernando Borges, que só vai uma vez ao mês para Manaus fazer compras, aprendeu a comer o que a terra dá. Virou adepto das frutas exóticas, do peixe e de muita coisa que antes passava longe. Até maio do próximo ano o voluntário ficará no projeto.

Se depender do seu entusiasmo, certamente vai renovar. [Equipe ASN, Felipe Lemos]