Fiéis tomam conta de ruas e praças para defender a paz
O movimento aconteceu em todo território sudoeste paulista, no Dia do Quebrando o Silêncio, no quarto sábado do mês de agosto.
Já fazem vinte anos que a Igreja Adventista separa um dia especial para alertar a população no combate e prevenção de qualquer tipo de violência doméstica e psicológica contra crianças, mulheres e idosos. No último sábado, 27 de agosto, membros, amigos e voluntários, saíram às ruas com faixas, cartazes e fanfarras - dos Clubes de Desbravadores - na passeata para defender a paz e ser a voz de quem sofre com a violência.
As passeatas, palestras e a concentração em praças públicas foram as principais ações do Quebrando o Silêncio. A intenção foi de chamar à atenção das pessoas e promover um grito pela paz. São Cartazes e faixas com diferentes mensagens reprovando a hostilidade e a violência. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, ao menos uma pessoa ligou, por minuto, em 2021, para o Disque 190 denunciando agressões decorrente da violência doméstica contra meninas e mulheres.
A mobilização acontece anualmente em oito países da América do Sul e é promovido pelo Ministério da Mulher as Igreja Adventista. Rosamaria Sarti coordena esse ministério na Igreja Central de Itapetininga. A passeata - que passou pela região do comércio - teve a participação dos dois distritos do município. “Eu vejo assim um momento muito precioso em que a igreja tem a oportunidade de fazer uma demonstração ao vivo de quem nós somos. Pregamos o amor e como representantes de Cristo temos que gritar e ser a voz daqueles que não conseguem falar”, afirma Sarti.
E ser essa voz é o que os moradores testemunharam ao receberem o material da campanha de revistas e folhetos com informações e instruções de como denunciar qualquer suspeita e atitude de violência contra as pessoas. A passeata em Piracicaba concentra o maior número de militantes em prol da campanha. “Esse trabalho da igreja é indispensável para a nossa sociedade pois a conscientização é essencial para trazer alívio e esperança para as pessoas", ressalta o vereador de Piracicaba, João Tomé Filho.
Violência psicológica
A cada ano, o Quebrando o Silêncio aborda um tema diferente sobre violência. Em 2022, a temática é voltada à violência psicológica. Levantamentos feitos por diferentes órgãos ligados à saúde e à segurança constatam que a violência psicológica é o tipo de abuso mais recorrente, antecedendo, em muitos casos, outras formas de agressão. Está presente nos lares e ambientes acadêmicos e de trabalho, sob a forma de ofensas, chantagens e ameaças. Por não ser um ato físico, esse tipo de agressão ainda é muito velado e subnotificado aos órgãos de segurança. No entanto, é reconhecida como crime em diversos países, dado o seu potencial danoso à vítima.
Em muitos lares a violência psicológica acontece sem o agressor perceber o dano que causa para a vítima. São pessoas que vivem no mesmo teto com palavras rudes, sem amor, com desaprovação, a lista é longa. “Geralmente o membro da família não tem coragem de denunciar e a situação de abuso pode piorar. Eu espero que com a nossa mensagem, a pessoa crie coragem para ir aos órgãos competentes é fazer a denuncia", cita psicóloga Leila Gomes Ferreira, que participou da ação na cidade de Votorantim.
Cuidar da saúde física e mental
Incentivar a prática de atividades físicas e apoiar a campanha de combate à violência, foi o que aconteceu no UNASP, campus Hortolândia, na 3ª Edição da Corrida e Caminhada do Quebrando o Silêncio. A largada aconteceu no domingo, dia 28 de agosto, no complexo do centro esportivo com 400 inscritos. O percurso do foi de 7 km de corrida e 3 km de caminhada.
O município já oficializou o Dia do Quebrando o Silêncio em 2018 e o evento esportivo é mais um reforço em prol da paz. O evento é promovido pelo Distrito de Santa Rita de Cássia e tem como líder o pastor Fabrício Mello Branco. “Foi muito emocionante ver pessoas chegando de Campinas, Paulínia, Vinhedo e de outras regiões. Aqui a gente cuida da saúde e levanta a bandeira contra a violência domestica e familiar”, conclui Branco.
A líder do Ministério da Mulher da Igreja Adventista no território sudoeste paulista, a professora Marziani Guimarães, é a coordenadora do Projeto Quebrando o Silêncio. Ela participou da corrida e completou os 7 km. “Acho muito importante para o nosso equilíbrio emocional a prática regular de exercícios físicos. Quando estamos bem é mais fácil tratar bem as pessoas. Precisamos aprender com Jesus ao dar amor, falar com delicadeza e valorizar às pessoas."