Falta de sono causa desordens neurológicas
Para médico, a falta ou a diminuição do sono é irrecuperável e provoca dano ao sistema nervoso
Por Carolyn Azo
Para diversos especialistas em saúde pública, dormir o suficiente é muito importante para a função cerebral. Se o cérebro não descansa durante o período necessário, haverá uma significativa destruição de neurônios e redução de milhões de conexões sinápticas. O dano poderia ser irreversível mesmo quando se tenta recuperar o sono. A Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN) conversou com o doutor Roger Albornoz, anestesista e diretor da Escola de Medicina da Universidade Peruana Unión, sobre as consequências de não dormir adequadamente.
De acordo com ele, a falta ou a diminuição do sono é irrecuperável e provoca dano ao sistema nervoso. Alguns autores mencionam que o risco de doenças do tipo Alzheimer e demência senil e outros distúrbios neurológicos aumenta.
Para Albornoz, em privações extremas de sono, são produzidas alterações metabólicas e hormonais compatíveis com estresse extremo, que podem eventualmente desencadear a morte. Experimentalmente, cientistas mantiveram uma pessoa acordada por 11 dias. O indivíduo apresentou alucinações e quadros psicóticos. “Se ele continuasse acordado, certamente teria morrido”, avalia.
Aparentemente, a falta de sono não afeta apenas o cérebro, mas também tem sido associada à ruptura ou ao transtorno de outras funções vitais, incluindo o sistema imunológico, funções do coração e impulso sexual. Isso também tem sido associado a maiores taxas de câncer, incluindo o de mama, colorretal e de próstata.
Privar-se do sono também causa mudanças de humor e metabolismo lento, além de aumentar o apetite por junk food e eventualmente levar à obesidade severa.
O que tira seu sono?
O departamento de Psicologia da Universidade de Binghamton, nos Estados Unidos, concluiu que a falta de sono também foi associada a pensamentos negativos repetitivos. É importante mencionar que pensamentos repetitivos diminuem o cuidado da expectativa de vida e a qualidade de vida, e tornam a pessoa vulnerável a diferentes distúrbios psicológicos que poderiam estar ligados à sincronização e duração do sono.
Além disso, não dormir bem está associado à presença de ansiedade, depressão, dificuldades de aprendizagem e memória.
Outra causa é a insônia, que Albornoz associa a três fatores principais:
- À presença de doenças médicas associadas que dificultam conciliar o sono por dor ou disfunção orgânica. Por exemplo: doenças cardíacas (doenças coronárias, arritmias, etc.); doenças respiratórias (asma, doença pulmonar obstrutiva); doença neurológica (Parkinson, enxaqueca); doença oncológica (dor por câncer).
- Doenças mentais como depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, esquizofrenia, etc.
- Abuso de substâncias e remédios: álcool, tabaco, cafeína, estimulantes, anfetaminas, broncodilatadores, antidepressivos, etc.
As mulheres devem dormir mais?
Sobre isso, Albornoz esclarece que, embora na primeira infância não haja diferenças entre as horas de sono entre homens e mulheres, sim, observa-se uma diferença importante especialmente na adolescência; aparentemente, devido às modificações hormonais próprias dessa idade e que se manterão durante toda a idade fértil.
Por outro lado, a gestação e a menopausa também são acompanhadas de uma maior duração nos períodos de sono. Alguns autores mencionam que estas diferenças só manifestam a pobre qualidade de sono da mulher e a necessidade de recuperá-lo com maiores períodos de sono. Do mesmo modo, o sono mais fragmentado da mulher para todos os processos fisiológicos que deve passar (menstruação, gravidez, lactação, menopausa) fazem com que o sono seja mais prolongado na tentativa de equilibrar as horas necessárias para o descanso.
O médico aconselha
Na busca de um sono reparador, Albornoz aconselha:
- Evite os dispositivos eletrônicos (televisão, computador, celular, etc.) pelo menos uma hora antes de dormir, pois eles podem alterar o ritmo de sono e vigília, fazendo-o acreditar que ainda é dia e, portanto, atrasando a hora de dormir;
- Durma e levante-se na mesma hora do dia;
- Uma nutrição balanceada e não pesada à noite permitirá um sono de melhor qualidade;
- Não planeje as atividades do dia seguinte enquanto tenta dormir.
Média de sono de acordo com a idade
O sono é o mecanismo através do qual o sistema nervoso repõe suas reservas de energia. O tempo necessário varia de acordo com a idade.
- Recém-nascido, 16 horas;
- Lactante, entre 12 e 14 horas;
- De 3 a 5 anos, 11 horas;
- De 9 a 10 anos, 10 horas;
- Idade adulta, a maior parte da população, dormirá entre 7 e 8 horas;
- Velhice, menos de 7 horas.
Adventistas preocupados
A organização adventista, preocupada com a saúde mental da população mundial, distribuirá nos dias 26 e 27 de maio o livro O Poder da Esperança. São 10 capítulos que tratam de temas como depressão, estresse, traumas psíquicos, vícios, sentimentos de culpa, entre outros. O material explorará os segredos do bem-estar emocional. A versão digital da obra está disponível gratuitamente. Para obter uma cópia, clique aqui.