Exposição fotográfica mostra ações da ADRA Brasil junto a refugiados venezuelanos
Iniciativa foi realizada em Porto Alegre e contou com mais de 100 imagens sobre trabalho da agência humanitária.
Há quase 10 anos, milhares de venezuelanos cruzam a fronteira com o Brasil, fugindo do desemprego, da crise educacional, da escassez de alimentos e da instabilidade política. Pacaraima e Boa Vista, ambas cidades de Roraima, são as principais portas de entrada desses migrantes que vem ao país em busca de oportunidades. O Brasil é o terceiro país da América Latina que mais os recebeu, atrás apenas da Colômbia e do Peru.
Desde 2018, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais, a ADRA Brasil, implementou sete projetos direcionados a atender os migrantes. As ações, voltadas à segurança alimentar, saneamento e higiene, além de abrigo e apoio à relocação, são fruto de uma parceria com a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês).
Para que esse trabalho aconteça de forma consistente, conseguindo se adaptar, inclusive, a demandas que mudam conforme os dias passam, a gerente de monitoramento, avaliação, prestação de contas e aprendizado da ADRA Brasil voltado aos migrantes, Telma McGeogh, explica que o acompanhamento é essencial. “O primeiro trabalho que temos é sempre ir ao local, verificar e avaliar quais são as necessidades existentes naquele momento para então criar uma resposta compatível com aquela determinada necessidade. [….] Desde 2018, temos atendido mais de 270 mil pessoas. Com isso, foram investidos mais de 30 milhões de dólares nesse tipo de resposta. O beneficiário é o protagonista, então o monitoramento tem esse papel de entender como está a satisfação dele com os projetos, quais são as necessidades que eles mesmos identificam e, a partir daí, passar isso para a parte programática do projeto, que vai tomar decisões sobre, quem sabe, mudar ou seguir com a mesma linha”, explica Telma.
Na intenção de tornar conhecidos os resultados obtidos pelas ações e captar ainda mais parceiros, a ADRA Brasil, em parceria com a ADRA Rio Grande do Sul, realizou na segunda metade do mês de janeiro, uma exposição fotográfica com imagens que contam, em resumo, as diversas iniciativas da organização em torno da resposta à crise migratória na Venezuela. A ocasião ocorreu em uma sala do Colégio Adventista Marechal Rondon, na zona norte de Porto Alegre.
O diretor da ADRA regional Rio Grande do Sul, Jorge Wiebusch também reforça que a realização dessa exposição em solo gaúcho também é importante para tornar conhecido, o trabalho da agência realizado no outro extremo do país. "Aqui no Rio Grande do Sul, temos mais de 480 servidores e uma exposição como essa faz com que eles saibam exatamente a amplitude e a magnitude do trabalho da ADRA Brasil no nosso país. Estou muito feliz com esse projeto ter começado aqui no Brasil", celebra o líder regional.
Histórias como a do Pedro Rafael Salazar foram contadas através das imagens fixadas. Natural do estado de Anzoátegui, Pedro é um dos muitos venezuelanos que vivia uma situação de vida nada satisfatória. “Na Venezuela, a situação estava um pouco difícil. Eu não tinha um bom emprego [diante da crise], não havia comida, dinheiro, e minha família também sofria. Isso nos levou a emigrar e chegar a Boa Vista, onde tivemos um novo começo, mas em outra situação. No início, foi muito difícil. Ficamos na rua, dormíamos na rodoviária, no chão, em pedaços de papelão…”, conta o migrante.
Através do trabalho da ADRA Brasil, Pedro viu uma oportunidade de recomeçar. Um dos projetos realizados em Boa Vista pela agência humanitária adventista oferecia cerca de 2 mil refeições por dia aos refugiados do país vizinho. A partir daí, o venezuelano conheceu outros projetos e pôde realizar um curso profissionalizante de culinária. E foi aí que conheceu o Cristiano Freitas, um voluntário da ADRA Brasil que estava temporariamente no estado, mas que residia em Rio Grande (RS).
Além de oferecer alimentação imediata e vouchers para compra de itens básicos para sobrevivência, a ADRA Brasil também trabalha com um projeto de relocação, o SWAN, apoiando venezuelanos na busca por um novo emprego e moradia paga por alguns meses. “Com o SWAN, a família já sai daqui com um emprego confirmado e a gente providenciava entrevistas, currículo, apoiava todo o processo de seleção. E também não era só um emprego, mas também outros benefícios que favoreçam uma condição de subsistência maior, de ambientação a uma nova cultura, contexto, acesso a saúde”, explica Verona Moura, coordenadora de projetos, como por exemplo, o Providência, que ocorre em Roraima junto aos venezuelanos.
Sabendo desse projeto SWAN, Cristiano entrou em contato com empresários de um supermercado de Rio Grande (RS) e conseguiu direcionar algumas famílias de refugiados para o estado gaúcho. Pedro e sua família estiveram entre os nomes. Ele e outros foram colocados em um avião da Força Aérea Brasileira e levados ao estado.
Iniciativas como essas refletem um compromisso da organização no enfrentamento de desafios das populações deslocadas. Conforme explica o coordenador de projetos sociais da ADRA Brasil, André Alencar, a partir desta assistência, aqueles que enfrentam caminhos difíceis podem vislumbrar mais uma vez a dignidade e a esperança. “A ADRA faz tudo isso porque ela foi criada pela Igreja Adventista pra cumprir um propósito de servir a humanidade pra que todos vivam como Deus planejou. A gente está falando sim, de uma vida muito digna e honrada pra todas as criaturas de Deus. E a gente faz isso movidos por justiça, compaixão e amor”, esclarece.