Campo Grande, MS...[ASN] O sorriso é largo e o abraço acolhedor. Quem o vê assim, sereno, de fala pausada com uma calmaria direta “dos céus”, segundo ele, não imagina a trajetória de vida que o transformou em um missionário com agenda lotada. “Hoje não tem um dia da semana que eu não fale de Jesus às pessoas. Minha vida se resume a isso. Sou funcionário de Deus”, conta o ex-empresário, Gernival Siqueira.

Pai da ex-piloto de automobilismo Fabia Siqueira, – também missionária – e antigo dono da famosa Siqueira Automóveis – loja especializada em veículos seminovos no Mato Grosso do Sul, que dominou o comércio de veículos no Estado por 27 anos - ele conta, resumidamente, o antes e depois de sua história e como passou de empresário bem sucedido a procurado pela polícia, até resolver os problemas com a Justiça e tornar-se um colportor evangelista. “Tínhamos tudo, mas não tínhamos Deus. No auge da minha vida financeira eu pesava mais de 90 quilos e tinha diversos problemas de saúde. Foi quando estive perto da morte, com a saúde completamente debilitada que descobri nos livros da Igreja Adventista o caminho para a cura”, conta.

Os livros a que ele se refere tratam especificamente sobre a alimentação saudável e, desde então, Siqueira é um grande entusiasta da literatura adventista. “Eu conheci a mensagem adventista antes de me casar, mas após o casamento me afastei da igreja. No ano de 2008, após a falência da minha empresa e toda a confusão envolvendo minha família, voltei para a igreja. Há quatro anos decidi me dedicar integralmente à obra missionária e me tornei colportor”, revela.

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Metodologia de evangelismo

Se é a veia comercial ou talento nato, ele não sabe ao certo. O fato é que para Siqueira, abordar pessoas para uma conversa e apresentar soluções que incluam o cuidado com a saúde, não é dificuldade. Ao contrário, segundo ele conta, esse “dom” é algo que o tem feito inovar no evangelismo. “Atualmente estudo a Bíblia com 15 clientes, me dividindo entre a semana e os finais de semana. O produto (livro) é importante, mas não é minha prioridade. Faço o primeiro contato me apresentando, falo sobre como era minha saúde e, então, quando a pessoa me dá abertura crio um laço com ela, perguntando sobre qual sua real necessidade. E dentro da conversa vamos encontrando caminho para apresentar algumas soluções e, só então, apresento os livros. Mas a essa altura já ofereci estudo bíblico”, explica aos risos, analisando a maneira com que vivencia o trabalho no dia a dia.

De acordo com ele o sucesso nos números de pedidos de estudos bíblicos deve-se primeiramente a Deus e, em segundo lugar, ao método que naturalmente ele passou a usar e acabou dando muito certo, de tornar-se amigo das famílias, investindo tempo nas casas que visita e “conhecendo a realidade daquelas pessoas”, comenta.

Família missionária

Hoje, toda a família dedica-se ao trabalho missionário. Junto com a esposa Ione Ribeiro, Siqueira continuamente visita lares de pessoas que pedem estudo bíblico e vivem para “servir”, como eles gostam de ressaltar.

Após mais de 20 anos à frente da Siqueira Automóveis, em 2008, Gernival, sua esposa e suas duas filhas foram investigados pela polícia do Mato Grosso do Sul por problemas financeiros envolvendo a empresa e clientes. Alguns clientes alegavam ter sofrido “golpe” da garagem, que decretou falência logo em seguida, por conta da crise econômica que o país atravessava naquele ano. Os escândalos levaram a família à prisão, mas, com tudo esclarecido puderam responder aos processos em liberdade.

Foram 20 anos afastados da igreja e, nesse tempo, muita coisa aconteceu à família Siqueira. Mas a matriarca guarda apenas um sentimento que para ela traduz toda a história deles. “Uma gratidão muito grande a Deus”, ressalta Ione. “Estávamos na igreja e nos afastamos quando os nossos filhos ainda eram pequenos. Mas sempre vi a proteção divina, mesmo quando estávamos longe d’Ele. Depois do meu retorno, minha família toda voltou também. Por isso, tenho uma gratidão imensa a Deus por tudo o que Ele fez e faz por mim e por minha família”, conclui. [Equipe ASN, Rebeca Silvestrin].

Fotos: Deivison Pedrê