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Liberdade Religiosa

Evento reflete visão adventista sobre relação entre Igreja e Estado

Encontro realizado pela Igreja Adventista no Norte reuniu importantes nomes internacionais da área e possibilitou discussão ampla sobre o tema.


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Importantes nomes da área de Liberdade Religiosa reunidas em encontro realizado pela Igreja Adventista no Norte. (Foto: Franciomar Oliveira/Núcleo de Comunicação UNB)

Embora a Constituição garanta o direito à liberdade religiosa, essa garantia é frequentemente violada. O resultado é uma realidade de intolerância, discriminação e violência contra minorias. A Igreja Adventista do Sétimo Dia, defende a separação entre Igreja e Estado enfatizando sua crucial importância para a liberdade religiosa e em suas declarações, ressalta a necessidade de respeitar os direitos de todos, independentemente de sua fé. Quando não existe essa separação, ou quando ela é violada, conforme vemos historicamente em todas as vezes que um Estado adota uma religião oficial, invariavelmente o resultado é intolerância religiosa, discriminação, supressão de direitos e violência contra grupos minoritários.

A posição adventista destaca a conduta de Jesus Cristo, que nunca usou da força para implantar Seu reino neste mundo e nem para fazer avançar a pregação do Evangelho. Outras declarações encontradas são vitais para a compreensão e solidificação do pensamento adventista e defendem uma liberdade religiosa para todos. Esse assunto foi amplamente discutido no último final de semana, 15 e 16 de junho, em Benevides Pará, nas dependências da Faculdade Adventista da Amazônia - FAAMA, que sediou o Encontro Internacional de Liberdade Religiosa, sob o tema: a Igreja e o Estado, que possibilitou essa discussão.

Heron Santana é o líder para Assuntos Públicos e Liberdade Religiosa da Igreja Adventista para os Estados do Pará, Amapá e Maranhão e coordenou o encontro. (Foto: Franciomar Oliveira/Núcleo de Comunicação UNB)

"A compreensão da separação entre a Igreja e o Estado é algo que vem com a origem do adventismo. Desde o início, os pioneiros da Igreja do adventista do Sétimo Dia já entendiam e escreveram sobre isso, um livro exemplar é "O Grande Conflito", que retrata que essa compreensão se dá a partir dessa separação que a Igreja teria como proteger e defender a liberdade religiosa", exemplificou o Líder de Assuntos Públicos e Liberdade Religiosa da Igreja Adventista para o Pará, Amapá e Maranhão, Heron Santana.

Ele ressaltou ainda, que liberdade religiosa é um direito civil e não um privilégio religioso, e que em seus livros, a escritora americana Ellen White, por exemplo, criticou os pioneiros que fugiram de uma perseguição da Inglaterra no século XVI ao chegarem no Novo Mundo, nos Estados Unidos em formação. Ellen White chama isso de corrupção da igreja. "Compreender a separação da Igreja e Estado é fundamental para que a gente consiga proteger o direito à Liberdade Religiosa, que é um direito comum a todas as pessoas, independente da sua fé e independente, até, se acreditam ou não em algo", reiterou Santana.

O encontro reuniu importantes nomes da área de Educação e Liberdade Religiosa do Brasil e Mundo. Como o doutor David Little, pesquisador do Berkley Center da Universidade de Georgetown, e, atualmente um dos maiores nomes de influência no assunto; recebeu também Nicholas Miller, Diretor do Instituto Internacional de Liberdade Religiosa da Universidade Andrews; também James Standish, Advogado e ex-representante oficial da Igreja Adventista junto à Organização das Nações Unidas - ONU e do Governo dos Estados Unidos e, ainda, Cheryl Kisunzu, reitora da Universidade Adventista de Whashington. Da área de Liberdade Religiosa da Igreja Adventista, tivemos a presença do pastor Luís Mario de Souza, líder da área para os oito países da América do Sul.

Um dos convidados do evento, doutor David Little é pesquisador do Berkley Center da Universidade de Georgetown, e atualmente é uma importante autoridade na história da liberdade religiosa, ética e direitos humanos, religião e resolução de conflitos. (Foto: Franciomar Oliveira/Núcleo de Comunicação UNB)

Nos dias atuais esse posicionamento da Igreja se torna ainda mais importante. Embora já aposentado formalmente, o doutor David Little é pesquisador do Berkley Center da Universidade de Georgetown, e atualmente é uma importante autoridade na história da liberdade religiosa, ética e direitos humanos, religião e resolução de conflitos. Um dos convidados do encontro no Brasil, ele ressaltou essa relevância. "Esse posicionamento ainda é importante hoje por causa do aumento de um movimento conhecido como nacionalismo religioso, onde pessoas tentam tomar conta do Estado para impor seus dogmas, suas doutrinas religiosas sobre os demais cidadãos de uma dada localização ou país", afirmou Little. "Nos Estados Unidos, nós temos o movimento do nacionalismo cristão, que está atrelada a Donald Trump, e existem muitos indivíduos que fazem parte desse movimento nacionalista cristão e que estão envolvidos ou que são importantes para a administração de Trump. O evento aqui é maravilhoso porque nós temos uma entidade religiosa, a Igreja Adventista promovendo a separação de Igreja e Estado e a importância desse princípio para todas as pessoas", reiterou Little.

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Nicholas Miller, é o Diretor do Instituto Internacional de Liberdade Religiosa da Universidade Andrews e enfatizou a correlação que o livro "O Grande Conflito", distribuído pela Igreja Adventista nos últimos dois anos faz com o movimento da Liberdade Religiosa no mundo. (Foto: Franciomar Oliveira/Núcleo de Comunicação UNB)

Desde o ano passado, os adventistas em todo o mundo têm presenteado milhões de pessoas com exemplares do livro O Grande Conflito. Essa atividade é parte de uma ação evangelística da Igreja Adventista. Em oito países da América do Sul, essa distribuição massiva é chamada de Impacto Esperança.

Nicholas Miller, é o Diretor do Instituto Internacional de Liberdade Religiosa da Universidade Andrews e enfatizou a correlação que o livro faz com o movimento da Liberdade Religiosa no mundo. "O livro "Grande Conflito", fala de uma crise no final dos tempos, causada não necessariamente por um poder secular, mas por uma compreensão errônea da religião, especialmente do cristianismo. Esta compreensão errada leva a acreditar que a vontade de Deus deve ser realizada na Terra por meio de legislação, leis e força humana. O "Grande Conflito" nos lembra que devemos trabalhar para o reino dos céus, um reino de amor, cuidado ao próximo e compaixão. Isso inclui trabalhar por leis justas, que promovam a igualdade e a justiça para todos, sem impor ou forçar uma visão religiosa sobre os demais cidadãos", explicou Miller.

"O conflito descrito no livro foi escrito há mais de 100 anos, e é necessário comunicar sua mensagem de uma forma que seja compreensível para os tempos modernos. O aumento do nacionalismo cristão, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil e outras partes do mundo, está confundindo até mesmo alguns adventistas do sétimo dia. Este evento pode nos ajudar a entender a necessidade de evitar esses extremos e a defender nossos princípios bíblicos e o governo de Deus, que é um governo de persuasão e amor, não de coerção e força", concluiu Miller.

O Encontro Internacional de Liberdade Religiosa promovido pela Igreja Adventista do Sétimo Dia no Norte, reuniu o corpo jurídico da instituição, alunos do Curso de Direito da Faculdade Adventista da Amazônia, membros e administração da igreja para essa região.

Confira mais fotos do evento no link:
https://flic.kr/s/aHBqjBvbsK