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Inclusão

Evangelibras é um passo na resposta a desafios de inclusão e evangelização de pessoas surdas

A mensagem do evangelho em libras foi transmitida através do YouTube, pela primeira vez na União Leste Brasileira durante uma semana.


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A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a língua utilizada pelas pessoas surdas no Brasil, e é reconhecida como uma língua oficial do país pela Lei 10.436, de 2002. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 5% da população é surda, esse número representa 10 milhões de pessoas, sendo que 2,7 milhões são surdas.

Nesse contexto, a evangelização de pessoas surdas tornou-se uma das áreas em que a Igreja Adventista do Sétimo Dia está trabalhando para implantar, oferecer serviços e recursos acessíveis e adequados a estas pessoas. A Igreja Adventista criou então uma área para trabalhar a educação e conscientização desta acessibilidade com o nome de Ministério Adventista das Possibilidades (MAP)

Anselmo, é surdo e foi o orador oficial da semana de Evangelibras. (Foto: Thiago Fernandes)

Para atender este público, o Ministério Adventista das Possibilidades, em parceria com o Ministério de Evangelismo da União Leste Brasileira, território que abrange os estados da Bahia e de Sergipe, inseriu no calendário uma programação toda voltada para pessoas surdas: o Evangelibras. “Evangelibras” é um termo que se refere ao evangelismo totalmente acessível para a comunidade surda através da Língua Brasileira de Sinais (Libras). A iniciativa visa a inclusão e a evangelização de pessoas surdas. A semana de oração que começou no dia 11 de março e terminou na sexta-feira (17), foi apresentada toda em libras por uma equipe de intérpretes e pessoas surdas de vários lugares do território. 

Alcance

De acordo com Vitor Rocha, diretor do Ministério Adventista dos Surdos (MAS) da Igreja Adventista da Paralela em Salvador, Bahia, a tecnologia consegue alcançar públicos que por algum motivo não podem estar presenciais na igreja. “A tecnologia conseguiu promover esse momento para a comunidade surda e para a Igreja Adventista. É um passo muito grande que demos na acessibilidade para alcançar pessoas surdas na nossa igreja” comentou. Vitor reforça ainda a importância de eventos como esse, “O Evangelibras está sendo transmitido e está alcançando vários estados, temos pessoas do Rio de Janeiro, São Paulo, mandando mensagem, pessoas de Catu, Pojuca, nosso próprio campo aqui em Salvador e região está sendo alcançado por uma semana de oração que nunca aconteceu dessa forma, é um grande avanço na história da União Leste”.

Parte da equipe que mobilizou o evangelibras. (Foto: Reprodução)

O pastor João Batista, diretor de Evangelismo da Igreja Adventista para baianos e sergipanos, comenta que o alcance do público que assiste ao Evangelibras é inimaginável. “Nós estamos alcançando as pessoas de diversos lugares. Existem comunidades de surdos que estão assistindo juntos com mais de dez, vinte, trinta pessoas, então não dá para mensurar em números esse alcance. Apenas em um episódio temos mais de mil visualizações”, relatou.

Para João, o aspecto evangelístico é muito intenso, e uma porta se abre através da semana de oração Evangelibras. “Vamos alcançar pessoas que são importantes, que estão ao nosso lado e que às vezes são negligenciadas. Temos uma comunidade de surdos muito grande e creio que vale a pena fazer esse investimento, com esse esforço para estender o braço a eles para que possam conhecer a Jesus. A mobilização está sendo gigantesca todos os campos se envolvendo, batismos acontecendo todos os dias, de verdade está sendo uma grande festa. Sabemos que esse é o primeiro Evangelibras que fazemos aqui na Bahia e Sergipe, mas, já temos sonhos de fazer coisas diferentes para que possamos alcançar mais pessoas em outras situações, em outros momentos. O Evangelibras está sendo uma grande benção porque estamos alcançando pessoas e as pessoas são o mais importante”, disse.

Desafios

Segundo o pastor Henrique Souza, coordenador do Ministério Adventistas das Possibilidades, para região da grande Salvador e Região Metropolitana, as pessoas com deficiência (PCD), têm muitos desafios em várias áreas da sociedade no desenvolvimento das diversas atividades, inclusive para o exercício da sua religião. “A igreja pode estar se estruturando, estabelecendo ministérios com pessoas capacitadas a fim de que possam viabilizar essa interpretação que não é tão simples, até porque nós precisamos ter pessoas que revezem entre si o trabalho de tradução. Algumas pessoas não têm noção, mas, a interpretação em libras não é tão simples assim, então é necessário muito comprometimento, entrega, e as pessoas desejarem de fato trabalhar pela salvação e pela edificação dessas pessoas com deficiência”.

Na cidade de Salvador, a Igreja Adventista da Paralela é uma das pioneiras com o Ministério Adventista de Surdos. A igreja possui um ministério atuante com uma equipe que tem trabalhado para alcançar as pessoas surdas. Henrique sonha em ter mais igrejas assim, envolvidas com o MAS. “Já temos na região metropolitana a Igreja de Dias Dávila e Camaçari no mesmo nível de consolidação, mas o nosso grande desafio é implantar mesmo o MAS em todas as congregações, pelo menos as sedes de distrito, para que tenhamos mais lugares com acessibilidade para esse público de surdos”, comentou.

Durante a semana de oração, Anselmo Dias, líder da área do Ministério Adventista do Surdos na Igreja Adventista da Paralela em Salvador, e orador do Evangelibras, ressaltou que uma das dificuldades da liderança é ter uma comunicação efetiva. “A igreja não tinha essa cultura de que teria pessoas surdas ali, não tinha uma referência, então, nos primeiros momentos precisamos conversar com a igreja, ensinar como é a cultura surda e melhorar a nossa comunicação tanto com os líderes quanto com os anciões”. Anselmo destaca que a igreja precisar dar o primeiro passo. “Surgiu esse desejo no coração de Heron de fazer conselhos em várias igrejas, porém, é difícil conseguir alcançar muitas pessoas hoje, devido à essa falta de intérpretes para comunicação. É importante que os líderes ou pelo menos o representante da Igreja aprenda a Língua Brasileira de Sinais, para poder fomentar e começar na igreja essa atividade. Essa é a oportunidade para começarmos e mantermos esse ritmo de conscientização e liberdade na Igreja, não podemos ficar mais limitados”. 

Para as pessoas surdas, a evangelização em Língua Brasileira de Sinais é uma forma de acessar a mensagem do evangelho de maneira mais clara e compreensível, e de se sentirem acolhidas e incluídas nas atividades religiosas. É o que frisa Simone Lessa, membro atuante da Igreja Adventista em Feira de Santana. “Nunca me imaginei interpretando ou conhecendo a Língua Brasileira de Sinais, mas eu louvo a Deus porque Ele me ajudou a aprender libras, coisa que eu achava impossível, muito difícil”. 

Bianca, é surda e foi a das apresentadora do Evangelibras. (Foto: Reprodução)

Simone é mãe de Bianca Lessa, que nasceu surda por conta de sua mãe ter contraído rubéola na gestação. Bianca, foi a das apresentadora da semana de oração no Evangelibras e reforça a importância da inclusão.

“Há muitas pessoas que precisam visitar nossa igreja, mas, para isso precisamos ter líderes na igreja capazes para fazer o trabalho e assim ter intérprete de libras, cursos de libras, para quando o surdo visitar a nossa comunidade encontre essa sensibilidade. E como é importante fazermos isso antes de Jesus voltar, porque há muitos surdos que desejam conhecer a palavra de Deus, mas sem acesso. É importante a preocupação em formar líderes na igreja, pessoas dispostas a fazer esse trabalho”, salienta Bianca.

Para quem deseja ser um intérprete, há cursos organizados pelas Associações e Uniões da Igreja Adventista (sedes administrativas regionais e estaduais, respectivamente).  Para encontrar um templo adventista que tenha um ministério para surdos e materiais destinados a esse público, visite surdosadventistas.com.br