Esperança muda a vida de presidiário durante evangelismo
Programa evangelístico continua até a próxima sexta em Pernambuco.
Recife, Pernambuco ... [ASN] Nesta semana, o programa A Última Esperança, de mensagens bíblicas com o pastor Luís Gonçalves, foi destaque ao vivo na Rádio Evangélica 100,7FM, que no ramo gospel, é a de maior audiência para toda a Zona Metropolitana do Recife. Durante 50 minutos, o Quarteto Arautos do Rei divulgou a programação, cantou, conversou sobre música e interagiu com ouvintes. Juntamente com o pastor Luís Gonçalves, orador oficial do programa, os músicos realizam o projeto evangelístico na capital pernambucana desde o último domingo, 25, até a próxima sexta-feira, 30.
O programa está ajudando a transformar vidas. Um exemplo é do presidiário João Paulo da Silva, que tomou decisão ao lado de Cristo publicamente por meio do batismo. Quem vê pela foto, ou viu a cena ao vivo na última segunda-feira, 26, em Recife, não consegue imaginar a história que o batismo de João Paulo da Silva é capaz de apagar. Mas enquanto espera o pastor Luís Gonçalves, atrás do palco, chamar pelo seu nome, os olhos do homem magro e com jeito manso, relembram o tempo em que o jovem tinha apenas 12 anos. Foi nessa idade que João começou a fumar. Não demorou muito para acrescentar crack e maconha ao hábito, que se tornou diário. O vício precisava de mais dinheiro, e com 14, João virou traficante. Mesmo assim, ainda não era suficiente. Com 16, começou a furtar, e logo, planejava roubos, o que alimentava o seu vício. “Daí pra frente, meu destino só tinha duas opções: ou eu era preso pela polícia, que já estava a minha procura, ou a milícia me matava. Pra não morrer, fui eu que matei”, conta João, agora, sem brilho nos olhos, falando de um passado que traz dor e arrependimento.
Preso por homicídio qualificado, roubo e tráfico de drogas. Um rapaz, perto de completar 18 anos, que surpreendeu a família. João Paulo é “estudado”, tem segundo grau completo, fala com eloquência, não apresenta erros de pronúncia e concordância enquanto concede essa entrevista. Jovem da classe média, filho de militar. A droga, o tráfico e o roubo não eram do conhecimento da família. “Sempre que eu me drogava, dava um jeito de passar a noite fora. Muitas vezes eu ia para um motel sozinho, dormir por lá, porque não queria que meus pais vissem como eu estava. Farra, bebedeiras. Nesse mesmo clube que estamos agora, eu já vim várias vezes, só que era pra me drogar e beber”, lembra.
De bandido a leitor de Bíblia - Condenado há 23 anos de prisão, foi em um lugar improvável que Silva conheceu a liberdade. “Em 2004, tive contato com evangélicos dentro do presídio. Foi quando decidi começar a ler a Bíblia. No presídio temos muito tempo livre, então, em três meses, li a Bíblia completa, mas não conseguia entender. Resolvi ler novamente, mas ainda não era claro pra mim. E então fiz a mesma coisa pela terceira vez. Eu comecei a me sentir um cristão, mas todo o contato que tive com religiões dentro do presídio, não me completava! Duas coisas me incomodavam: o sábado e o Apocalipse”, conta.
Fugindo da prisão - Foi então que aconteceu a reincidência. Em regime semiaberto, o detento saiu para passar sete dias fora do presídio e não voltou. Durante dois anos, trabalhava onde podia para conseguir dinheiro, e se escondia da polícia. No final do 2011, foi encontrado e levado para o castigo. Há pouco tempo, foi transferido novamente para o semiaberto. Quando sai, precisa usar um GPS amarrado na perna para não escapar do perímetro definido pela justiça como o único que ele pode frequentar fora das grades – uma circunferência de 500 metros da própria casa! São sete dias solto e dois meses preso.
O homem que não conhece uma igreja - Como esse chega até os fundos do palco onde o pastor Luís Gonçalves prega todos os dias da última semana de agosto em Recife? É aí que o milagre começa. No presídio, João Paulo encontra um agente carcerário que é Adventista do Sétimo Dia. Com ele, compartilha as dúvidas sobre o sábado e o Apocalipse. A Bíblia começa a se tornar mais clara, a fé surge de uma forma que o presidiário não conhecia. A visita de um pastor muda o conceito de Paulo sobre cristãos: “Quando o pastor Samuel foi me visitar, eu me senti importante. Aquele homem saiu da casa dele e foi até onde eu estava para falar sobre Jesus. Não posso dizer que conheço de religião, mas o carcerário, o pastor e a Bíblia, me apresentaram a fé e a prática do amor – isso pra mim é religião agora. Eu nunca fui a uma igreja, eu nem sei como é! Eu nunca vi um evento como esse, com tantos evangélicos juntos. Mas eu sei o que estou fazendo. Eu vou me entregar!”, declarou, minutos antes de ser chamado à frente pelo pastor Luís Gonçalves, que só conhecia pelo DVD que recebeu dentro do presídio, o mesmo que carrega o nome do programa evangelístico em Recife: A Última Esperança. [Equipe ASN, Rebbeca Ricarte]