Especialista explica como agir em casos de abuso sexual infantil
Em conversa ao vivo, a doutora Raquel Sarmento trouxe informações e respondeu a perguntas dos internautas
Brasília, DF... [ASN] No Brasil, 500 mil crianças estão em situação de abuso e exploração sexual. A cada hora, são 320 casos, sendo que destes, apenas sete são denunciados. O país oscila entre o segundo e o terceiro lugar no ranking mundial de abuso, e ocupa o primeiro lugar na América Latina. Este é o terceiro negócio ilícito mais rentável no mundo, perdendo apenas para o narcotráfico e o tráfico de armas.
Segundo dados de um estudo sobre estupro, 70% das vítimas de abuso sexual no Brasil são crianças e adolescentes. Destes, 50% têm um histórico de abusos anteriores, e 15% foram abusadas por mais de um agressor. Desses agressores, 24% são os próprios pais ou padrastos, e outros 32% são amigos ou pessoas próximas à família da vítima.
Na noite de ontem, 18 de maio (Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes), a Igreja Adventista abordou o assunto em conversa, ao vivo. Como convidada, a doutora Raquel Sarmento, advogada e especialista em Direito de Família e violência doméstica, trouxe alguns esclarecimentos e respondeu a perguntas de internautas.
Dentre as abordagens da doutora Raquel durante a conversa, destacam-se:
- Abuso sexual ocorre quando o agressor viola a intimidade da vítima para o seu próprio prazer, enquanto a exploração sexual visa o lucro financeiro.
- É dever dos pais prezar pela segurança dos seus filhos, atentando a possíveis sinais de abuso sexual, como comportamento retraído, isolamento, medo de lugares e de pessoas, depressão, erotismo exacerbado, marcas pelo corpo (especialmente na região genital), enurese (emissão involuntária de urina), etc. Vale ressaltar que sinais isolados não necessariamente indicam situação de abuso sexual; é necessário analisar um conjunto de sinais e investigar com atenção e cautela.
- Conversar com a criança é muito importante para identificar os casos. Porém, a abordagem NUNCA deve ser brusca e incisiva.
- A educação preventiva também é essencial. É necessário deixar de enxergar o tema como tabu, e dialogar com as crianças a respeito, sempre de forma leve e criativa.
- A sociedade também precisa abraçar a causa. Escolas, igrejas, instituições e o governo precisam trabalhar de forma preventiva e protetiva, com campanhas, eventos educativos, capacitação de agentes, e utilizando as ferramentas disponíveis para denúncia.
- A lei considera o crime de abuso sexual como hediondo (não é passível de fiança), e prevê punição severa ao abusador. Mas é necessário haver a denúncia. Canais como o Disque 100 são gratuitos, funcionam 24 horas por dia e garantem o anonimato ao denunciante.
Para mais informações, assista a live completa:
https://www.facebook.com/adventistasbrasiloficial/videos/10155694139594749/
A doutora Raquel também indica uma bibliografia aprofundada sobre o assunto:
- Neide Castanha - Direitos Sexuais são Direitos Humanos
- ECA COMENTADO;
- Luciana da Silva Duarte - Curso Nacional de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
- Maria Lúcia Pinto Leal - A Exploração Sexual Comercial de Meninos, Meninas e Adolescentes na América Latina e Caribe (Relatório Final – Brasil).
- Ministério do Turismo. Turismo Sustentável e Infância.
Quebrando o Silêncio
A Igreja Adventista também possui um projeto de conscientização social e apoio a vítimas de diversos tipos de abuso e violência. Para conhecer o projeto Quebrando o Silêncio e ter os materiais, acesse o site. [Equipe ASN, Vanessa Arba]