Especialista do Hospital Adventista de Sydney lidera projeto para auxiliar crianças com malformação na orelha
Iniciativa usa tecnologia de impressão 3D para reconstruir orelhas.
Uma especialista do Hospital Adventista de Sydney (SAN) está liderando um projeto usando a tecnologia de impressão em 3D para auxiliar crianças com malformação na orelha.
O projeto, chamado NEW EARS (Redes Integradas para Ciência Reconstrutiva Aditiva de Orelha, em tradução livre), é uma novidade australiana para a reconstrução de orelha híbrida bioimpressa, alcançada pela integração da ciência da impressão em 3D, da biologia celular e da engenharia de materiais. O projeto foi nomeado finalista no Prêmio Eureka do Museu Australiano de 2022 – o prêmio de ciência nacional mais abrangente do país.
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NEW EARS aborda um caminho cirúrgico anteriormente desafiador para crianças com malformação da orelha, conhecido como microtia.
A professora associada, e especialista em ouvido, nariz e garganta do Hospital Adventista de Sydney, Payal Mukherjee, que está liderando um projeto com o professor Gordon Wallace, da Universidade de Wollongong, disse que a malformação da orelha pode retardar significativamente o desenvolvimento da criança por comprometer a aquisição da linguagem. Além disso, a malformação da orelha pode levar ao bullying e à danos psicossociais.
“Uma criança com microtia deveria idealmente ter sua cirurgia de reabilitação auditiva planejada até os quatro ou cinco anos de idade, mas a reabilitação auditiva e a reconstrução da orelha raramente são coordenadas, já que a reconstrução é frequentemente adiada até que a orelha da criança esteja totalmente desenvolvida por volta dos 10 anos de idade,” explica a doutora Payal.
“Com crianças comumente submetidas à vários procedimentos cirúrgicos, muitas ficam tão traumatizadas que, em seus primeiros anos de adolescência, começam a rejeitar assistência médica – mesmo que isso signifique viver com a surdez e com orelhas deformadas com infecção crônica”, detalha ela.
Novas perspectivas
A solução NEW EARS inclui, primeiramente, a pesquisa sobre a regeneração de cartilagem auricular impressa em 3D utilizando uma tecnologia chamada bioimpressão. O formato da orelha é unicamente confeccionado para cada criança. A parte do estudo de pesquisa clínica e implantação hospitalar foi desenvolvida no Hospital Adventista de Sydney pela doutora Payal e pela equipe de Wollongong, utilizando o laboratório de cultura celular do SAN no Instituto Australiano de Pesquisa.
A equipe também desenvolveu uma orelha protética impressa em 3D utilizando a tecnologia do silicone. Essa é uma solução provisória, de baixo custo e mais tangível para pacientes submetidos à quimiorradioterapia após a cirurgia. Sophie Fleming, uma anaplastologista clínica da equipe NEW EARS, está desenvolvendo com os pesquisadores um teste clínico sobre este dispositivo.
“Por serem impressas em 3D, tanto a orelha biônica quanto a orelha protética de silicone não têm restrição quanto à idade, o que significa que crianças com microtia podem ter sua audição de volta mais rápido”, sublinha a doutora Payal.
“Outros benefícios incluem o planejamento remoto e, especialmente, o acesso para pacientes rurais e à distância. O custo é minimizado, assim como o número de viagens para a clínica, pois a tecnologia e os serviços clínicos são desenvolvidos lado a lado neste projeto. A orelha protética é uma opção muito para os pacientes que estão se recuperando de ressecções mórbidas do câncer de cabeça e pescoço.
“Continuamos a inovar a eficácia com a qual provemos cuidados para restaurar tanto a estrutura quanto a função da orelha. Soluções digitais tem nos permitido cuidar de pacientes interestaduais e internacionais, cujos dados são utilizados na pesquisa para melhorar qualquer barreira tecnológica que impeça o acesso futuro”, amplia Payal.
A impressão em 3D usando cartilagem e outros biomateriais é um campo em rápido desenvolvimento e o projeto NEW EARS tem sido capaz de superar o grande desafio de replicar a complexa estrutura auricular em 3D de forma única para cada paciente. É também uma celebração do impacto que equipes interdisciplinares com diversos conjuntos de habilidades de diversas instituições podem fazer para oferecer inovações focadas no paciente.
A versão original desta notícia foi publicada pela Adventist Record.