Encontro de líderes missionários celebra frutos do discipulado
A história da Selenita, ex-dona de bar, emocionou os mais de 1.200 participantes e reafirmou o poder do discipulado nas comunidades urbanas.

Selenita Ferreira dos Santos, de 63 anos, sempre sonhou em ter seu próprio comércio. Natural de Salvador, Bahia, vive há mais de 30 anos em São Paulo, onde enfrentou inúmeros desafios sozinha. Em meio à solidão da cidade grande, construiu uma relação com um homem que a ajudou a construir sua casa. Mais tarde, ele propôs que abrissem um bar. Selenita preferia montar um mercadinho, mas, para não contrariá-lo, concordou.
Pouco tempo depois, ele desapareceu sem deixar explicações. “Fui trabalhar e, quando voltei, ele não estava em casa. Nunca mais tive notícias dele”, relembra. Com a saída repentina do companheiro, Selenita assumiu o bar como única fonte de sustento. No entanto, trabalhar ali nunca foi o que ela realmente quis. Além do desconforto com a venda de bebidas, lidava diariamente com humilhações, calotes e a dor de uma solidão profunda, que a levou à depressão.
Esperança à porta
Foi então que, em um dia comum, sentada à porta de casa, Selenita recebeu a visita de dois missionários adventistas. Com palavras de esperança, eles a convidaram para aprender sobre o amor de Jesus em uma classe bíblica realizada aos sábados na Igreja Adventista do Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), campus São Paulo. A mensagem tocou seu coração, pois ela não tinha muito conhecimento sobre a Bíblia. Semana após semana, ela passou a frequentar os encontros e sentiu sua vida sendo transformada.
Depois de alguns meses, Selenita tomou a decisão de ser batizada. Com o apoio dos membros da igreja, iniciou também um processo de mudança profissional. Encerrou as atividades do bar e começou a planejar um novo negócio. “Ainda não sei se será um mercadinho ou uma loja de roupas, mas a igreja está dando todo o apoio para que esse sonho seja realizado. Aliás, já está sendo realizado”, conta ela.

“Discípulos Através de Nós”
O batismo de Selenita aconteceu na manhã de domingo, 15 de junho, durante a I Convenção do Ministério Pessoal da União Central Brasileira (UCB), que reuniu mais de 1.200 líderes na igreja do UNASP campus São Paulo. Com o tema “Discípulos Através de Nós”, o evento foi um dia de celebração, consagração e motivação para aqueles que coordenam voluntariamente as frentes missionárias nas igrejas locais de todo o estado paulista.
Entre os participantes que assistiram ao batismo estava Fábio Matos, servidor público de 48 anos que atua como Valente de Davi (projeto inspirado nos 37 guerreiros de confiança do rei Davi mencionados na Bíblia, que visa mobilizar membros para a evangelização ativa) na região do Capão Redondo, zona sul de São Paulo. “Já evangelizava desde pequeno, mas com os Valentes de Davi, tudo ganhou mais foco e organização”, conta.
Fábio liderou a equipe que visitou Selenita. “Oramos, planejamos, dividimos as ruas e saímos para visitar. Na casa da Selenita, houve uma conexão imediata. Ela passou a frequentar regularmente a classe bíblica e hoje é uma das alunas mais assíduas”, assegura.
Betânia Meirelles, professora de 47 anos e membro da Igreja do UNASP São Paulo, também colaborou ativamente do processo de conversão de Selenita e participou, pela primeira vez, de um evento como a Convenção do Ministério Pessoal. Com mais de 20 anos de experiência nessa frente, ela agora está sendo treinada por Fábio para integrar os Valentes de Davi. “É um crescimento. A ação é mais intensa, estamos mais nas ruas, indo às casas. Ver a Selenita decidir pelo batismo nos motiva ainda mais”, diz.

Celebração e discipulado
A história de Selenita foi um dos destaques da I Convenção do Ministério Pessoal da UCB. “Esse encontro celebra o que Deus tem feito e nos incentiva a discipular uma nova geração de líderes missionários”, explica o pastor Edimilson Lima, diretor do Ministério Pessoal da Igreja Adventista para o estado de São Paulo e idealizador do encontro.
O evento contou com testemunhos, músicas, reflexões espirituais, o batismo de outras 4 pessoas e motivação para a continuidade do trabalho de cada líder presente. Além da celebração dos frutos missionários, o evento teve como foco o alinhamento da visão de discipulado nas igrejas. A programação foi integrada com palestras dos oito departamentais das associações paulistas, que destacaram diferentes frentes missionárias que sustentam esse processo: discipulado com afastados, formação de novos líderes, classes bíblicas, pequenos grupos, duplas missionárias e até mesmo o trabalho com interessados da TV Novo Tempo. “Jesus não disse ‘vão e façam pequenos grupos’, mas sim ‘vão e façam discípulos’. E a Igreja compreende que discipular passa por todas essas frentes”, explica o pastor Edimilson Lima. “A maior força que a igreja tem são os seus missionários”, complementa.
O presidente da Igreja Adventista para o estado, pastor Maurício Lima, destaca a importância do trabalho missionário dos membros. “Os pastores montam estratégias, mas quem vai de casa em casa, quem estuda a Bíblia com as pessoas são os membros. Eles fazem o trabalho acontecer”, afirma.

Impacto que continua
Para Fábio, cada batismo é mais um passo no cumprimento da missão. “Jesus disse: ‘Ide, fazei discípulos’. Quando vemos uma pessoa se render a Cristo, estamos cumprindo essa ordem. E não paramos por aqui: seguimos com a classe pós-batismal para continuar o discipulado”, lembra.
Para Edimilson Lima, o batismo de Selenita é a expressão viva do trabalho missionário que o encontro buscou fortalecer. “Celebramos porque Deus tem feito muitas coisas através de nós. Batismos como o da Selenita são a coroação desse discipulado, fruto do esforço diário dos nossos missionários que, com chuva ou sol, dedicam-se a levar o evangelho por meio de estudos bíblicos e pequenos grupos. Reunimos aqui cerca de 1.200 líderes de todo o estado para celebrar, aprender e renovar o compromisso com a missão de Jesus”, salienta.
“Eu sempre fui muito durona, mas o que me fez aceitar o batismo foi tudo o que vinha acontecendo ao meu redor. Eu sentia que era Deus falando comigo, e mesmo com a minha família tentando me convencer do contrário, eu sabia que esse era o meu caminho. Aqui, sozinha em São Paulo, Deus tem sido a minha força. Eu não vou me arrepender, porque Jesus sempre me amou, e eu sinto esse amor todo dia me sustentando. Hoje, mais do que nunca, tenho esperança e fé de que vou realizar meu sonho com o apoio da igreja. O futuro está começando agora”, finaliza Selenita, emocionada.

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