Educação Adventista ajuda a diminuir tensão no preparo para o ensino superior
No primeiro episódio da série 'Além do Ensino', entenda como as instituições e professores oferecem suporte para o desenvolvimento integral do aluno no preparo para a vida profissional.
Vai chegando dezembro e surge aquela dúvida na mente dos pais e dos filhos: em qual escola vou estudar no próximo ano ou para qual faculdade vou prestar o vestibular? Entre as mais de 2.500 Instituições de Educação Superior (IES) no Brasil, e de um total de 35 mil cursos de graduação, segundo o Ministério da Educação, a Rede Adventista é uma das opções que em 2018 atendeu 19.532 estudantes em seus campi universitários.
Sua história remonta ao século passado, exatamente em 1º de julho de 1896, quando o Colégio Internacional de Curitiba teve a primeira aula do ensino básico. De lá para cá, essa Rede cresceu e hoje oferece educação desde o maternal até a pós-graduação em todos os Estados brasileiros. Na área do ensino superior existem cinco faculdades distribuídas nas regiões do País, que funcionam em sistema de internato e externato com aulas da graduação ao mestrado na modalidade presencial e, também, a distância. Com alunos brasileiros e estrangeiros, as faculdades da Rede são:
- Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) – dividido em quatro campi (São Paulo, Engenheiro Coelho, Hortolândia, EAD)
- Faculdade Adventista de Minas Gerais (Fadminas)
- Faculdade Adventista da Bahia (Fadba)
- Faculdade Adventista da Amazônia (Faama)
- Instituto Adventista Paranaense (IAP)
Escolha da profissão
Nesta primeira reportagem, percorremos as unidades de ensino no Paraná, Bahia e São Paulo para entender como os estudantes lidam com o desafio de escolher uma profissão para o futuro.
Um deles é o Felipe Sozo, estudante do Instituto Adventista Paranaense (IAP), que desde o ingresso no ensino médio sente a tensão pela escolha de uma carreira. “Estamos muito acostumados com a pressão do dia a dia, de ter que passar num vestibular, de ter que entrar numa faculdade logo, de ter que decidir o futuro”, pontua Sozo.
Por causa da urgência para escolher, a Tássia de Matos, estudante do Colégio Adventista da Bahia (CAB), pretende fazer o vestibular para o curso de Direito. No entanto, ela admite já ter mudado de ideia algumas vezes. “Já considerei ser policial federal. Ainda é sempre uma opção, as coisas mudam. Estou analisando estes aspectos”, revela. Mas, em relação ao papel que a carreira escolhida deve desenvolver na comunidade, o que mais chama atenção na decisão de optar pelo Direito, para Tássia, é a possibilidade de atuar na resolução das questões sociais presentes na comunidade onde mora.
Mostrar as opções de escolha aos alunos durante a trajetória acadêmica é responsabilidade da escola, segundo o diretor do Instituto Adventista Paranaense, pastor Gilberto Damasceno. “A escola vai preparar ele [o estudante] para este momento. Porque para você fazer uma boa escolha, você tem que estar preparado para esta escolha”, compreende o educador.
No caso de Vitória Serra, que também é estudante no IAP, o fato da mãe ser professora no mesmo lugar onde ela está matriculada aumenta a cobrança, e a vigilância acerca de um bom desempenho escolar fica na mira dos pais. “Às vezes, quando eu tiro nota baixa, minha mãe sabe antes de mim. Às vezes eu recebo o resultado antes e acabo contando”, explica Vitória.
A professora Emília Serra reconhece que sempre procura conversar com os outros professores para saber sobre a performance da filha. “Na sala dos professores, na hora do intervalo, nós conversamos entre nós e estou sempre investigando como ela está”, admite Emília.
Tensão pré-vestibular
De acordo com Cláudia Alves, coordenadora do projeto de pré-vestibular do Colégio Adventista da Bahia (CAB), o qual auxilia os alunos a se preparem para o vestibular e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a escola exerce um papel fundamental de orientação e acolhimento neste momento decisivo para os alunos. “A escola tem que lidar com isso no sentido de ajudar numa boa formação acadêmica, mas, também, no sentido de não [deixar o estudante] surtar no meio dessa busca”, revela a professora.
Iniciativas similares também estão presentes na Faculdade Adventista de Minas Gerais (Fadminas) e no IAP. No Instituto Adventista Paranaense são oferecidos auxílio psicológico e coaching para desenvolver a maturidade emocional e a produtividade dos alunos.
Na visão de Evelyn Queiroz, coordenadora pedagógica da instituição, o apoio profissional é um suporte para o aluno lidar com as frustrações que ele vai passar durante este período. “Muitas vezes o aluno chora, se desequilibra diante de uma expectativa que ele cria sobre uma coisa que ele queria. Então, eu preciso ter um profissional para dar esse apoio”, explica.
Atualmente, os estudantes têm uma necessidade urgente de decidir o futuro, segundo o capelão do IAP e coaching estudantil, Tiago Rodrigues. “Eles estão numa escola, fazem parte de um sistema educacional e vêm de uma família que os educou para chegar nesse momento e escolher uma carreira para sempre”, afirma. No entanto, destaca, a cultura atual e o momento no qual a sociedade vive pode influenciá-los a pensar diferente. “Eles percebem que cada vez mais ícones importantes, para eles, não tem essa solidez de escolha”, justifica.
No Colégio Adventista da Bahia, além das atividades de reforço e apoio psicológico, a preparação para o vestibular inclui lazer e spa para os alunos relaxarem antes das provas. Cláudia explica que além das atividades de lazer, o colégio proporcionou aos alunos um momento especial antes do primeiro dia de provas do Enem. “Antes do primeiro dia eles tiveram o Relax Day, um dia com hidroginástica e massagem. Um momento de relaxamento para que eles façam uma boa prova”, enumera.
Confiança em Deus
Em São Paulo, Victor Kenji, ex-estudante do Colégio Adventista de Vila Matilde, localizado na zona leste de São Paulo, conseguiu aprovação para o curso de Sistemas de Informação da Universidade de São Paulo (USP) através do Enem, tendo começado os estudos complementares para a prova ainda no 6º ano do ensino fundamental. No entanto, para Kenji, somente a preparação acadêmica não foi o suficiente. “Se você deixa de lado o aspecto espiritual, o seu desempenho também vai ser menor”, explica o universitário.
Na perspectiva do professor e pastor Maquir Oliveira, uma das prerrogativas do ensino integral adventista é acreditar no desenvolvimento completo do ser humano e trabalhar para que os estudantes prosperarem nos campos físico, espiritual e intelectual. “Na verdade, a nossa dimensão espiritual é o que dará equilíbrio às demais, porque ela nos ensina que há tempo para tudo, inclusive para o estudo. Sendo assim, para ir bem em uma prova de vestibular é preciso estar em harmonia com essas três áreas da vida, o que inclui a espiritualidade”, justifica Oliveira.
Victor Kenji afirma que a estabilidade em todas as dimensões da vida foi a principal responsável por seu sucesso. “O equilíbrio entre todas as áreas e a dedicação forte na parte acadêmica é o que leva as pessoas a alcançar seus objetivos. Se hoje cheguei aonde cheguei, foi porque tive uma vida equilibrada em todos os aspectos”, revela o estudante de Sistemas de Informação.
Segundo Maquir Oliveira, é possível tirar uma importante lição ensinada por Cristo no Sermão da Montanha. No capítulo seis do Evangelho de Mateus, são relatadas grandes preocupações da humanidade relativas ao futuro. No entanto, a resposta de Jesus para todos estes encargos não foi de encontro às expectativas dos ouvintes.
“Talvez o que eles esperavam ouvir era uma motivação para continuar correndo atrás de satisfazer suas preocupações ou um "se esforcem mais" ou "vocês não se dedicaram tanto como deveriam". Mas o que Ele diz é apenas: primeiro Deus!”, ressalta. Para o professor, Jesus queria ensinar àquelas pessoas que existem muitas coisas boas na vida. Mas dentre tantas coisas boas, deve-se escolher a melhor delas: Deus.
Conheça o primeiro episódio da série:
https://youtu.be/DQ__I2a4e4M