Doutora Adventista ganha menção honrosa em prêmio nacional
O prêmio Capes de Teses presta uma homenagem para os melhores trabalhos de teses defendidos no país, avaliando os trabalhos escritos por doutorandos no ano anterior.
Mulher, pesquisadora e acadêmica são umas das características da paraense Kamila Santos, 32. Nascida em Altamira-PA, mas criada no estado do Amazonas, Kamila veio de uma família humilde e muitas vezes passou necessidades. Sua educação foi toda em uma escola pública, mas se destacava como aluna e muitas das vezes era escolhida como líder da turma.
Vinda de uma geração de Adventistas do Sétimo Dia, Kamila teve dificuldades em participar de algumas atividades escolares que aconteciam aos sábados. Mas comenta que seus professores faziam o possível para que ela estivesse presente, trocando horários e até mesmo o dia dos eventos.
“Nisso sou muito grata a Deus. Apesar da rotina academia intensa sempre tive o privilégio de ser muito atuante na liderança da igreja, como secretária, tesoureira, diretora do Ministério de Jovens, Ministério da Criança, participei ativamente em inúmeros evangelismos, ações sociais, e participei da fundação de três igrejas em Manaus (Igreja do Terra Nova, Getsêmani e Igreja do Rio Piorini 3), sempre foi uma alegria cumprir o IDE”, comemora.
Como uma criança de família humilde uma das suas grandes dificuldades era ter livros em casa, e sempre que pudesse escolher algum presente, Kamila aproveitava para pedir algum livro. “Nem sempre tive alguém que fizesse essa pergunta ou que pudesse me dar. Mas não deixava passar a oportunidade. O único livro que tínhamos em casa era a Bíblia e a Bíblia foi meu primeiro livro por muitos anos”.
Mudança para o Sul
Em 2012, a paraense teve a oportunidade de fazer o seu mestrado no estado do Rio Grande do Sul. E em 2014, casou-se com o gaúcho, Everaldo Souza. Kamila, já tinha experiência na aérea acadêmica, mas aprendeu a desbravar esse universo com mais ênfase nessa época, quando decidiu começar o seu doutorado.
“A minha tese foi defendida em 2019 e resultou na publicação de 3 artigos em revistas da segunda maior editora do mundo, a Elsevier, segundo The Ranking of Internacional Publishing 2018. Em função, especialmente da tese ter sido intensa e exigiu muito esforço físico, mental, intelectual e espiritual decidi fazer uma pausa e focar em obter experiência em concursos e me dedicar na publicação de artigos”, comenta.
Menção Honrosa
Oferecido pelo governo brasileiro, o prêmio Capes de Teses presta uma homenagem para os melhores trabalhos de teses defendidos no país, avaliando os trabalhos defendidos por doutorandos no ano anterior. De acordo com Kamila, há uma pré-seleção em cada pós-graduação, proveniente da decisão de um comitê, que avalia trabalhos com base em critérios como defesa da tese em tempo regular, qualidade e importância do trabalho defendido, trabalhos publicados em revistas de notoriedade científica e assim por diante.
Segundo Kamila, a tese começou a ser elaborada em 2015, quando ingressou no programa de doutorado em aquicultura. Na ocasião, foi elaborado um projeto para que fosse possível enxergar uma problemática e, posteriormente, encontrar caminhos para uma solução na literatura científica. “Buscamos produzir um estudo que não ficasse apenas na produção de mais um manuscrito, mas sim algo que pudesse ser aplicado na prática e saísse das gavetas da universidade”, explica a doutora.
Ainda de acordo com Kamila, a edição do prêmio Capes de tese 2020 registrou o maior número de inscrições de sua história: 1.421 teses foram submetidas à avaliação. A menção honrosa do trabalho “Engenharia genética no probiótico Bacillus subtilis: expressão de fitase fúngica melhora parâmetros zootécnicos, sistema imune, resposta inflamatória e defesa antioxidante no zebrafish (Daniorerio) alimentado com dieta rica em matéria vegetal”, é o quarto trabalho do Programa de Pós-Graduação em Aquicultura a ser indicado para o prêmio. “Cada área do conhecimento é premiada. No caso, a menção honrosa recebida por mim e pelo professor Luis Fernando Marins corresponde a área de Zootecnia/Recursos pesqueiros”, conclui Kamila.
Fé e ciência
“A formação superior tem diversos desafios e para nós adventistas esses desafios se estendem a dimensões ainda mais complexas, somos constantemente desafiados a explicar nossas convicções, ou somos assediados pelo brilho deste mundo. Contudo, eu, assim como muitos outros Jovens adventistas escolhi confiar em Deus e testemunhar do seu amor”, vibra.
Atualmente, Kamila atua no segmento Pet, contudo já está focando seus esforços para retornar as pesquisas em 2021. “Se Deus permitir. A pesquisa é minha vocação, está intimamente ligada à minha história”.
Para a doutora, ter a aprovação de Deus em seus projetos não minimizam os desafios, mas traz conforto e segurança em dias difíceis.
“Olho com alegria e serenidade para traz e tenho paz por ter caminhado com Deus e Deus ter caminhado comigo. E essa é a minha certeza: “Ebenézer: Até aqui me ajudou o Senhor (1 Samuel 7:12). As vezes nossas capacidades podem ser subjugadas por sermos cristãos e aparentemente estar inadequados aos “padrões” da sociedade moderna, contudo não devemos temer pois Deus está conosco (Isaías 41:10)”.