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Diga Não ao Bullying: Escola mobiliza alunos para uma cultura de paz

Semana de conscientização propõe empatia, escuta ativa e compromisso coletivo para combater a violência nas relações escolares


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Alunos do Colégio Adventista de Campo Grande (CACG) participam de semana de conscientização e combate ao bullying e violência escolar (FOTO: Leonardo Leite)

No dia 7 de abril, o Brasil celebrou o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência Escolar — data que levanta um alerta urgente sobre comportamentos que, muitas vezes silenciosamente, comprometem o desenvolvimento emocional, social e até acadêmico de milhares de crianças e adolescentes.

Diante dessa realidade, as unidades da Rede de Educação Adventista no sul do Rio de Janeiro decidiram ir além da data simbólica. O Colégio Adventista de Campo Grande (CACG), na Zona Oeste carioca, com o projeto “Juntos contra o bullying e a violência na escola”, preparou uma semana inteira de ações práticas, reflexivas e participativas para envolver toda a comunidade escolar — dos alunos aos funcionários — na construção de um ambiente mais saudável, respeitoso e seguro.

Por que ainda precisamos falar sobre isso?

Segundo uma pesquisa do IBGE de 2022, cerca de 40% dos estudantes brasileiros entre 13 e 17 anos relataram ter sofrido algum tipo de bullying nas escolas. Os motivos variam: aparência, orientação sexual, cor da pele, religião, entre outros. Em comum, esses alunos carregam o peso da exclusão e do medo.

“Não dá para ignorar. O bullying não é só uma ‘brincadeira de mau gosto’. Ele fere, machuca e, quando não é tratado, pode levar a consequências sérias, inclusive à evasão escolar e ao adoecimento emocional”, destacou o primeiro Sargento da Polícia Militar, Eduardo Moreira. Ele, que atua diretamente com o PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência), foi um dos palestrantes da semana, trazendo um olhar técnico e social. O Sargento Eduardo ainda apontou que o bullying é um ato de violência que precisa ser tratado com responsabilidade aliado a um trabalho de conscientização contínua.

O Sargento Eduardo, do PROERD, esteve no CACG falando aos alunos sobre o Bullying
(FOTO: Leonardo Leite)
Uma semana para ouvir e transformar

A programação teve início na segunda-feira com um forte apelo emocional: apresentações teatrais, vídeos impactantes e relatos anônimos de alunos que já foram vítimas de bullying abriram espaço para escuta e empatia.

Durante a semana, os alunos participaram de atividades como o Mural do Respeito, produção de cartazes, rodas de conversa, dinâmicas de empatia, oficinas sobre resolução de conflitos e uma celebração final com compromisso coletivo. A ideia é unir criatividade e sensibilidade para estimular valores essenciais como respeito, solidariedade e responsabilidade.

Aluno do 5º ano A, Jan Barboza acompanha com atenção as informações (FOTO: Leonardo Leite)

Jan Barboza, aluno do 5º ano A, destacou por que a campanha é importante:
“Acho muito importante falar sobre o bullying, porque todo mundo precisa cuidar da saúde mental e ter amigos de verdade. Quando a gente entende isso, a escola fica um lugar melhor pra todo mundo.”

Escola: um ambiente para aprender a conviver

“O papel da escola vai muito além do conteúdo acadêmico. Ela é o primeiro espaço de socialização, onde os alunos aprendem a conviver com as diferenças”, explica o líder da pastoral educacional, pastor Rafael Viana. Segundo ele, trabalhar com temas como o bullying é fundamental para o desenvolvimento integral dos estudantes, algo que faz parte da proposta da Educação Adventista.

O pastor Rafael Viana, que comanda a pastoral educacional no CACG, afirmou que ações como essas fazem parte da proposta da Educação Adventista (FOTO: Leonardo Leite)

E mais do que informar, o projeto propõe mudança de atitude. Ao final da campanha, os estudantes assinarão um termo simbólico de compromisso contra o bullying, reafirmando o desejo de fazer da escola um território de paz.

A coordenadora educacional do CACG e uma das idealizadoras do projeto, professora Ana Lessa, compartilhou suas expectativas para a campanha. “Nosso objetivo com essa semana é conscientizar alunos e famílias sobre o bullying e seus impactos. Sabemos que erradicar totalmente o problema é um grande desafio, mas acreditamos que, por meio da informação e do diálogo, é possível reduzir significativamente essas ocorrências. Queremos que os alunos que enfrentam esse tipo de situação sintam que podem contar conosco, que encontrem apoio e segurança na escola.”

Responsabilidade de todos

Outro destaque do projeto é o envolvimento dos professores e funcionários, que também participam das atividades. A escola inteira precisa estar alerta. Às vezes, um simples olhar atento de um adulto pode interromper um ciclo de violência silenciosa.

Segundo o diretor do Colégio Adventista de Campo Grande, professor João Fonseca, a Educação Adventista tem buscado, de forma intencional, envolver a família e toda a comunidade escolar no processo de conscientização sobre o bullying.

João Fonseca, diretor da unidade, disse que busca envolver a família e a escola no processo de conscientização
(FOTO: Leonardo Leite)


"Através de palestras, ações e atitudes práticas, tem sido promovida uma cultura de prevenção que abrange alunos desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Dessa maneira, tanto a escola quanto as famílias são mobilizadas para oferecer proteção emocional e social aos estudantes. Além disso, é fundamental que as próprias crianças e adolescentes sejam conscientizados a não praticar o bullying e, igualmente importante, saibam denunciar quando presenciarem essas situações. Todos esses esforços têm sido realizados com o objetivo de mitigar um problema que, infelizmente, ainda é enfrentado por muitas instituições de ensino."

Com materiais acessíveis, linguagem próxima dos jovens e um planejamento bem estruturado, o projeto reforça o poder da prevenção coletiva. Afinal, não basta apontar o problema — é preciso criar soluções viáveis, contínuas e humanas.

Mais do que uma semana, um movimento

Embora tenha início com uma campanha de cinco dias, o projeto pretende deixar marcas permanentes. Avaliações serão feitas com os alunos e professores, observando mudanças no comportamento e no clima escolar. A proposta é que o "Juntos contra o bullying" não seja um evento, mas um movimento contínuo de transformação.

Pedro Rafael, aluno do 3º ano B do Ensino Médio, compartilhou sua experiência pessoal e a importância da campanha: “Já fui vítima de bullying há alguns anos, e, felizmente, consegui superar essa fase. No entanto, também presenciei outras pessoas passando por isso, e sempre me incomodou profundamente. Por isso, ver hoje tanto quem praticou quanto quem sofreu bullying participando das palestras foi algo transformador. Acredito que essa experiência fez muitas pessoas refletirem. Para mim, quem pratica o bullying, muitas vezes, também carrega uma dor do passado — também é, de certa forma, uma vítima. É por isso que essas atitudes precisam ser revistas. Todos devemos lutar contra esse tipo de violência. Para mim, essa campanha foi realmente impactante.”

Em tempos em que o discurso de ódio ganha espaço, promover empatia e respeito dentro da escola é um ato de coragem. A Educação Adventista no sul do Rio de Janeiro mostra que educar é também ensinar a cuidar do outro — e que cada palavra, gesto ou silêncio pode fazer toda a diferença.