De banda de rock a tanque batismal
Batismo de ex-integrante de uma banda de rock marca Semana Santa no sul do Rio de Janeiro
A cerimônia batismal é a maior declaração que um indivíduo faz a Deus. Nela, ele afirma publicamente que aceita andar no caminho de Jesus e fazer parte do corpo da igreja. Esse compromisso tão importante marcou a vida de centenas de pessoas no último final de semana, na região sul do Rio de Janeiro. Dentre essas decisões, está a de Victor Miranda, que esteve 15 anos afastado de Jesus e viu na Semana Santa uma oportunidade de recomeço de vida.
Sons externos
Victor Miranda encontra na música seu momento de refrigério e de adoração a Deus, mas nem sempre foi assim. Nascido em um lar Adventista, passou a infância envolvido no clube de Aventureiros e a adolescência no clube de Desbravadores. Entretanto, aos 16 anos, deixou-se influenciar pelos sons contrários à voz de Deus e decidiu seguir um caminho aparentemente inofensivo.
"Devido algumas circunstâncias, eu me vi afastado do caminho certo. Comecei a seguir o rumo do mundo, passar tempo com coisas supérfluas, que me davam felicidade, mas era passageira", afirma Miranda. Segundo ele, sabia que precisava voltar, porém uma força sobrenatural o impedia de tomar essa atitude.
Certo dia, Victor criou uma banda de rock com seus amigos. Inicialmente como hobby, mas a brincadeira virou coisa séria e até lançaram uma música autoral. "A música fez muito sucesso no Youtube. Se não me engano, temos 23 milhões de views. Na época, o Youtube era 'mato' e a gente acabou dominando e fazendo um sucesso", conta lembrando das viagens e shows que fez com o grupo.
Somado à rotina frenética de shows, Miranda passou a praticar ações que não correspondiam com os ensinamentos que recebeu em casa. Apesar de escolher estar longe de Deus, Deus nunca se afastou, Miranda ainda ouvia Sua voz – "No fundo eu sentia que o que eu estava fazendo não era ser eu totalmente".
O inesperado acontece
Por um período, seus pais também se afastaram da igreja, mas retornaram. Neste tempo, Miranda sentiu que também poderia ser rebatizado, no entanto, mais uma vez não teve forças, dizia não ser o momento. Dias se passaram e, em meio ao caos que estava sua vida, ele não imaginava que algo terrível iria acontecer.
Seu irmão, Vinicius Ferreira Miranda, era seu exemplo de cristianismo. Em, 2017, o jovem apresentou uma disfunção da tireóide que resultou em um diagnóstico de esquizofrenia. "Meu irmão ficou um bom tempo internado em surto. Depois ele voltou pra casa e, mesmo com o quadro de esquizofrenia, ainda acordava cedo para orar. Aquilo me tocava, eu ali com saúde e ele debilitado buscando a Deus durante todo o dia. Foi um exemplo pro resto da família", relata emocionado.
Em 2021, Vinicius contraiu Covid-19 e após alguns dias, a família recebeu a infeliz notícia. Vinicius descansou. A perda abalou o emocional da família, mas não a fé. "Ficamos aqui com o luto, mas ainda sendo fortes, crendo em Deus. Nunca duvidamos que Deus tem um propósito para cada pessoa".
Decisão
De alguma maneira, a morte de Vinicius fortaleceu espiritualmente a família de Victor. Contudo, ele mesmo continuava negando a voz do Espírito Santo. O discurso de "ainda não é o momento" se manteve até a quarta-feira, 27 de abril. Neste dia, ele recebeu em sua casa o pastor Fábio Roberto e o obreiro bíblico Rogério Matias, ambos atuam na cidade de Nova Iguaçu (RJ).
Na ocasião, o pastor Fábio contou que também foi músico secular e que enfrentou dificuldades semelhantes. "Ele ficou bem comovido com meu testemunho. Minha história causou identificação, mas foi o Espírito Santo que o convenceu no momento certo", destaca.
Victor estava convicto que não iria voltar, pois precisava "organizar a vida", mas se perguntou "por que eu preciso esperar mais tempo para estar com Deus? Tem que ser agora". Ele também alega que na visita sentiu a presença divina. "Senti o Espírito Santo, oramos, choramos e confirmamos a data do meu batismo", diz.
Neste sábado, 30, Victor Miranda desceu às águas na certeza que nasceu de novo. "Eu estou em paz pela decisão definitiva que tomei, de voltar pros caminhos de Deus, pros caminhos da igreja e da nossa missão, dos Desbravadores e tudo mais", fala. "Agora, vou buscar mais almas pra Deus, dar testemunho, incentivar mais jovens a tomarem a mesma decisão que eu tomei, que é a melhor decisão que alguém pode tomar, é a melhor coisa, não tenho dúvidas disso", expressa entusiasmado.