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Da dor à inspiração: uma história feminina de superação

Depois de enfrentar um grave problema de saúde e atravessar um período de depressão, Annelise Fonseca transformou sua dor em propósito e hoje inspira mulheres em todo o mundo.


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Era uma sexta-feira comum quando Annelise Fonseca do Prado, aos 31 anos, sentiu uma dor estranha no peito. Sem dar muita importância, decidiu repousar, acreditando que era apenas um mal-estar passageiro. Mas, nos dias seguintes, a dor se intensificou. No hospital, o diagnóstico inicial foi de sinusite, e ela foi mandada para casa com medicação. Porém, algo estava errado. Seu corpo dava sinais de exaustão, e simples atividades, como caminhar ou levantar os braços, tornaram-se um grande esforço. O que ela não sabia é que seu pulmão havia colapsado, e seu estado era gravíssimo.

Annelise enfrentou dor e sofrimento por cerca de 10 anos (Foto: Arquivo Pessoal).

No quarto dia de dor intensa, Annelise foi levada novamente ao hospital. Ali, após novos exames, os médicos descobriram a real gravidade da situação: seu pulmão direito havia encolhido ao tamanho de uma laranja. O risco de uma parada cardiorrespiratória era iminente. Imediatamente, foi submetida a um procedimento emergencial para tentar estabilizá-la. "Quando me disseram que eu precisava de uma cirurgia de urgência, o medo foi indescritível. Mas, ao mesmo tempo, sabia que minha vida estava nas mãos de Deus", relembra.

Incerteza, dor e fé

O que parecia um susto passageiro se transformou em uma jornada de dor e incerteza. A primeira cirurgia não foi bem-sucedida, e ela precisou passar por um segundo procedimento ainda mais delicado. O pós-operatório foi desafiador: foram 14 meses ininterruptos de dor crônica, um sofrimento físico constante que nenhum medicamento conseguia aliviar. Tarefas simples, como pentear o cabelo ou dirigir, tornaram-se impossíveis. A cada dia, ela precisava enfrentar a frustração de um corpo que não respondia como antes e a angústia de não saber quando – ou se – voltaria a ter uma vida normal.

Surpresa: quando Annelise voltou da primeira cirurgia, no dia em que foi internada, essas foram as pessoas que lhe esperaram até o início da madrugada (Foto: Arquivo Pessoal).

Além da dor física, veio o impacto emocional. O peso de viver constantemente com dor e sem respostas médicas claras a levou a desenvolver ansiedade e depressão. "Era como estar presa em um túnel escuro, sem ver uma saída", conta. Durante esse período, muitas vezes ela chorava sozinha durante as madrugadas, sem conseguir dormir. Mas, nos momentos mais difíceis, encontrou forças na fé e no apoio da família. "Uma noite, em meio a uma crise de ansiedade, me lembrei de Filipenses 4:6-7. Comecei a agradecer a Deus por tudo que ainda tinha, e, aos poucos, a paz tomou conta do meu coração."

Propósito

Se antes a dor parecia insuportável, aos poucos Annelise percebeu que sua experiência poderia ser um testemunho poderoso. Apoiada pelo marido e pela família, ela decidiu buscar ajuda profissional e se reerguer. Com o tempo, encontrou no estudo do comportamento humano uma forma de ressignificar sua jornada. Tornou-se mentora e palestrante na área de comunicação e desenvolvimento pessoal, atendendo pessoas em mais de dez países. "Se minha dor pode ajudar alguém a se fortalecer, então valeu a pena", afirma.

Recuperação

Os médicos não tinham respostas definitivas sobre sua condição. Muitos chegaram a dizer que ela teria que conviver com dores pelo resto da vida, mas Annelise se recusou a aceitar essa sentença. Com acompanhamento médico contínuo, fisioterapia e um trabalho intenso de fortalecimento emocional, ela começou a recuperar sua autonomia.

Círculo familiar mais próximo, que acompanhou Annelise durante sua jornada desafiadora (Foto: Arquivo Pessoal).

Pequenos avanços tornaram-se grandes vitórias: a primeira vez que conseguiu lavar os cabelos sozinha, dirigir depois de meses, a noite em que finalmente conseguiu dormir sem dor. Cada conquista era um lembrete de que sua trajetória não terminaria no sofrimento. "Lembro do dia em que dei minha primeira caminhada sem precisar parar por causa da dor. Senti como se estivesse reaprendendo a viver", conta emocionada.

Com o tempo, os exames começaram a trazer boas notícias. O pulmão, antes comprometido, estava se regenerando. Os cistos que haviam surgido desapareceram. O médico que a acompanhava não escondia a surpresa. "Seu pulmão está limpo. Não há mais nada aqui", disse ele, deixando-a sem palavras. "Eu olhei para aquele exame e só conseguia pensar: Deus não faz milagres pela metade", afirma.

A partir de 28/10/21, toda vez que saíam do hospital, Juliano, marido de Annelise, a levava para ver tartarugas nas praias de Vitória/ES. "Aquilo era um bálsamo para o meu coração", diz ela (Foto: Arquivo Pessoal).

Mesmo com o avanço da recuperação física, Annelise sabia que ainda precisava vencer o medo. O trauma de anos de dor não desaparecia de um dia para o outro, afinal, foram quase 10 anos de sofrimento contínuo. "O maior desafio era emocional: confiar que eu realmente estava curada, que eu podia viver sem o receio de que tudo voltaria", compartilha. Aos poucos, ela aprendeu a abandonar o medo e abraçar a liberdade de uma vida plena.

Dia Internacional da Mulher

Neste Dia Internacional da Mulher, a história de Annelise é um convite à reflexão: quantas vezes nos deixamos abater pelas dificuldades sem perceber que nossa força está na forma como enfrentamos os desafios? "Nenhuma dor é em vão. Se colocarmos nossa vida nas mãos de Deus, Ele transforma o sofrimento em propósito", diz.

Hoje, aos 42 anos, Annelise não apenas celebra sua cura, mas também compartilha sua história para que outras mulheres encontrem forças para lutar. Sua vida é um testemunho de fé, resiliência e esperança. "Deus me deu uma nova chance, e eu quero usar essa vida para impactar outras", conclui.

Após tantas lutas, Annelise agora dedica sua vida para encorajar outras mulheres a enfrentarem seus problemas com atitude positiva e confiança em Deus (Foto: Arquivo Pessoal).