Depois de meses, lá estava Maria Clara entrando pelo corredor da capela do Colégio Adventista de Governador Valadares. Local conhecido da pequena, porém, em circunstâncias inesperadas. Um passo após o outro, Maria Clara conseguia enxergar mais nitidamente seus colegas de classe que há tanto tempo não via. "Oramos por você", "Nós te amamos, da turma 21", "Você é uma guerreira", eram as mensagens dos cartazes na parede à sua frente.  

Sete meses antes, Maria começou a sofrer com fortes dores abdominais e vômitos. Poderia ser apenas uma virose, pensaram. Com a insistência dos sintomas, o médico foi procurado e, após exames, descobriram que a criança não tinha nada. "Fomos pra casa e não tivemos nenhum diagnóstico", conta Maria Clara em um perfil criado no Instagram para compartilhar sua trajetória.  

Os médicos começaram a suspeitar que os sintomas poderiam estar ligados à dores emocionais, já que no ano anterior a menina havia perdido um avô, um tio e trocado de escola no ano seguinte. Mas as seções de terapias não estavam suspendendo os sintomas físicos e, novamente, a família foi indicada a procurar outra especialidade a fim de encontrar o problema. Consultaram um pediatra, gastro e psiquiatra, até que escutaram do neurologista, em 3 de maio, que a pequena Maria Clara estava com vários tumores no cérebro.  

O médico solicitou a transferência para a capital mineira, pois em Governador Valadares não havia suporte para o tratamento. "O susto foi tão grande que minha mãe simplesmente perdeu o chão", relata Maria Clara. Entretanto, durante todo o processo, a família manteve a fé de que Deus iria curá-la. Em seu perfil diario_milagredamaria (no Instagram), a família, sob a voz de Maria Clara, compartilha o intenso percurso dos 6 meses de internação.  

A garota de apenas 7 anos passou por sérios mal-estares decorrentes dos tumores. Por muito tempo, foi alimentada apenas por sonda. "Eu comecei junto com meus pais a fazer listas de coisas que eu queria comer e beber quando voltasse a engolir", relembra Maria Clara, "Eram coisas simples como melancia, manga, morango, suco de caju, água e água de coco". 

Coisas comuns, que passam despercebidas para a maioria das pessoas, começaram a ter muito valor na vida de Maria Clara. Durante a internação, "eu estava com muita saudade da minha escola, professoras, colegas e até das minhas atividades escolares", relata a aluna. A pedido da mãe, o colégio enviou as tarefas para Maria e ela pôde relembrar o prazer de estudar. "Não vejo a hora de voltar", desabafa.  

Entre pioras e melhoras, Maria Clara finalmente recebeu alta do hospital e retornou à sua casa. O tratamento ainda continua, porém, com uma frequência menor de idas ao hospital. A mãe, Jony Érica Paul, conta que durante esses meses de luta, a oração foi a chave da vitória. "Nós não temos como mensurar a quantidade de orações recebidas", exalta.