Gaúcho completa 40 anos trabalhando como colportor
Ao longo das décadas, Hilario influenciou outras pessoas a dedicarem a vida a compartilhar mensagens de saúde, esperança e de crescimento espiritual.
Hilario Smanoitto, 76, nasceu no interior de Farroupilha, no Rio Grande do Sul. Aos 20 anos se mudou para a cidade de Caxias do Sul, onde conheceu a Igreja Adventista do Sétimo Dia por meio de um amigo. Na época, trabalhava como motorista na Prefeitura de sua cidade. Ganhava bem e tinha o reconhecimento de seus superiores. Porém, sentiu Deus lhe chamar para trabalhar como um colportor efetivo credenciado, que é um profissional que promove saúde e bem-estar por meio da venda de livros e materiais.
Smanoitto ficou preocupado, pois queria muito fazer a escolha certa. Muitas vezes, em seu trabalho, ele entrava em uma sala para chorar, pois se sentia incapaz de trabalhar como um colportor. “Eu dizia: 'Deus, vou ter que enfrentar pessoas que têm vários talentos e eu não tenho nem estudo, só fiz até a sexta série. Mostra-me um sinal'”, pediu.
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Ao chegar em sua casa, bem no portão estava o seu amigo, Airton Gimenes, que já trabalhava com na colportagem há um tempo. Ao vê-lo, Airton disse: “Hoje eu vim aqui para te fazer um colportor”.
Hilario ficou muito emocionado com aquilo, e viu que era o sinal do céu para começar a trabalhar com a venda de livros. Seu amigo o treinou durante duas semanas, até que começou a fazer suas primeiras visitas sozinho.
Um tempo depois, ao visitar uma igreja em Canguçu, o gaúcho conheceu uma jovem adventista chamada Marlli, com quem casou-se e teve dois filhos: Jonas (33) e Joezer (28). Marlli trabalhava como professora, mas, no final do ano de 2007, decidiu acompanhar o seu marido nas visitas e ajudá-lo na parte contábil.
“Eu cuidava das finanças. Era como se fosse o caixa dele, que fazia a parte burocrática. Eu disse para o meu esposo: ‘Quero te ajudar a fazer esse serviço para sobrar um tempinho para sairmos com o nosso filho para passear’. Comecei a ajudá-lo e nunca mais parei”, compartilha Marlli.
Depois de 40 anos, Hilario e sua esposa continuam trabalhando neste ministério, que trouxe muitas experiências e dependência de Deus. “Tudo que temos hoje foi graças a Deus e também à colportagem. Nossa casa, carro, escola e faculdade para os nossos filhos, tudo vem do trabalho das publicações”, compartilha ele.
Discipulado
E a roda do discipulado começou a girar. Seu trabalho está além da prevenção e tratamento de doenças: leva até às pessoas a esperança de uma restauração espiritual e emocional. De casa em casa, Hilario deixa sementes sobre a Bíblia e as promessas contidas nela.
Ao longo do tempo, ele treinou várias pessoas para exercerem este trabalho, dentre eles, o seu cunhado e alguns amigos. “A nossa igreja era conhecida como igreja dos colportores, pois muitos ali estavam também trabalhando exclusivamente com isso”, conta Marlli.
Para Tiago Procópio, diretor de colportagem da Associação Sul Rio-grandense (ASR), uma das sedes regionais da Igreja Adventista no Rio Grande do Sul, o trabalho desses homens e mulheres é crucial para a pregação do evangelho no tempo do fim. “O trabalho do colportor efetivo se assemelha ao trabalho dos valdenses, lançando sementes e preparando as pessoas para a volta de Jesus”, pontua.
Mas afinal, o que é colportagem?
A colportagem é uma oportunidade oferecida pela Igreja Adventista, ligado ao Ministério de Publicações, para que jovens possam adquirir recursos para completar seus estudos ou outras necessidades por meio da venda de livros. Normalmente, as atividades acontecem no período das férias, duas vezes por ano. Mas para quem quer se dedicar exclusivamente a isso, existe a possiblidade do jovem/adulto trabalhar em período integral como colportor efetivo, assim como Hilario e sua esposa.