Concílio reafirma "DNA” da Educação Adventista no Nordeste
Evento reuniu 172 líderes das 15 escolas adventistas para fortalecer a missão e a identidade educacional da rede
Com o propósito de fortalecer a identidade, alinhar estratégias e reafirmar a missão profética da rede, cerca de 172 educadores adventistas participaram do Concílio de Educação Adventista do Nordeste, promovido pela União Nordeste Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia. O encontro, realizado entre os dias 19 a 22 de junho, com o tema “DNA”, reuniu a equipe gestora das 15 unidades escolares localizadas nos estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí, abrangendo desde diretores administrativos, coordenadores pedagógicos e capelães, até líderes das sedes administrativas da igreja nas seis regiões.
Mais do que um evento formativo, o concílio se propôs a ser uma experiência vivencial e transformadora, onde cada participante foi desafiado a revisitar os fundamentos da filosofia educacional adventista, compreendendo que o DNA da rede não está apenas na excelência acadêmica, mas principalmente na sua mensagem escatológica, evangelística e restauradora.
“Nós estamos completando 130 anos de existência no Brasil, e pode parecer clichê falarmos sobre filosofia educacional adventista — afinal, fazemos isso há mais de um século. Mas precisamos relembrar constantemente quem somos, onde estamos e para onde vamos. Isso tem a ver com a nossa identidade”, destacou Henilson Erthal, diretor de Educação para o Nordeste e coordenador do evento.
DNA: um código de missão
A metáfora do DNA — o código genético que define quem somos — guiou todas as ações do concílio. A proposta foi clara: refletir sobre o que constitui a essência educacional adventista, o que deve ser herdado pelas próximas gerações, e como essa herança precisa ser materializada em cada sala de aula.
“DNA é uma associação entre o que nos constitui como humanos — transmitindo nossa herança para as próximas gerações — e o nosso DNA educacional. Estamos aqui hoje, mas precisamos preparar uma geração que dará sequência a esse legado, se Jesus não voltar em nossa geração”, completou Erthal.

Todos os dias, a Bíblia foi aberta como fonte de autoridade e fundamento da missão. Os devocionais conduzidos pelo pastor e mestre em Ciências da Religião, Hélio Carnassale, direcionaram os olhares para a origem e o destino da Educação Adventista.
“A obra de educação não é uma obra isolada da missão da igreja. Quando Deus estabeleceu o movimento adventista, Ele ofereceu, por revelação, instruções para que alguns ministérios fossem estabelecidos. O grande objetivo da obra educacional é preparar os filhos da igreja como missionários. E esse é o grande propósito da educação: levar alunos e professores aos pés de Cristo”, destacou Carnassale.

Formar gestores que formam discípulos
A programação foi elaborada para provocar a reflexão e a ação de quem lidera as escolas no cotidiano. Os gestores participaram de workshops práticos, jogos de negócios com equipes mistas com simulações de casos reais, e apresentações no estilo TED Talks, abordando temas como Pedagogia Adventista e Redenção, Encantamento de Clientes, Educação como Ferramenta Evangelística, bem como Liderança em Equipe.

“Esse é o grupo de gestão que forma opinião e trata de elementos estratégicos. Aquilo que vai acontecer em sala de aula precisa ser refletido, primeiramente, por este grupo. A grande realização de uma escola é o aluno e o professor. Se esse relacionamento estiver desconectado da nossa filosofia, ele não cumprirá seu objetivo”, reforçou Carnassale.
Uma das participantes do evento, Amanda Silva, é coordenadora pedagógica das escolas adventistas do Ceará. para ela, a temática abordada no evento foi uma virada de chave: “As nossas escolas nasceram para preparar nossos filhos e alunos para uma missão. Tenhamos coragem para sermos fiéis a esses fundamentos. Participar deste encontro foi relembrar nossa identidade e o DNA da nossa missão”, afirmou.

Uma mensagem única para um tempo profético
A doutora em Educação Talitha Silva chamou a atenção dos participantes para a singularidade da rede adventista diante de outros sistemas confessionais. Segundo ela, o chamado profético é o que diferencia a Educação Adventista, com base, principalmente, no capítulo 14 do livro de Apocalipse.
“Nós somos um povo remanescente com uma mensagem apocalíptica. Temos um compromisso com as três mensagens angélicas. Não podemos ter outra mensagem senão a mesma. A terceira mensagem angélica faz parte do nosso DNA, da nossa identidade. Nosso foco é preparar uma geração que vai advertir ao mundo e também receber aqueles que quiserem estar sob a influência educacional. [.A cosmovisão bíblico-cristã só é vigente se ela se materializa na prática. Senão, ela não existe”, enfatizou Talitha Silva.

Atualizar a linguagem sem perder a essência
Parte essencial da programação foi dedicada à revisão de conteúdos e propostas curriculares à luz da filosofia da instituição. A mestre em educação, Fúvia Franks, coautora do livro Pedagogia Adventista, destacou a importância de adaptar a linguagem sem perder o conteúdo: “A reformulação dessa obra foi pertinente para revigorar algo que é nosso, trazendo o conteúdo em uma linguagem adequada para os nossos dias. Revisitar nossos professores, trazer informações nas quais acreditamos e que dão base a tudo o que fazemos na Educação Adventista. Podemos ter olhares educacionais contemporâneos, mas não podemos perder de vista aquilo que nos diferencia. Pedagogia Adventista é isso: nossa maior diferença educacional.”

Reconhecimento e celebração de resultados
Durante o concílio, as escolas também foram reconhecidas por seu desempenho. A cerimônia “Melhores do Ano” premiou mais de 40 áreas distintas de gestão e coordenação, destacando boas práticas, avanços acadêmicos, inovação pedagógica e impacto missionário.


Novas frentes, mesmo DNA
O concílio também marcou o fortalecimento de quem está ainda em bases de construção, como é o caso do Colégio Adventista de Teresina, no Piauí. A nova escola, que está na etapa final de construção, nasce já com a consciência da missão.
“O Colégio Adventista de Teresina está nascendo e precisa de todo um processo de preparo. Precisamos preparar meninos e meninas para o Reino de Deus. Temos um propósito missionário e profético. E é isso que queremos evidenciar na nova escola de Teresina”, contou o gestor da unidade e participante do concílio, professor Eduardo Pedro.

Missão clara, propósito renovado
O Concílio "DNA" chegou ao fim com uma mensagem clara: a Educação Adventista no Nordeste não existe sem propósito nem missão. O compromisso da rede é formar alunos que pensem, sirvam, liderem e anunciem a breve volta de Jesus, tendo como base os pilares de criação, redenção e restauração em Cristo.
A reflexão final do encontro ressoou entre os participantes: se a mensagem da rede é profética, como ela se traduz nas práticas diárias das escolas? A resposta vai além do currículo — está no caráter de cada educador, gestor e estudante que carrega, em sua vivência, o DNA da missão.
