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Comunidade em situação vulnerável recebe ações do "Quebrando o Silêncio" no Maranhão

O projeto que fomenta o combate à violência sexual infantil levou informação, encorajamento e auxílio psicológico para as famílias do Recanto Universitário.


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Ações de conscientização foram realizadas em escolas e bairros distantes, com o objetivo de levar informação e oferecer apoio às vítimas. (Foto: NUCOM - ASuMa)

Passa o tempo, mas as lembranças não se apagam da memória. Aos 58 anos de idade, Maria Lúcia ainda carrega na alma as marcas do abuso sexual sofrido na infância, um trauma que trouxe consequências negativas para a vida adulta.

Apesar do sofrimento ao falar do assunto, a dona de casa vê com esperança ações de conscientização como as do Quebrando o Silêncio, que este ano aborda a temática espinhosa, mas importante de se discutir.

“Achei muito importante as palestras na igreja, a gente tem que ter muito cuidado com nossas crianças, sobrinhos, netos, porque a maioria dos abusos são na família. Eu fui abusada por um irmão adotivo e minha mãe não acreditava em mim. Hoje está mais fácil de denunciar, não podemos nos calar”, revelou.

Um dos maiores dramas das vítimas é o medo de denunciar o abusador, ou até mesmo ser descreditada, como foi o caso da Maria Lúcia, que mora no Recanto Universitário, bairro de Imperatriz, segunda maior cidade do Maranhão. O local é um dos que registra maiores índices de violação de direitos e de violência sexual contra crianças e adolescentes segundo dados do Conselho Tutelar.

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Crianças e adolescentes são as principais vítimas de violência sexual e o projeto nas escolas ajuda a identificar sinais de abuso. (Foto: NUCOM - ASuMa)

Nesse sentido, a Igreja Adventista direcionou para aquele bairro ações do Quebrando o Silêncio, campanha que há mais de 20 anos combate diversos tipos de violência em toda a América do Sul, no sentido de levar informação e orientar sobre a melhor forma de se livrar de traumas.

O projeto Quebrando o Silêncio ganha ênfase no mês de agosto, onde todas as igrejas adventistas se engajam em ações de conscientização como passeatas, pitstops, visitas a órgãos de proteção à criança e ao adolescente e palestras em escolas.

Campanha de conscientização em instituições de ensino

No sul do Maranhão mais de 100 mil revistas foram distribuídas e centenas de escolas foram contempladas pelo projeto. (Foto: NUCOM - ASuMa)

O projeto Quebrando o Silêncio conta com o apoio do material impresso, que são revistas adulto, adolescente e infantil; na região sul do Maranhão foram distribuídos mais de 100 mil exemplares, 20 mil só em Imperatriz.

Levar informação para o ambiente escolar é um dos métodos mais eficazes de romper com o ciclo da violência, que estatisticamente, na maioria dos casos ocorrem no ambiente familiar.

Como parte do plano de ação, centenas de instituições de ensino foram contempladas com palestras e com a distribuição gratuita dos materiais para estudantes e professores; em Imperatriz, com destaque para a Escola Municipal de Educação Bilíngue para Surdos Professor Telasco Pereira Fialho.

“Nossa presença nesses ambientes é necessária e impactante. É comum recebermos um feedback após a palestra, seja em forma de agradecimento ou até mesmo denúncia. Temos que proteger nossas crianças, esse é um papel da sociedade, é um papel importante como igreja”, afirma Vanessa Barros, coordenadora do projeto na região sul do Maranhão.

Parceria da igreja com o poder legislativo

A Tribuna Popular na Câmara Municipal de Imperatriz reforça o compromisso da Igreja com o problema social e a diminuição dos indices nessa região. (Foto: NUCOM - ASuMa)

O assunto também ganhou destaque na Câmara Municipal de Imperatriz, por meio de uma Tribuna Popular realizada na manhã dessa quarta-feira (28).

Com dados nacionais, estaduais e regionais, foi apresentado aos vereadores e ao público presente o panorama da violência sexual infantil e a urgente necessidade de se proteger crianças e adolescentes de abusos que podem levar as vítimas a estágios críticos de adoecimento mental e dificuldade de interação social.

No maranhão só no primeiro trimestre deste ano foram registrados 371 casos de abuso sexual infantil, uma média de quatro por dia, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Em Imperatriz dados do Centro de Referência de Assistência Social – CREAS, apontam que nos primeiros seis meses foram registrados 162 casos, sendo que mais de 50% das vítimas são meninas.

As ações auxiliam as vítimas a identificarem situações de abuso e pedirem um basta. (Foto: NUCOM - ASuMa)

A conselheira tutelar Hayde Dayane reforça que é dever dos adultos proporcionar um ambiente seguro para crianças e adolescentes, e que todos têm que ficar atento aos sinais: “Esse projeto é de extrema importância porque oferece ferramentas para pais e responsáveis entenderem e ensinarem as crianças sobre seus corpos e seus direitos, tendo condições de identificar sinais de abuso e tomar as providencias cabíveis”, finaliza.

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