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Com as novas gerações, líderes da Igreja têm o desafio do “discipulado de telas”

Um resumo do que você vai ler nesta reportagem: Editora da lição da Escola Sabatina para adolescentes e da Meditação da Mulher, Neila Oliveira apresentou palestra a líderes adventistas da Bahia e de Sergipe aconselhando a instruir as novas gerações c...


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Para Neila Oliveira, é preciso mais atenção a instrução para adolescentes sobre cosmovisão bíblica.

Um resumo do que você vai ler nesta reportagem:

  • Editora da lição da Escola Sabatina para adolescentes e da Meditação da Mulher, Neila Oliveira apresentou palestra a líderes adventistas da Bahia e de Sergipe aconselhando a instruir as novas gerações com a cosmovisão bíblica, ante a emergência de uma cultura de entretenimento digital que transformar o Mal em algo atraente.
  • As soluções encontradas pela Igreja para cativar adolescentes ao estudo da Bíblia, das profecias e do envolvimento missionário.
  • O desafio da liderança para ampliar alcance nas igrejas locais do conteúdo digital produzido pela igreja em plataformas diversas (filmes, séries, podcasts, games)
  • Como a missão ajuda a um relacionamento duradouro dos adolescentes e jovens com a Igreja.

Em um mundo onde dispositivos inteligentes e algoritmos de busca mantém as pessoas sempre conectadas, educando e divertindo, a Babilônia digital é o novo contexto para o discipulado. A afirmação é de David Kinnaman, presidente do Barna Group, empresa americana de pesquisas com foco em questões de fé, espiritualidade, opinião pública e dinâmicas culturais, no seu livro recente, “Faith For Exiles” (fé para exilados, ainda sem tradução para o Brasil). Com base em estudos, o livro mostra desafios para as novas gerações seguir a Jesus. Kinnaman reflete que a onipresença e o poder da era digital, interconectada, estão afetando a forma como moldamos nossas almas, exigindo um “discipulado de telas”.

A percepção do autor americano ajuda a dimensionar a mensagem devocional da redatora e editora da Casa Publicadora Brasileira, Neila Oliveira, na segunda-feira, 24 de agosto, durante o Concílio de Administradores e Departamentais (Líderes de Ministérios) da União Leste Brasileira, sede da Igreja Adventista do Sétimo Dia para Bahia e Sergipe. O evento ocorre de forma híbrida, em Aracaju, SE. Editora da lição da Escola Sabatina para adolescentes e da Meditação da Mulher, Neila se utilizou de uma reflexão sobre movimentos recentes da indústria do entretenimento digital, abordando séries e filmes diversos, para mostrar que a influência de boa parte desta cultura já não disfarça a relativização entre o bem e o mal. Pelo contrário, a coloca em outra dimensão, ao criar narrativas que repaginam o mal a um ponto de torná-lo atraente. Para Neila, é preciso instruir as novas gerações com uma cosmovisão bíblica, ensinando de forma a despertar nos adolescentes uma relação especial com a Bíblia. “A luz da Palavra de Deus aniquila o mal, mas gastamos pouco tempo instruindo os adolescentes. E com a Bíblia não devemos brincar, existem limites que precisam ser respeitados”, disse.

Uma pesquisa realizada pela divisão de mídia do instituto Nielsen Brasil mostrou, no final do ano passado, que 42,8% dos brasileiros assistem conteúdos de streaming todos os dias. Entre os mais jovens, o uso dessas plataformas prevalece: 77,2% dos respondentes têm entre 24 a 35 anos. Entre o segmento de 16 a 23 anos, o percentual que consome conteúdo de streaming diariamente é de 76,8%. São dados que valorizam a importância do tema apresentado por Neila Oliveira.

Soluções para cativar os adolescentes ao estudo da Bíblia e envolvimento missionário

Mais do que alertar, a realidade é um convite a buscar soluções para ocupar o tempo dos adolescentes de forma a gerar conexões com a Bíblia e pela missão. É o que pensa Eliane Lopes, líder do Ministério da Criança e do Adolescente da Igreja Adventista para Bahia e Sergipe. Eliane citou exemplos de iniciativas que têm ajudado a criar conexão no relacionamento entre os adolescentes e a Bíblia. E com as profecias também. Uma delas é o “Quiz”, uma prova trimestral baseada na série “Conflitos”, contendo uma tradução adaptada para as novas gerações dos livros clássicos de Ellen White sobre a Bíblia e as profecias. “É como se fosse um Bom de Bíblia sobre profecias”, afirma a líder, referindo-se ao programa da TV Novo Tempo que testa os conhecimentos bíblicos dos participantes. Para motivar o engajamento dos adolescentes com o projeto, o departamento oferece prêmios para os meninos e meninas, e para suas comunidades, conhecidas nas igrejas baianas e sergipanas como Base Life Teen. Atualmente, cerca de 3 mil adolescentes participam do Quiz.

Para Eliane Lopes (à direita), maior envolvimento da liderança local da igreja com iniciativas digitais e de instrução para crianças e adolescentes ampliaria alcance e mobilização. (Crédito: Thiago Fernandes)

Eliane acredita que projetos assim terão capacidade ainda maior de envolvimento dos adolescentes se a liderança das igrejas locais demonstrar apoio direto a essas iniciativas. “Seria bom ver um líder de igreja convidar o adolescente que ganhou uma prova de conhecimentos sobre profecias e fazer uma oração com ele, mostrar para toda a igreja apoio e reconhecimento”, afirmou. Sua declaração aponta para uma realidade: a igreja tem alternativas bíblicas a uma produção cultural digital que distorce ensinamentos bíblicos. Estas alternativas, porém, carecem de maior reconhecimento e utilização nas igrejas locais. Por isso é tão importante conscientizar os líderes das igrejas e grupos sobre esses serviços.

O desafio da liderança para ampliar alcance das alternativas digitais da Igreja

Projetos como Feliz7Play, serviço gratuito de streaming, com séries e filmes para os adolescentes, crianças, jovens e adultos, deveriam se tornar mais conhecidos. Há outros serviços, como o 7Cast, que traz podcasts bíblicos e contextualizados para os dias atuais. E até mesmo games, como o Bible Heroes, disponível em todas as plataformas digitais. Serviços que deveriam se tornar comuns no trabalho das igrejas com os adolescentes. Mas que precisariam, para isso, de mais envolvimento da liderança na sua promoção.

Envolvimento com a missão ajuda adolescentes e jovens a uma relação mais duradoura com a Igreja, disse o pastor Davi França. (Crédito: Thiago Fernandes).

É preciso ampliar o interesse e a repercussão, aconselha Eliane Lopes.  Além do projeto que testa o conhecimento das profecias, o Ministério da Criança e do Adolescente tem outras ações: a realização anual de webinar de mídia para esse segmento, a realização de ações mensais gerando movimento nas comunidades da Base Life Teen, com produção de conteúdos digitais, nas redes sociais, sobre temas comuns à Igreja (no mês de agosto, o foco foi a campanha Quebrando o Silêncio, com adolescentes produzindo vídeos, áudios e outros conteúdos sobre o problema do abuso e da violência familiar) e o projeto Fisher, que prepara adolescentes para o evangelismo digital.

Missão ajuda a relacionamento duradouro dos adolescentes e jovens com a Igreja

O envolvimento de adolescentes com a missão da Igreja, aliás, é uma maneira de levá-los a um relacionamento mais duradouro com a fé e a experiência missionária vivida em comunidades adventistas. E poderia ajudar a estancar a saída de pessoas das igrejas nesta faixa etária. No relatório da Secretaria Executiva da Igreja Adventista para Bahia e Sergipe, aponta uma perda de 33%, nos últimos cinco anos, de pessoas que saíram da igreja nesses dois estados, na faixa de 17 a 29 anos. “Quando adolescentes e jovens se envolvem com a Igreja, como acontece com o clube de desbravadores, ou a Missão Calebe, é mais difícil sair da Igreja”, disse o pastor Davi França, secretário da Igreja para baianos e sergipanos.

Uma prova disso aconteceu no próprio concílio, com o batismo de Gabriela Santos, 13 anos, depois de estudar a Bíblia com as amigas Isabelly Kailayne, 11 anos, e Sarah Oliveira, 13. As adolescentes, que moram em Laranjeiras, compartilham estudos da Bíblia com as amigas. Gabriela começou a estudar com elas e em pouco tempo decidi ser batizada. “Decidi viver a mesma experiência que elas”, disse, após a cerimônia. Juntas, Sarah e Isabelly estão estudando a Bíblia com outra amiga. E Sarah ainda ensina a Bíblia para duas amigas, individualmente. “Não se combate o mal com o mal. É preciso combater o mal com o bem, e para isso é preciso ocupar o tempo dos adolescentes para despertar esta admiração pela Bíblia”, concluiu Eliane Lopes.