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Coluna | Wilson Borba

Aspectos da justificação pela fé em Romanos

Será que a justificação pela fé anula a validade da lei de Deus? Nosso colunista Wilson Borba responde a isso nesse artigo.


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Este artigo comenta quatro aspectos da justificação apresentados na carta do apóstolo Paulo aos Romanos. Inicialmente ele descreve três coisas: (1) Deus revelou-se aos gentios e aos judeus (Romanos 1:18-20; 2:17-20); (2) Devido à revelação concedida, gentios e judeus são indesculpáveis pelos seus pecados (1:19-21, 25, 28; 2:1, 21-24); (3) Deus julgará aos gentios e aos judeus (2:11-16). A seguir o apóstolo declara que sem distinção todos pecaram (3:23). Já no capítulo 4 ele cita Abraão e Davi, dois destacados representantes do povo judeu.

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Ora, se eles necessitaram de justificação e perdão, logo todos os judeus também necessitam. Por não serem judeus, os gentios poderiam se considerar excluídos das promessas de Deus. Mas, no capítulo 5, Paulo faz um paralelismo antitético contrastando Adão e Cristo, os dois representantes máximos da humanidade. Todos, judeus e gentios foram incluídos nas trágicas consequências do pecado de Adão, entretanto, a todos foi disponibilizado o dom gratuito para justificação pelo sacrifício e morte de Cristo.

Nesta carta, Paulo responde à pergunta: “Como o pecador é justificado e perdoado?”

A) Somos justificados pela graça: “sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (3:24). Com a universalização do pecado e a total incapacidade do homem para apresentar-se justo diante de Deus, a salvação só poderia ser por um ato de graça da parte do próprio Deus, concretizado pela morte de Cristo na cruz.

B) Somos justificados pelo sangue de Cristo: “Muito mais agora, que fomos justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (5:9). Paulo apresentou todos, judeus e gentios debaixo da ira de Deus (1:18; 2:8-11),… a qual é sua ardente indignação contra o pecado. Ora o pecado é a transgressão da imutável lei dos Dez Mandamentos (Romanos 7:7; 1 João 3:4), e seu salário é a morte (6:23). A fim de ser justo mantendo a lei, e prover justificação ao pecador, Deus tomou sobre si o castigo dos transgressores (Isaías 53:5; Romanos 3:26). Mas Deus não nos ama em virtude do sacrifício propiciatório de Cristo; porque nos amava providenciou aquele sacrifício (1 João 4:10).

C) Somos justificados pela fé em Cristo: “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (5:1). Ele providenciou nossa reconciliação com Deus e sua Lei. O resultado é paz interna, paz externa e paz eterna. Que maravilhoso amor! “..justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos [e sobre todos] os que creem. Não há distinção” (Romanos 3:22). Assim como não há distinção no fato de que todos pecaram, também não há em relação ao método divino de salvar a cada um. Enquanto graça é a mão de Deus estendida ao homem, fé é a mão do homem estendida para Deus. Mas nossa fé não tem mérito algum, pois é dom de Deus (Efésios 2:8). Ela simplesmente toma o que Deus dá. O poder do evangelho é suficiente para salvar a todos, mas infelizmente não é eficiente em todos, porque muitos recusam crer. D) Os que praticam a Lei hão de ser justificados: “Pois os que ouvem a Lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a Lei hão de ser justificados” (2:13). O contexto deste versículo é o juízo. Paulo combateu dois crassos erros teológicos em relação ao uso da Lei de Deus: as obras da Lei ou legalismo (3:20), e o antinomianismo (3:31).

Enquanto legalismo é obediência à lei como meio de salvação, antinomianismo é negação da importância da lei para o cristão. Os judeus tropeçaram no legalismo, porém a função da lei nunca foi salvar, e sim definir o pecado: “...Pois eu não conheceria a cobiça, se a Lei não dissesse: Não cobiçarás” (7:7). Já os gentios poderiam tropeçar no conceito antonomianista da fé vazia. Assim, Paulo os vacinou: “Anulamos a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes confirmamos a Lei (3:31). A fé em Cristo não anula a Lei de Deus, mas a confirma, e exalta. O evangelho veio a existir porque a Lei de Deus é imutável. Sem Lei, não haveria pecado e nem pecadores. E que necessidade teríamos de um Salvador se a Lei divina pudesse ser anulada? Note, a graça divina é a fonte, o sangue de Cristo o meio, e a fé a maneira pela qual nos apossamos da justificação. E a obediência à lei? A guarda da Lei não salva, mas sua transgressão traz condenação. A obediência à lei não é a fonte, nem a base, e nem o meio pelo qual vem a justificação.

Não é a maneira pela qual tomamos posse da mesma, pois nossa única contribuição para nossa salvação são os nossos pecados. A obediência à Lei por amor a Jesus Cristo é fruto e evidência da justificação. É o novo estilo de vida dos salvos. Você pergunta: “Já aceitei a Cristo como meu Salvador. Pela fé nele recebi perdão de todos os meus pecados. Por amor ao meu Jesus, como devo viver de agora em diante?” Não mais na carne, mas no Espírito, sujeito à Lei de Deus (Romanos 8:6-9). “Aqui está a perseverança dos santos, daqueles que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Apocalipse 14:12).

Wilson Borba

Wilson Borba

Sola Scriptura

As doutrinas bíblicas explicadas de uma forma simples e prática para o viver cristão.

Bacharel em Teologia pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), campus São Paulo. Possui mestrado e doutorado na mesma área pelo Unasp, campus Engenheiro Coelho. Possui um mestrado em Sagrada Escritura e outro doutorado em Teologia pela Universidade Peruana Unión (UPeU). Ao longo de seu ministério foi pastor distrital, diretor de departamentos, professor e diretor de seminários de Teologia da Igreja Adventista na América do Sul.