O Natal, em muitos aspectos, é a festividade mais forte do ano. O impacto dele já chegou lá em casa, pois meus filhos estão querendo saber o que vão ganhar de presente no dia 25 de dezembro. Mesmo que eu quisesse ignorar a data, a influência da mesma é inevitável, pois, no mínimo, longas conversas seriam necessárias para acalmar as crianças. Mas elas vão ganhar presentes. E a minha preocupação não é tanto com meus filhos. Graças a Deus, temos condições de agraciá-los com brinquedos bons e baratos que os satisfaçam.

Entretanto, como pastor, vou a becos, valos, casebres e lugares insalubres, e tenho o claro conhecimento de que inúmeras pessoas vivem em condições indignas. A luta pela sobrevivência é tão grande, que uma data como o Natal não faz diferença para aqueles sofredores. E ali, sei que existem milhares e milhares de crianças cuja fome é tanta que pouco sabem o que seria pensar em qual brinquedo ganhar. Muitas delas nem mesmo sobreviverão para ver sonhos realizados, portanto nem sonhos têm.

Mas podemos fazê-las sonhar. E como já escrevi num artigo passado, sonhar é viver. Então, há algumas semanas, lá no corredor do nosso apartamento, tem uma pilha de roupas, livros, brinquedos e objetos que, a cada dia, está crescendo. Cada um dos meus filhos ganhará apenas um presente neste Natal, mas nem sabem ainda quantos brinquedos doarão. Eu fico imaginando como será a reação daquelas crianças que receberão nossas doações, em contraste com a atitude do meu filho quando ganhar seu presentinho de Natal. O que você acha? Qual resposta vai ter uma expressão mais cheia de vida?

Desconfortos no Natal

No Natal, temos, também, desconfortos. Sinto-me incomodado em fazer uma considerável doação de alimentos no Natal, quando penso na desproporcionalidade do que se faz pelos carentes durante o resto do ano. É claro que não é por isso que deixaremos de fazer os mutirões de natal, pois “as festividades de Natal e Ano Novo podem e devem ser celebradas em favor dos necessitados. Deus é glorificado quando ajudamos os necessitados que têm família grande para sustentar” (Ellen White, Manuscrito 13, 1896).[i] Mas além disso, se alguém precisa de ajuda quanto ao que comer, devemos procurar alimentá-lo sempre que precisar. Por isso, se a campanha é natalina, faço questão que tenha outras coisas, como por exemplo, brinquedos. O Natal deve trazer um brilho especial de vida. Você já notou o quanto a vida dessa data tem sofrido ataques? Observe a enorme quantidade de filmes, propagandas, comentários jornalísticos, festas e campanhas que, ao mesmo tempo em que dão um enorme glamour ao Natal, tiram do mesmo qualquer menção cristã. E se é assim, que significado esses secularistas pensam que essa data tem? Faria sentido colocar tanta ênfase numa comemoração que não tem nenhum sentido?

O que o Natal representa para a sociedade? Para uns, comércio. Para muitos outros, feriado cheio de festas. Essas duas coisas são vazias em significados. Mas quando alguém, mesmo um sem-igreja, que gosta de pensar mais um pouquinho e buscar saber o que esse feriado e festas significam, a resposta que ele vai encontrar na mente das pessoas é o nascimento de Cristo. Como não há um registro da data em que Jesus nasceu, escolhem uma data para lembrar que um dia Ele veio à vida neste mundo. Como cristãos, poderíamos ficar indiferentes a esta grande oportunidade de falarmos da verdadeira vida que é oferecida a todos os seres humanos?[ii]

Perceba como o Salvador realmente trouxe vida! Mesmo sendo apenas simbólico, e ao mesmo tempo tão atacado, não existe um feriado mais vivo que esse que está sendo roubado pelo Papai Noel. É claro que essa energia natalina é mal canalizada muitas vezes. Quase tudo no mercado passa a ter mais vida, bem como nas festas e nas bebedeiras. Mas quando se reacendem as luzes, os relacionamentos também podem ser revitalizados. O Natal costuma trazer mais vida ao espírito solidário, às afetividades familiares e aos laços fraternais. Mas e Jesus, onde fica? Ele está aqui, na minha Bíblia, acaba de passar pelo presente texto, chegou até sua mente, por meio da sua leitura e pode descer ao seu coração, se você permanecer nEle. “Portanto, assim como vocês receberam a Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele, enraizados e edificados nele, firmados na fé, como foram ensinados, transbordando de gratidão” (Colossenses 2:6-7).

Ele foi o único vivente neste planeta que escolheu nascer aqui, pois tinha a intenção maior de nos dar a vida eterna. “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Ele estenderá o seu domínio, e haverá paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, estabelecido e mantido com justiça e retidão, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isso... Então ouvi uma forte voz dos céus que dizia: ‘Agora veio a salvação, o poder e o Reino do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo’” (Isaías 9:6-7; Apocalipse 12:10).

Estude João 15 e descubra como ser um galho cheio de vida por estar ligado à verdadeira árvore que é Jesus. Por ter feito isso, poderá ser dito para você: “Não temais; porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo; pois na cidade de Davi [e no seu coração] vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lucas 2:11). Como consequência disso, você será uma bênção para muitas outras pessoas (João 15:5; Gálatas 5:22), por ter ido à fonte da vida, recebido vida e estar transmitindo vida. Só assim podemos ter uma celebração natalina que faça sentido e da qual se possa dizer: Feliz Natal!

 

[i] Silva Jr., Valdeci. Seria Errado ter Uma Árvore de Natal na Igreja?, http://www.nasaladopastor.com/2010/11/seria-errado-ter-uma-arvore-de-natal-na.html.

[ii] Para maior esclarecimento quanto à comemoração do Natal ser correta ou errada aos cristãos, veja http://www.nasaladopastor.com/search/label/Natal.