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Coluna | Valdeci Júnior

Que cidadãos somos nós?

Diante de tantas crises de valores, quão importante é a fidelidade a Deus expressa, por exemplo, na mordomia cristã, no ato de dizimar?


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(Foto: Shutterstock)

Que loucura! O Brasil está servindo de espetáculo ao panorama mundial de notícias. Bom ou ruim? Para muitos, uma vergonha; para outros, nem tanto. Mas, sem entrar em julgamento desse mérito, consigo ver, em nossa atual condição social, algumas situações que servem como boas ilustrações para o contexto espiritual que estamos vivendo também. Afinal, podemos imaginar que o preço do diesel talvez não tenha sido o único motivo para a greve dos caminhoneiros. Ou seja, os anseios da alma do brasileiro têm se multiplicado. E tudo isso faz parte de um mundo em conflito que se encaminha para um desfecho sobre o qual a ausência de uma consciência reveladora pode legar apenas o caos do desespero. Temos que tomar rumo. Para onde vamos?

Existe um certo pessimismo em muitos eleitores que acham que “as coisas vão piorar depois das eleições” porque “o brasileiro não sabe votar e não cobra os seus governantes a realização das promessas feitas nas eleições”[1]. O que você acha? O questionamento às autoridades que representam o povo é quanto à sua fidelidade em cumprir promessas? O que as pessoas querem é mais do que isso. O Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) revelou que a principal característica que o brasileiro gostaria de ver em seu presidente seria a honestidade[2]. E Maakaroun, doutora em Ciência Política, comenta que o “envolvimento em escândalos de corrupção é o principal fator de rejeição na hora de escolher um candidato”[3]. Claro, uma sociedade administrada com desonestidade e corrupção pode sucumbir[4].

Que bom que os cidadãos estão um pouco mais conservadores em alguns valores[5]. Contudo, ainda não é o suficiente. Feliz mesmo é a “nação cujo Deus é o Senhor (Salmo 33:12)”. Se você acha que estou sendo romântico demais, atente-se para o fato de que cada um de nós compõe uma comunidade maior. Ou seja, quem sou, de alguma forma, contribui para caracterizar o meio que represento. Quem você é? Quem somos? Nosso chamado é para sermos uma “geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que [nos] chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1Pedro 2:9)”, porque Ele quer que sejamos “cidadãos do Céu (Filipenses 3:20)”. E eu lhe pergunto: Nação santa é corrupta? Certo, não é. Cidadão do Céu é honesto? Ok, com certeza, sim. Todavia, não é só isso.

“Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel (1 Coríntios 4:2)”. Uma das características de um verdadeiro reavivado é a estrita obediência[6]. Em uma palavra: fidelidade. Nunca alcançaremos reavivamento e reforma sem sermos dedicados à prática da mordomia cristã. “Se os homens retiverem o que pertence a Deus, o Senhor declara abertamente: ‘Com maldição sois amaldiçoados’”[7]. A maior prosperidade da nação de Judá foi durante o reinado de Ezequias. Examine 2 Crônicas 29-31. Ezequias “fez o que era certo perante o Senhor (29:2)”, “estabeleceu o ministério (29:35)”, cumpriu as ordenanças (30:5), promoveu o júbilo (30:26), removeu a idolatria (31:1)... E então, aconteceu aconteceu um grande reavivamento que resultou em reformas práticas, como por exemplo, as devoluções de dízimos e doações de ofertas (31:4-5 e 12).

Ato de dizimar e ofertar

Na Bíblia, o ato de dizimar é um símbolo de fidelidade que se relaciona diretamente com o reavivamento do coração. Da época de Neemias, também temos outro exemplo da administração e da mordomia idealizadas por Deus. Depois que o profeta reformou a casa de Deus (Neemias 13:4), o povo de Judá levou seus dízimos e ofertas e os entregou (verso 12). “A relação entre reavivamento, reforma e dízimo é automática. Sem a devolução do dízimo, o reavivamento e a reforma são mornos, se é que há de fato um reavivamento. Muitas vezes, como cristãos, permanecemos ociosos quando devíamos estar ativamente envolvidos no lado do Senhor. O reavivamento e a reforma exigem um compromisso, e o dízimo faz parte desse compromisso. Se retemos de Deus o que Ele nos pede, não podemos esperar que Ele responda ao que Lhe pedimos”[8].

Nesses termos, você está sendo fiel? Se você está achando isso louco, saiba que, além escolher “aquilo que o mundo acha que é loucura” para colocar os que se acham sábios em seu devido lugar (1 Coríntios 1:27), o Senhor lhe comissiona a sacrifícios que o faça servir “...como espetáculo para o mundo inteiro... [pois,] por causa de Cristo nós somos loucos… (1 Coríntios 4:9-10)”. Onde você está colocando os seus recursos? No reino de Deus? “Onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração (Mateus 6:21)”. Portanto, a sua fidelidade, ou não, nos dízimos e nas ofertas, pode demonstrar se você realmente faz parte daqueles que “aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial (Hebreus 11:16)”, ou se está candidatado a decair do ministério porque talvez “se apaixonou por este mundo (2Timóteo 4:9-10)”. Pense bem.

Se Jesus falou que até as pedras clamariam (Lucas 19:40), hoje o que vemos é um mundo clamando por homens que sejam tão fiéis ao dever “como a bússola o é ao polo”, ainda que caiam os céus[9]. As pesquisas do IBOPE também já deixaram claro que, para praticamente 80% dos brasileiros que votarão nas eleições presidenciais, “é importante que o candidato acredite em Deus”[10]. Entendeu porque você não tem motivos para ficar indignado com este texto nem razões para se envergonhar das crenças bíblicas? Então, meu querido, mais que se indignar com a corrupção e procurar ser honesto, pratique a fidelidade cristã. Se você escolher ser esse tipo de cidadão do qual “o mundo não é digno (Hebreus 11:38)”, Deus não se envergonhará de você (verso 16)! Ele quer lhe abençoar tanto nesta vida (Deuteronômio 28:1-14), quanto no reino eterno que ele está preparando para você (Mateus 5:21). É para lá que temos que ir!


Referências:

[1]    CNDL - Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas & Serviço de Proteção ao Crédito. Expectativas dos consumidores para as eleições presidenciais 2018. Pesquisa realizada de 27/11/2017 a 07/12/2017. p. 4. Disponível em <https://www.spcbrasil.org.br/wpimprensa/wp-content/uploads/2018/01/An%C3%A1lise-Expectativas-dos-Consumidores-_-Elei%C3%A7%C3%B5es-2018-1.pdf>.  Acesso em: 30 Mai. 2018.

[2]    CNI - Confederação Nacional da Indústria. Retratos da sociedade brasileira: perspectivas para as eleições de 2018. Ano 7, n. 43. Brasília: CNI, fev, 2018, p. 11.

[3]    MAAKAROUN, Bertha. Brasileiro quer um presidente honesto, revela pesquisa. Estado de Minas. 17/01/2018. Disponível em <https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2018/01/17/interna_politica,931390/brasileiro-quer-um-presidente-honesto-revela-pesquisa.shtml>. Acesso em: 30 Mai. 2018.

[4]    GARCIA, Emerson. A corrupção. Uma visão jurídico-sociológica. Revista de direito administrativo. Rio de Janeiro, v. 233, p. 103-140, jul. 2003. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/45445>. Acesso em: 30 Mai. 2018; BREI, Zani Andrade. A corrupção: causas, conseqüências e soluções para o problema. Revista de administração pública. Rio de Janeiro, v. 30, n. 3, p. 103 a 115, abr. 1996. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/8088>. Acesso em: 30 Mai. 2018.

[5]    IBOPE Inteligência. Cresce o grau de conservadorismo do brasileiro em alguns temas. Rio de Janeiro, 15/04/2018. Disponível em <http://www.ibopeinteligencia.com/noticias-e-pesquisas/cresce-o-grau-de-conservadorismo-do-brasileiro-em-alguns-temas/>. Acesso em: 30 Mai. 2018.

[6]    FINLEY, Mark. Reavivamento e reforma. Lição da Escola Sabatina, Edição do Professor. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 3º trim. 2013. p. 55-65.

[7]    WHITE, Ellen. Conselhos sobre mordomia. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2007. p. 77.

[8]    MATHEUS, John H. H. Mordomia cristã. Lição da Escola Sabatina, Edição do Professor. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1º trim. 2018. p. 82.

[9]    WHITE, Ellen G. Educação. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001. p. 57.

[10]  IBOPE Inteligência. Pesquisa de opinião pública sobre assuntos políticos/ administrativos. Rio de Janeiro, 15/03/2018. p. 116-118 e 157. Disponível em <http://www.ibopeinteligencia.com/arquivos/JOB_0114_CNI%20-%20Relat%C3%B3rio%20de%20tabelas%20(imprensa).pdf>. Acesso em: 30 Mai. 2018.

Valdeci Júnior

Valdeci Júnior

Reavivamento e Reforma

A espiritualidade que leva à prática

Bacharel em Teologia Educacional e Mestre em Missão Urbana, trabalhou na Educação Adventista por 2 anos, na Escola Bíblica da Novo Tempo por 5 anos e é pastor de igrejas há 9 anos. Produz e apresenta o programa Reavivados Por Sua Palavra na Rádio Novo Tempo e é autor do livro REAVIVAndo & REFORMAndo.