Por que a crença sobre o Espírito Santo?
Razões por que é importante compreender um pouco mais sobre o tema da atuação do Espírito Santo em nossa vida como agente divino.
Faz alguns anos que a igreja tem lidado com certo número de membros que têm passado por dificuldades em compreender o que está revelado sobre o Espírito Santo. Você já parou para pensar por que foi que Satanás escolheu o assunto da personalidade do Espírito Santo para ser uma das suas principais ferramentas de ataque contra a igreja na atualidade? Dentre as muitas razões, vou destacar três, com a finalidade de refletirmos um pouco mais sobre como nos comportar diante do confronto doutrinário quanto à pessoa do Espírito Santo.
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Eventos finais em ameaça
Para que Jesus volte logo, o evangelho precisa ser pregado em toda a Terra. Segundo o que conhecemos dos estudos proféticos sobre os eventos finais, esse é um dos sinais que esperamos ver acontecer. E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim (Mateus 24:14). E nós, adventistas, como estamos em relação a isso? Somos mais de 21 milhões de adventistas ao redor de todo o planeta. Como denominação, oficializamos cinco igrejas por dia. No meio evangélico, não existe outra rede particular de ensino, nem de saúde, maiores que as dos adventistas. Calcula-se que, a cada 28 segundos, uma pessoa se torna adventista.
E você pode perguntar: “Mas e quanto aos que se apostatam?” Eu lhe respondo com outra pergunta: “E quanto à igreja invisível?” Estou me referindo aos adventistas em potencial, ou informais, frutos de ministérios silenciosos como a educação, as publicações e a mídia. Mais de cinquenta milhões de brasileiros têm a oportunidade de assistir ou ouvir os programas da Rede Novo Tempo em seu próprio lar. Em muitos casos, tais programas fazem todo o papel do ensino e da evangelização; o ouvinte, internauta ou telespectador passa a viver todos os ensinamentos cristãos que aprendeu, embora ainda não se relacione com a igreja; e essas pessoas costumam dizer que pertencem à “Igreja Voz da Profecia”, “Igreja do Pr. Fulano de Tal”, “Igreja da Novo Tempo”, etc. São “adventistas” que ainda não se afiliaram à instituição adventista.
A igreja está praticamente preparada para cumprir Mateus 24:14. Se você ler o livro de Denis Smith, O Batismo do Espírito Santo, vai perceber que para a igreja alcançar isso só lhe falta uma coisa: o batismo coletivo do Espírito Santo. E é exatamente isso que Satanás não quer ver acontecer. Pense: se, técnica e teoricamente, impedir que Mateus 24:14 se cumpra seria impossível, que outro acontecimento dos últimos dias poderia ser detido pelo inimigo? Que tal, a chuva serôdia? É isso aí! Porque o reavivamento seria um evento final profetizado que precisaria acontecer, caso contrário, Cristo não voltaria. Então, se a igreja não aceitar o Espírito Santo como Ele é, como irá recebê-Lo? Não é uma estratégia bem maligna?
Trabalho inútil
Eu poderia classificar as pessoas que apresentam questionamentos sobre a personalidade do Espírito Santo em três grupos distintos:
* Os que ainda não estão satisfeitos com sua própria compreensão sobre quem é a terceira pessoa da trindade e nos procuram com a finalidade de aprender mais. Muitos são até das mais diferentes denominações cristãs. Como nossa postura é evangelizar, temos o maior prazer em ensiná-los a respeito disso. Depois que nos procuram, a interação quase sempre termina em um amigável relacionamento de ensino-aprendizado, onde houve crescimento.
* Há as pessoas que também nos procuram porque têm dúvidas sobre quem é o Consolador, mas que se diferencia num ponto: como surgiu a dúvida. Neste caso, geralmente o indivíduo não tinha problemas com a compreensão doutrinária, até que alguém lhe apresentou outra interpretação. Como essa “nova luz” contradiz o que ele aprendera com a igreja, ele nos procura para receber explicações. Como está muito confuso, precisa de um cuidado muito especial.
*Há um grupo que já decidiu descrer na pessoa do Espírito Santo. Na maioria dos casos, o atendimento pastoral a esse tipo de pessoa segue uma sequência um tanto uniforme. Primeiramente, o “irmão” se apresenta com um material de conteúdo volumoso para apresentar suas razões de questionamento. Aparentemente quer aprender, mas o desenrolar do diálogo logo mostra que ele está pedindo uma satisfação da igreja, porque ele julga que a organização ensina de forma errada o tema. Visto não ser tão difícil defender nosso Amigo Intercessor por meio do que está revelado, os argumentos do questionador logo acabam, mas não o debate. É nesse ponto que ele revela as reais razões dos seus questionamentos, que são, quase sempre, as críticas à igreja. Possivelmente essa pessoa não assumirá suas motivações dissidentes. Sabe por quê? Provavelmente, também, essa pessoa não será humilde o suficiente para rever seus conceitos.
Como cristãos evangelizadores, a nossa humilde tarefa é mostrar às pessoas o que está revelado sobre Deus. Nesse esforço, abrimos a Bíblia e as ajudamos com algumas explicações. Mas, quem somos nós para operar no coração de alguém? Somos muito conscientes de que quem realmente convence o pecador é o Espírito Santo. Todavia, se o pecador, que precisa ser convencido pelo Consolador, ignora este Único Ser no Universo que poderia ajudar-lhe, como conseguirá enxergar seus erros? Entende a seriedade da preocupação de Paulo em nos advertir a não “entristecermos” o Espírito Santo (Efésios 4:30)? Percebe o motivo de Jesus afirmar que não ser um crente na terceira pessoa da divindade pode chegar a ser um caminho sem volta (Lucas 12:10)?
Se Satanás quer nos afastar dos caminhos de Deus, definitivamente, haveria uma tática melhor do que essa? É aí que começamos a entender o motivo de esta divergência doutrinária terminar em apostasia e divisão de igrejas, mais que qualquer outra. Como uma segmentação que diverge em relação ao Espírito Santo irá ter o fruto dEle, o fruto da conversão? “Um povo sem conversões”: eis o prato cheio do inimigo de Deus.
Polêmica sem fim
Você deve conhecer aquela velha ilustração de que tentar compreender a Deus é como tentar colocar toda a água do oceano num buraquinho cavado no chão litorâneo. Acredito que não exista cristão pensante no mundo que nunca tenha tido algum questionamento sobre a identidade de Deus. Isso é natural porque somos inteligentes e, ao mesmo tempo, limitados. Vivemos o paradoxo de sermos chamados para conhecer a Deus (João 17:3; Jeremias 29:12-13) e, ao mesmo tempo, sermos incapazes de conquistar isso por completo (Jó 11:7-8; Salmo 145:3). Em seu livro O Deus (In)visível, depois de tanto questionar sobre a nossa incapacidade de conhecer a Deus, Phillip Yancey me leva a concluir que, mais importante que medir a Deus, é se relacionar com Ele, aceitando-O como Ele é. Devemos aceitar o que Deus revela, porque Ele disse, e nós confiamos. Mas acontece que isso é muito difícil para alguns cristãos excessivamente “racionais”.
E aí entra a eficácia maligna da contenda sobre como é a identidade da terceira pessoa da divindade. Onde duas ideias diferentes se antagonizam na tentativa de explicar o que é humanamente inexplicável, mesmo o lado correto terá, em sua defesa, limitações que continuarão se manifestando em formatos de interrogação. Então, por não ser possível obter todas as explicações, para os que gostam de se alimentar da dúvida, o correto passa a ter aparência de engano. Misturar o erro com a verdade é uma estratégia antiga, mas agora ela tem um adicional: as dúvidas que não se calam nem se explicam.
Resultado? Certos e errados, sinceros e críticos, perseveram na controvérsia que lhes desvia do foco original da sua fé. O tempo que deveriam usar para comungar com Deus e evangelizar é gasto em apologias que apenas continuam a pintar uma imagem maximizada e distorcida de uma igreja confusa. Enquanto a igreja fica se desgastando na tentativa inútil de dar todas as explicações sobre quem e como é Deus, os que não concordam com Sua doutrina se aproveitam dessa limitação para aumentar o descrédito eclesiástico – o que mostra que não se trata somente de uma divergência doutrinária, mas de uma rebelião deliberada.
Nós devemos buscar o esclarecimento da verdade, inclusive para ajudar aqueles que estão no vale da dúvida. Mas esse esforço tem limite. Uma vez que o problema da dúvida que o inimigo instala na igreja se torna infindável, precisamos analisar se não estamos contribuindo para que ele fique tranquilo.
Estratégia do inimigo
O assunto da identidade e da personalidade do Espírito Santo tem sido usado como uma estratégia satânica para perverter, ao máximo que puder, a igreja de Deus. Portanto, as raízes dessa indisposição de alguns em crer no Consolador conforme o que está revelado estão firmadas além do campo das opiniões e das ideias. Esse problema se origina no conflito cósmico entre o bem e o mal, como uma estratégia do próprio autor do mal, onde os humanos envolvidos, apesar de participarem da culpa ou não, são apenas o campo de batalha. Ai dos que habitam na terra e no mar, porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta (Apocalipse 12:12).
Dentre as muitas razões que o inimigo poderia ter para escolher as dúvidas sobre a crença sobre o Espírito Santo para ser uma das suas principais ferramentas de ataque à igreja, justamente na época atual, destacamos três: a) impedir a chuva serôdia e, por consequência os eventos finais, porque desabilita a igreja de receber o Consolador, uma vez que não O reconhece como Ele é; b) impedir o crente de compreender o próprio assunto, por estar fechado para o próprio Ensinador, que é o próprio Espírito Santo; c) deixar a igreja envolvida numa polêmica sem fim, uma vez que o assunto sobre as características divinas nunca será plenamente compreendido pela mente humana.
A igreja deve continuar a estudar o que existe revelado sobre o assunto da personalidade do Consolador, mas precisa se conscientizar de alguns detalhes. Ao encontrarmos um irmão - ou uma comunidade cristã - que está passando por dificuldades de crer na pessoa do Espírito Santo, devemos prestar-lhe um auxílio especial, pois se trata de um risco maior de ruína espiritual: o risco de perder a própria salvação e de impossibilitar a igreja de triunfar. Mas devemos nos conscientizar de que, ao defender a fé, tentar fazer um papel que nem Deus faria pode nos tornar agentes da própria vontade satânica.
Se diminuirmos e depreciarmos a pessoa e a personalidade de Deus para uma “coisa” qualquer, então, “conseguiremos compreendê-la”, por termos redimensionado-a para caber no limitado espaço da nossa louca razão. Portanto, aceitar outra “doutrina”, ou querer ampliar a interpretação atual, só por parecer que assim será possível dar respostas mais lógicas, pode ser um assassinato à natureza original da fé. Nunca compreenderemos a Deus plenamente, em especial, ao Consolador, que é a parte menos revelada da trindade.
Pessoalmente, tenho separado tempo de oração para rogar a ajuda de Deus aos Seus filhos nos complicados caminhos da fé. Eu desejo que você sempre continue ao lado da verdade, pois quero ter a alegria de me encontrar com você e com o Espírito Santo, na glorificação. Que Ele lhe abençoe.