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Coluna | Paulo Rabello

Perdendo o foco

O foco dos islâmicos no mês de Ramadã nos faz pensar, como cristão, na necessidade de consistência em nossas crença.


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Entre os pilares do Islamismo talvez o mais “famoso” seja o Ramadã. Todos os muçulmanos devem praticá-lo, à exceção apenas de crianças abaixo de dez anos, pessoas doentes, mulheres grávidas (ou em período pós parto) ou durante a menstruação (quando estão cerimonialmente impuras) para buscarem a Alá. Durante todo muçulmano deve se abster de qualquer tipo de comida, bebida, cigarro, etc. do amanhecer ao cair da noite. Até mesmo as relações sexuais são proibidas. A obediência às regras são tão sérias que, se um muçulmano for pego comendo ou bebendo algo em público, ele é preso.

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Viver pra servir

Ao cair a noite tudo muda no país. Durante o Ramadã apenas duas refeições são servidas nas casas. As famílias se reúnem logo ao por do Sol para o “café da manhã” e a outra refeição principal acontece um pouco antes do nascer do Sol por volta das 3 horas da manhã. Mas o Ramadã não transforma apenas a rotina e os horários das famílias. O comércio também é afetado durante esse período. Restaurantes, lanchonetes, shoppings, etc. abrem e fecham suas portas em horários diferenciados. Os órgãos públicos iniciam suas atividades somente a partir das 10 horas da manhã e alguns permanecem fechados até o meio dia quando então lentamente iniciam as atividades. Apenas os serviços essenciais à população funcionam nos horários convencionais.

Nos dez últimos dias do Ramadã os muçulmanos devem dedicar o maior tempo possível para se aproximar de Alá. Devem ir à mesquita com mais frequência e dedicar mais tempo à leitura do Corão. No final dos 30 dias, começa a festa de “Id al-Fítãr” que estende por três dias marca a quebra do jejum na comunidade. Esse período é considerado feriado nacional e todas as famílias começam a visitar-se mutuamente. Sobre os homens da casa (pais, avôs, tios e irmãos) repousa a responsabilidade de presentear cada as crianças da família com dinheiro.

Especialmente as meninas devem recebê-lo como uma demonstração de que sempre terão o apoio e o cuidado dos homens da “casa”. Durante o Ramadã as famílias muçulmanas devem dar esmolas no valor de uma refeição aos pobres. Aqueles que por alguma razão (viagem para o exterior, trabalho, doença, etc.) não puderem jejuar durante o Ramadã devem doar o valor das suas refeições também aos pobres.

Em 2015 o calendário islâmico (regido pelo calendário lunar) apontou o início do Ramadã para o dia 18 de Junho, início do verão no Oriente Médio, o que torna os dias mais longos e o jejum portanto, mais difícil para seus adeptos. O nono mês do calendário, quando o Ramadã inicia, é um mês bastante importante, porque nele ocorreu a primeira revelação do Corão ao profeta Maomé. Mas a essa altura você deve estar se perguntando: por que jejuar durante um período tão longo? O que representa esse jejum? Na teoria, a ideia é fazer com que aqueles que tem mais posses e recursos financeiros possam sentir na pele durante 30 dias o que o pobres sentem durante todo o ano. Mas isso é na teoria apenas. Segundo o relato de alguns muçulmanos, o Ramadã perdeu em muito o seu significado espiritual e se tornou apenas uma “celebração popular” com fins comerciais.

Artigos de decoração para casa e alimentos para refeições especiais que serão desfrutados apenas com a família e os amigos são vendidos como em nenhum outro período no ano. Para se ter uma ideia, algumas redes de comunicação exibem programas exclusivos somente nesse período. Todas as noites são consideradas pelas emissoras como “horário nobre” elevando o faturamento como em nenhum outro mês no ano.

Isso tudo me leva a pensar se algumas das coisas que fazemos na nossa vida cristã também não perderam o real significado e propósito. Pergunte-se com sinceridade: qual a verdadeira razão para ir à igreja? Suas orações são repetições mecânicas e artificiais ou uma sincera expressão do que você está vivenciando e sentindo? Na teoria tudo é sempre mais fácil e mais bonito, mas o que vale realmente é a intenção e a prática. Pense nisso. Forte abraço e “Assalamu Aleikum”!

Paulo Rabello

Paulo Rabello

Missão II

Até onde vão pessoas que se colocam nas mãos de Deus para servir na missão de pregar o evangelho.

Antes de ser teólogo, foi professor de inglês em empresas e nas faculdades de Letras e Tradutor/Intérprete do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). Mestre em Liderança pela Universidade Andrews, hoje atua como pastor no Oriente Médio.