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Coluna | Paulo Lopes

Duas Semanas em Tacloban - A Cidade de Sobreviventes

Você já ouviu falar de Tacloban? Se você como eu, assistiu às notícias dos dias que se seguiram ao 8 de novembro do ano passado, com certeza sim. Onde fica Tacloban e o que aconteceu por lá? Com uma população de cerca de 220 mil habitantes, Tacloban...


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Você já ouviu falar de Tacloban? Se você como eu, assistiu às notícias dos dias que se seguiram ao 8 de novembro do ano passado, com certeza sim. Onde fica Tacloban e o que aconteceu por lá?

Com uma população de cerca de 220 mil habitantes, Tacloban é a capital da província de Leyte na região leste de Visayas, nas Filipinas. Tacloban era uma cidade relativamente rica e turística até o fatídico dia 8 de novembro de 2013, quando foi arrasada pelo super tufão Rayian, conhecido como Yolanda pelos filipinos. O tufão Raiyan tem sido considerado por alguns como o maior e mais forte tufão de que se tem registro na história, e chegou a atingir ventos de até 314 km/hora.

O tufão Raiyan se originou na Micronésia e, ao se aproximar das Filipinas, já era considerado como um tufão de categoria 5, o que significa que uma destruição catastrófica estava para ocorrer. O tufão atingiu Tacloban cedo de manhã da sexta-feira, dia 8 de novembro, e por volta das 10 horas da manhã, havia arrasado a cidade, deixando milhares de mortos e um rastro de destruição impressionante. O resultado? 14,1 milhões de pessoas afetadas em nove regiões das Filipinas, 4,1 milhões de desabrigados, 1,1 milhões de casas destruídas/danificadas, 6.201 mortos confirmados e 1.785 pessoas desaparecidas.

Imediatamente, as imagens chocantes de morte e destruição rodaram o mundo. Centenas de países e de organizações humanitárias se mobilizaram para ajudar as Filipinas. A ONU lançou um apelo de mais de 700 milhões de dólares para ajudar as vítimas do tufão. Entre estas organizações que se mobilizaram para ajudar, está a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais, a ADRA.

Eu fiquei impressionado com as imagens que chegavam de Tacloban nos dias que se seguiram ao tufão, mas nunca poderia imaginar que dois meses depois eu estaria andando pelas ruas desta cidade. Como membro de uma das equipes de resposta a desastres complexos da ADRA Internacional, fui convidado para ir até Tacloban para coordenar a equipe de resposta da ADRA por três semanas. Cheguei à cidade no dia 7 de janeiro e fiquei por lá até o dia 26 de janeiro. Fiquei impressionado com a destruição que encontrei. Dois meses haviam se passado, mas pouca coisa havia mudado na cidade. Não havia água corrente nem eletricidade e as pessoas tinham de esperar horas em longas filas nas poucas lojas existentes depois do tufão. Milhares de pessoas estavam vivendo em barracas ou em abrigos muito precários. Eu mesmo tive de tomar banho de água fria e de canequinha durante as duas semanas que estive por lá. Algo muito insignificante quando comparado com o sofrimento, dor e perda de milhares de pessoas afetadas por este terrível desastre.

Três coisas me impressionaram nesta viagem: a primeira é a força destrutiva da natureza e a necessidade de cuidarmos bem dela. Em segundo lugar, me impressionou a solidariedade de pessoas, governos e organizações humanitárias que não mediram esforços para ajudar os milhões de desabrigados. E em terceiro lugar, me impressionou a capacidade de superação e resiliência do povo filipino. Aprendi que se pode sorrir mesmo em meio a destruição, a dor e o sofrimento.

Sem dúvidas, Tacloban é uma cidade de sobreviventes, e nas semanas que estive por lá, pude notar que eles já começaram a reconstruir a cidade e junto com ela, as suas vidas.

Abaixo segue links de fotos que tirei em Tacloban durante minha visita:

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Paulo Lopes

Paulo Lopes

Quem é o teu próximo?

O terceiro setor e a solidariedade.

48 anos, nasceu em Itapeva, Sul de Minas Gerais. Vive em Brasília/DF, onde atualmente é o diretor da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA Brasil), uma Organização Não Governamental estabelecida pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. Possui mais de 17 anos de experiência no terceiro setor.