Pensar, Comer e Conservar – As contradições da fome e do desperdício
Vivemos sem dúvidas em um mundo de contradições e tantas são elas que às vezes temos a vontade de dizer como nas palavras de uma famosa música brasileira: “Pare o mundo que eu quero descer.” Neste artigo, vamos tratar de uma destas contradições. Espe...
Vivemos sem dúvidas em um mundo de contradições e tantas são elas que às vezes temos a vontade de dizer como nas palavras de uma famosa música brasileira: “Pare o mundo que eu quero descer.” Neste artigo, vamos tratar de uma destas contradições. Espero que o mesmo o leve a refletir, e mais do que isto a se sentir incomodado com a verdade dos fatos e com uma grande vontade de fazer algo a respeito.
No último dia 5 de junho, comemoramos o dia do meio ambiente, mas será que realmente tivemos algo para comemorar? Além dos velhos problemas já conhecidos de todos nós, tais como todos os tipos de poluição e o desmatamento das florestas para produção agrícola e para a expansão das cidades, este ano a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou uma campanha com foco no consumo consciente e seus efeitos no meio ambiente. O tema da campanha é também o tema deste artigo – Pensar, Comer e Conservar. Ou seja, pensar antes de comer, e, assim, ajudar a conservar o meio ambiente.
Uma das grandes contradições do mundo atual é, sem dúvida, o escandaloso desperdício de alimentos, comparado com o número de famintos que habitam o planeta. Os números são assustadores e devem nos levar a refletir seriamente em nosso estilo de vida, principalmente, em relação aos nossos hábitos de consumo de alimentos.
Para se ter uma ideia da dimensão do problema, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 1,3 bilhão de toneladas alimentos são desperdiçados por ano no planeta, ou seja, 1/3 de toda a comida que se produz no mundo vai parar no lixo. Por outro lado, 870 milhões de pessoas passam fome no mundo, das quais, 20 mil crianças com menos de cinco anos morrem de fome diariamente. Que te parece? Que tal olhar por trás destes números? O que, ou quem você vê? Vamos voltar a esta pergunta no final do artigo.
Este desperdício, equivale a 1 trilhão de dólares americanos, dinheiro suficiente para alimentar os 870 milhões que passam fome. Tamanhos são os números desta contradição, que levaram o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon a declarar que este desperdício é “uma ofensa àqueles que passam fome.” Você concorda com ele? Será que seus hábitos de consumo e desperdício não estão contribuindo para esta triste realidade?
Outro aspecto importante desta discussão é que as escolhas que fazemos em relação a nossa comida, tem impacto no meio ambiente. Todas as vezes que desperdiçamos comida, estamos desperdiçando também os recursos utilizados para a produção desta comida. Ou seja, o desperdício ofende àquele que passa fome e ao mesmo tempo, ofende também o meio ambiente.
Se você ainda tem dúvidas desta relação entre desperdício e impacto negativo no meio ambiente, apresento aqui alguns números para fundamentar meu argumento: a produção global de alimentos ocupa 25% de toda a terra habitável do mundo e é responsável por 70% do consumo de água potável, 80% do desmatamento e 30% das emissões de gases de efeito estufa. Como consequência, a produção global de alimentos é a maior causadora de perda de biodiversidade e mudança do uso da terra.
Antes de terminar este artigo, vamos sair da teoria e considerar o que podemos fazer de forma prática para estarmos do lado correto do problema, ou seja, do lado da solução. Algumas dicas simples, mas que fazem a diferença.
- O primeiro deles é sem dúvidas eliminar todo e qualquer tipo de desperdício de alimentos e influenciar outros a fazerem o mesmo.
- Tomar decisões conscientes na escolha dos alimentos, como por exemplo, consumir alimentos orgânicos que por não usarem produtos químicos no processo de produção, tem menor impacto no meio ambiente.
- Procurar comprar alimentos produzidos localmente, ou seja, diminuindo assim a quantidade de emissões, uma vez que os mesmo não foram transportados de longas distâncias.
- Em relação aos que passam fome, reparta com eles sua comida com generosidade.
- Apoie organizações sociais que ajudam na redução da fome e da miséria.
Para terminar, quero voltar rapidamente aos números da fome apresentados anteriormente. O grande problema das estatísticas é que elas são números, e os números são frios, são números. Entretanto, quando olhamos atentamente por trás deles, encontramos pessoas, pessoas como você e eu, pessoas criadas a imagem e a semelhança de Deus, pessoas pelas quais o Senhor Jesus deu a sua vida. Pense nisto antes de fazer suas escolhas, e acima de tudo, desperdiçar qualquer tipo de comida. Faça sua parte para estar do lado da solução, e, não seja nunca, uma ofensa para os que passam fome.