Vitoriosos do avesso
Qual é o conceito bíblico dos vitoriosos? Leia esse artigo e reflita.
Primeiríssimo! Nome: Elói Teruel – 21 anos, espanhol. Prova? Das mais difíceis: Tour da Califórnia, Etapa 7, 142 km, 3h24min. Pedalando inacreditavelmente rápido ele cruza a linha de chegada descolado do segundo lugar. O bando de ciclistas embrulhados atrás revela a supremacia da sua força. O mundo esportivo se eletriza com seus braços estendidos celebrando a vitória à espera dos aplausos da multidão. Que não vêm! Ele gesticula feliz, mas o público agita os dedos em segundos eternos que voam diante do atleta. E o pânico se instala aos berros de todos: “ainda falta uma!”. O quê?! Isso mesmo. Percebendo a besteira feita, ele retoma o ritmo. Tarde demais. Atropelado pelos rivais, o herói-do-dia descamba pra 56a. posição.
No dia 18 de maio, esta notícia me deixou pasmo. O confuso favorito da competição comemorou a vitória na penúltima volta. Mas faltava uma! Foi o vencedor mais derrotado do ano. Frustração máxima e medalha de palha pro “maior mico do esporte”! (Será?! Acho que o 7x1 foi pior...)
A prova só termina quando ela acaba.
A frase é requentada, mas incrivelmente verdadeira – tão redundante quanto alarmante. Afinal, tudo pode acontecer nos metros finais, nos segundos derradeiros. O “quase lá”? É menos lá e mais quase. Isso incomoda, enquanto impacientes roem unhas.
Já percebeu como somos cada vez mais instantâneos? Zapeamos em 2 segundos se o comercial não atrai, clicamos fora se a página não abre, esmurramos o botão como se apressasse o elevador, pulamos a música antes de acabar no Spotify, e subimos paredes se o WhatsApp não responde. Slogan da nossa geração? Quero tudo pra ontem – e por que não foi antes de ontem?! É como Rosana Hermann resumiu no YouPix este ano: “vivemos a síndrome do PAI – da pressa, ansiedade e impaciência”.
O problemão disso? Fazemos o mesmo com Deus, o Céu e a eternidade. Queremos o pódio já – se ele não vem, vasculhamos outros céus. Os jovens que não aguentam mais esperar saem das fileiras da verdade pra furar outras filas do hedonismo, consumismo e relativismo. Aguardar outra volta? Tá demorando demais!, reivindicam os cidadãos da Cultura do Agora. E se distraem, se destroem, além de por tudo a perder.
Lembre-se disso: a garantia da vitória não pode seduzir o descaso. O pouco que falta é muito para o que se perde. Somos a última geração viva antes da volta de Jesus? Amém! Só não se esqueça dos eventos finais – incluindo uma sociedade religiosa morna, apática e acomodada. Absurdo, não é? Se por um lado somos alucinados pela adrenalina da pressa, por outro somos atormentados pelos bocejos da indiferença.
Tem gente achando que salvação se garante no sobrenome. Falta uma! Jovens lindas sacrificando os princípios da pureza por um príncipe de papelão que não sabe esperar. Ainda falta uma! Outros indo à igreja o suficiente pra ficarem com seus nomes lá, sumindo o bastante pra não se comprometerem na semana. Falta uma, não acabou! E os que sabem as temporadas de todos os seriados sem lembrar nem três versículos bíblicos de cor? Não pare, ainda falta! Sem contar os disfarçados de extremistas com segredos tão liberais quanto incoerentes...
Não pare, volte pra pista, ainda não acabou!
Entende por que a Bíblia diz que “nos últimos dias virão tempos difíceis” (I Timóteo 3:1)? Porque a pior ameaça não é perder quando se está perdido, mas não ganhar quando se está ganhando. Deus precisa de gente comprometida até o final. Os Céus conclamam uma geração “adrenalizada” na verdade, ousada na missão e perseverante nos princípios. Não perca tudo no ‘quase’ pra sempre! Nem se furte do troféu na última volta.
Somos “espetáculo pro mundo” (I Coríntios 4:9)? Então não baixe as cortinas antes do aplauso final – que certamente virá! Focado na iminência da pequena nuvem prossiga pedalando. Afinal, o melhor sempre está logo ali.
E a comemoração da multidão universal não será nada comparada aos braços escancarados do seu Maior Torcedor.
Vocês, certamente, vencerão juntos!