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Coluna | Odailson Fonseca

Despertar dos entediados

Os jovens e adolescentes estão entediados, mas há um Evangelho que pode eliminar esse tédio e dar sentido a sua vida.


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Tem coisa errada com eles – muito errada!

Na ausência de ter o que fazer, a onda é fazer menos que nada. Engolidos por um tédio sem fim, e na desesperadora compulsão por encontrar um significado, eles descem em bando ladeira abaixo para as experiências mais alucinantes. São as tribos noturnas, compostas por jovens menores de 18 anos, causando o horror disfarçado de adrenalina, purpurina e anfetamina.

Sobre as novas gerações de hoje em dia? Surpreenda-se com o que não lhes surpreendem mais! De baladas abarrotadas de adolescentes entorpecidos por álcool, analgésicos e derivados de ecstasy às festas pansexuais a céu aberto nas metrópoles, todos querem saltar do anonimato na madrugada. Como definiu o TAB do UOL de 25/4/2016, a juventude é uma embriaguez hormonal, um coquetel de adrenalina, testosterona e endorfina, que fica explosivo se somado ao álcool, tabaco e substâncias ilícitas. E das ficadas, pegações e azarações uma coisa é garantida: a completa despreocupação com as consequências, como num desfile VIP de desnorteados em busca da bússola do prazer.

O curioso disso é a instintiva obsessão por deixar uma marca na própria vida ou na vida de alguém. Só há uma diferença: sem guerras mundiais, sob a overdose da super conexão tecnológica e cortejados por mimos paternais - que não viram corpos despedaçados nas trincheiras das décadas passadas - a militância de alguns millennials ladeia a insignificância.

Viu o caso das adolescentes reivindicando heroicamente a permissão de usarem shortinhos no Colégio Anchieta, na capital gaúcha? Em fevereiro deste ano, a tradicional escola se deparou com uma manifestação pretensiosamente séria, munida de cartazes, palavras de ordem e piquetes na frente da escola. Garotas do ensino particular exigiam o direito de colocar as pernas de fora. Ah, e apoiadíssimas por garotos militantes de primeira intenção, cheios de segundas intenções! Confesso que meu sangue de “pai de menina” ferveu. Onde fomos parar?

Na página Senso Incomum da web, outro pai surpreso, o colunista Flavio Morgenstern, também desabafou: é uma geração tão almofadada pela civilização que até quando caía de bicicleta ao redor da piscina no condomínio era curada com Merthiolate que não arde. Que heroísmo, que conquista individual, que missão e vocação podem ter estas pós-crianças? 

Como se não bastasse, no mesmo mês a Revista Veja estampou na reportagem de capa a “juventude da diversidade” com a nova definição do “gênero neutro”. Impulsionados pela liberdade em 360 graus, surgem expressões como “amiguês” (sem o artigo masculino, nem feminino), “sexualidade fluida” e “assexualidade” desmontando qualquer prerrogativa social de orientação sexual. O resultado disso é uma geração surpreendentemente definida pela indefinição. E quer saber? Quanto mais voláteis, andrógenos e efêmeros forem, mais “causam” nesta debandada coletiva por significância.

Além disso, acompanha-se a surdez dos pais seguida de uma total mudez para argumentar contra a “geração mais bem informada da História”. Reféns deste sequestro de personalidade, nos sentimos impotentes por um resgate eficaz. Assustou? Continue lendo antes de arrepiar os cabelos...

Tem coisa certa para eles – muito certa!

Se é imperativa a busca pelo significado, por que se medir da testa ao chão enquanto podemos ser medidos da cabeça à eternidade? Olhar para cima deixou de ser discurso cafona de pais da velha-guarda para se tornar a entrada triunfal na fase adulta. Pois a idade mais indefinida da vida carece de atitudes relevantes que tornem a minoria que investe no futuro soberana à maioria que entra em débito no presente. Surge o contagiante empoderamento da Geração Merthiolate no ativismo reacionário do bem – trocando a confusão entediante pelo incômodo cheio de atitude.

Tanto quanto a hiper capacidade deles de se envolverem com o que não presta, essa é a oportunidade de provarem a que vieram ao mundo. Basta uma provocação certeira escancarando seu estado de sítio existencial para que, uma vez vulneráveis, aceitem desafios maiores, melhores e eternos. Por isso, acredito na força da identidade jovem descoberta no espelho da cruz – isso mesmo, o reflexo do seu lugar no universo lampeja através do brilho divino apagado no Calvário para se acharem no dia-dia.

Encurtando a história, que tal sete “twites” práticos como um “insta” durando um “snap”?

1. Não troque o que você mais quer na vida pelo que mais deseja no momento. Da perda da virgindade no banco de trás do carro ao “barato” das drogas na calçada da frente de casa, o que não presta sempre ilude muito e dura pouco. A longo prazo, só restará a vergonha, o vício e a solidão – compensa?

2. Nada é tão ruim que não possa piorar. O fundo do poço é mais fundo que a promessa falsa de luz no fim do túnel. Tentação é puxar para baixo – sempre! Aí está o alerta emergencial para uma brusca interrupção de qualquer contato com a miragem da insanidade travestida de felicidade. É parar e #partiuceu!

3. Convivência é conivência. Não tem outra saída. Se as companhias, tribos e relações pessoais são negativas, inevitavelmente, a influência evocará a complacência. É velho, eu sei, mas sempre verdadeiro: “diga-me com quem andas, e dir-te-ei quem és”. Atualizando, todos somos CTRL+V das amizades que fazemos CTRL+C.

4. Revolucione por princípios, não por principados. Chega de indefinidos – definam-se pelo que vale “ainda que caiam os Céus”. Nada, nem ninguém, tem autoridade maior que o seu livre-arbítrio. Por isso, o mundo carece emergencialmente de uma juventude ousada capaz de viver por princípios nobres. Saltar da mesmice entediante exige dos poucos corajosos o ativismo do bem.

5. Errado nunca será meio certo. Não relativize o absolutamente certo. Despropósito, sexo fútil, beijaços coletivos, mix alcoólicos, fuga da realidade, enfim, o prazer de papelão da geração BBB é pura ilusão. Não existe “quase errado” naquilo que já escapou do que é correto – resistir será a maior conquista.

6. unfollow no que não presta. #simplesassim. Somos na vida real o que curtimos no mundo virtual. Na era do mobile, o corpo acaba sendo arrastado pelo que os dedos fuçam nas telas touch screen. É melhor sair logo de um péssimo grupo no WhatsApp do que se excitar com a miragem da depravação. Cedo ou tarde, flertar com o vazio alheio também esvaziará a si próprio.

7. Deixe Deus ser Deus e seja você. Existe uma força descomunal ao alcance de um jovem procurando ser feliz. Até os tristes extremos, do homicídio ao suicídio, demandam força. Por que não concentrar todos estes impulsos na direção do Céu? Só o Criador pode preencher os espaços carentes de suas criaturas. Esse assombroso senso de deslocamento jamais se curará na balada das paixões descartáveis, mas de joelhos dobrados perante o Salvador da autoestima.

Deixe de ser só um na multidão de anônimos sem sentido e desprenda-se nos poderosos braços do Único que pode ajudar. Como a Bíblia mesmo alerta: “Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, de todas estas coisas DEUS te pedirá conta” (Eclesiastes 11:9). Ameaçador? Jamais! Apenas o conselho aconchegante de um verdadeiro Amigo dando o maior dos avisos: jovem foi feito para ser eterno. E isso é tudo do lado de cá do Céu!

Com uma verdadeira identidade assim – de quem sabe que vale mais e para sempre – prometo que não terá mais tédio na vida. Quer encarar?

Odailson Fonseca

Odailson Fonseca

ON

Inovação jovem sob uma perspectiva inteligente

Teólogo e publicitário, dirige o departamento de Comunicação da Igreja Adventista para o Estado de São Paulo. @odailson_ucb