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Coluna | Neila Oliveira

Professores silenciosos

No dia 18 de abril, Dia Nacional do Livro Infantil, uma reflexão sobre esses verdadeiros professores que podem ser uma força para o bem ou para o mal.


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professores-silenciososNa estante de madeira escura na sala de estar ficava uma coleção especial de livros infantis. Como meu pai trabalhava na Casa Publicadora Brasileira, vi a série toda sendo formada. Do volume 1 ao 10. Eram As Belas Histórias da Bíblia, de Arthur S. Maxwell. Eu e meu irmão nem sabíamos ler direito, mas estávamos acostumados a folhear as preciosas páginas e contemplar as impactantes ilustrações de personagens como Adão e Eva, Noé, Abraão, Jacó, Moisés, Sansão, Davi, e o querido Jesus. Ao simplesmente deixar esses livros à nossa disposição, meus pais nem podiam imaginar a contribuição que aqueles professores silenciosos estavam dando para a nossa formação intelectual e espiritual. Os livros que tínhamos em casa sempre foram uma bênção na minha vida e do meu irmão. Eles exerceram uma influência tão positiva que hoje tanto ele como eu trabalhamos na Casa Publicadora Brasileira.

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Sementes e frutos

Muito tempo atrás, a escritora e educadora Ellen White já havia falado sobre a importância e a influência dos livros para as crianças e comparou a leitura a sementes que são lançadas na mente infantil e que, no tempo devido, produzirão seus frutos. Essa é uma ilustração bastante apropriada, porque enfatiza o efeito que a leitura pode produzir especialmente sobre a mente da criança, que está em constante expansão e é muito mais susceptível às influências.

Normalmente os pais ficam ansiosos por desenvolver em seus filhos o hábito da leitura, e alguns não medem esforços para oferecer materiais que lhes despertem o interesse. Porém, é importante considerar que tipo de sementes podem estar sendo oferecidas junto com o atraente conteúdo de determinados livros.

Como 18 de abril é o Dia Nacional do Livro Infantil, quero aproveitar a ocasião para apresentar duas dicas importantes que podem ajudar no processo da escolha de bons livros.

 

  1. Conheça os autores

Gosto muito da declaração do autor Steve Wohlberg a respeito do poder que os livros exercem para o bem ou para o mal. Ele diz que todo livro vai refletir os pensamentos, as crenças, as convicções e o caráter de seus autores. Por isso, é importante conhecer quem está por trás das obras. Aquele autor tem os mesmos valores que os seus? Que influências ele recebeu ao produzir seus livros? De que fonte ele bebeu? A vida dele é coerente com o que escreve? Acredite, todo autor tem uma intenção ao escrever seus livros. Não existe obra que seja produzida sem um objetivo. Quando escrevo para crianças, tenho o objetivo de apresentar a Bíblia e os livros de Ellen White. Quanto mais claras estiverem as intenções, mais fácil será a avaliação.

Recentemente assisti a uma entrevista com um famoso escritor de histórias de super-heróis. Fiquei impressionada com sua franqueza. Ele mencionou de onde vinha sua inspiração para produzir esse tipo de material. Contou do encontro que teve com um ser sobrenatural quando estava se sentindo muito mal, pensando que ia morrer. O “anjo” se apresentou como Cristo, mas não aquele que os pais dele conheciam. Ele era um outro tipo de Cristo. O aviso foi de que o escritor só viveria se passasse a servi-lo. Desde então, ele disse que tem se dedicado a cumprir a missão de reescrever a Bíblia de acordo com as orientações recebidas daquele ser. Observe a seriedade da questão. Que tipo de influências você gostaria que as crianças que estão sob sua responsabilidade recebessem dos livros que vão ler?

 

  1. Avalie cuidadosamente o conteúdo antes de comprar o livro

Certa ocasião, uma mãe me disse que não sabia o que estava acontecendo com a filha adolescente que vivia suspirando pelos cantos da casa com um livro na mão. Perguntei se a mãe conhecia o conteúdo e ela me disse que não. Como todas as amigas da filha estavam lendo aquele livro, ela achou que deveria ser bom, pois se tratava de uma versão romanceada que lembrava a história da rainha Ester (da Bíblia). Comprei o livro e comecei a ler. Confesso que fiquei ruborizada enquanto lia alguns trechos. A autora descrevia com detalhes o relacionamento íntimo do casal de adolescentes da história, quando estavam sozinhos. Não era para menos que a menina, de 15 anos, andava suspirando pela casa. Sem contar outros conceitos que confundiam e distorciam a história bíblica na qual a obra tinha sido inspirada.

A revista norte-americana Brain Connectivity divulgou, em 2014, uma pesquisa mostrando como a pessoa é transportada para o corpo dos personagens quando lê certos tipos de romance. Ela literalmente sente na pele, como se estivesse vivendo as experiências dos personagens fictícios. Exames de ressonância magnética comprovaram que as sensações podem permanecer no corpo da pessoa até cinco dias depois de terminada a leitura.

Essa pesquisa praticamente derruba o argumento de que é possível ler uma obra sem ser influenciado por ela. Algum tipo de impacto ela vai causar. Quando a criança demonstrar interesse em algum livro, procure informar-se a respeito do conteúdo. Leia a sinopse e avalie. O conteúdo será apropriado para a faixa etária? Ele contribuirá para transmitir e fortalecer os valores espirituais que você deseja que a criança desenvolva? Ela se tornará melhor depois da leitura de tal material? Seu caráter será aperfeiçoado?

Tenho convicção de que os livros tiveram sua origem no coração de Deus. Eles são professores silenciosos que devem servir a um nobre propósito: ajudar o ser humano a focar no que realmente é importante nesta vida. Por isso, seja prudente e acerte na escolha. Os resultados serão compensadores.

Neila Oliveira

Neila Oliveira

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Licenciada e pós-graduada em Letras, trabalha na redação da Casa Publicadora Brasileira (CPB) há mais de 30 anos. É autora de livros infanto-juvenis e coordenadora editorial da Lição da Escola Sabatina dos adolescentes.