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Coluna | Neila Oliveira

Os pais que todo filho gostaria de ter

São os pais que se preocupam com a espiritualidade dos filhos em todo o tempo


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Foto: Shutterstock

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O rapaz estava angustiado. As notícias eram péssimas! Como dizer a uma multidão cheia de expectativa que o futuro não seria nada promissor? Dependendo da reação, talvez nem houvesse futuro! Primeiro, ele relutou e pediu para ser dispensado da tarefa. Preferia encontrar um lugar silencioso e isolado em que não precisasse testemunhar o desfecho da história de seu povo. Depois, acabou voltando atrás, pois o desejo de ajudar sua nação ardia incessantemente em seu coração. Ele sabia dos riscos. Várias vezes seria mal interpretado em suas intenções. Alguns diriam que suas palavras não tinham nada a ver e que ele só poderia estar fora de si ao proferir tantas bobagens. Outros simplesmente o ignorariam e desprezariam seu sentimento de urgência. Muitos achariam que ele estava maluco por causa das coisas estranhas que ele faria. Porém, haveria um grupo que daria ouvidos às suas palavras e faria valer a pena seus maiores esforços no cumprimento da missão.

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Quem era esse jovem? Que mensagem era essa que, literalmente, dividiu uma nação? Permita-me apresentar a você Jeremias, o rapaz escolhido por Deus para levar ao povo de Judá à desagradável mensagem de que o tempo para sofrer as consequências de suas más escolhas e da desobediência às ordens divinas havia finalmente chegado. Por muito tempo, Deus havia apelado ao coração dos judeus para que eles se desligassem do mal e abandonassem os caminhos que os estavam conduzindo à perdição. No entanto, a maioria não quis ouvir. Eles preferiram fazer o que lhes agradava; o que eles achavam que era o certo. Deixaram Deus de fora de sua vida. O castigo por meio da poderosa Babilônia seria a última tentativa para abrir os olhos cegos e recuperar um povo que já estava à beira do precipício moral e espiritual.

Conhecendo a natureza sensível de Jeremias e, sabendo o quanto era duro para ele transmitir mensagens tão severas ao povo que ele amava, Deus as mesclava com misericórdia e esperança. Os apelos do jovem profeta vinham do fundo do coração. Muitas promessas foram feitas para aqueles que escolhessem viver de uma forma diferente quando estivessem sob o domínio babilônico. Eles receberiam forças do Senhor para testemunhar por Ele, não importava o ambiente em que se encontrassem.

A história registra o que aconteceu quando o exército de Babilônia, comandado pelo jovem Nabucodonosor, invadiu o reino de Judá. Os que resistiram foram presos e mortos, incluindo o rei e seus filhos, mas os que se submeteram e seguiram as orientações de Jeremias sobreviveram e puderam desfrutar de relativa liberdade até que se completasse o tempo profetizado para o retorno a Jerusalém e a restauração de Judá como povo de Deus. Alguns judeus até se destacaram e ocuparam posições importantes no governo de Babilônia, sem abrir mão de seus princípios e preservando sua fidelidade incondicional a Deus.

Famílias diferenciadas

Quem foram essas pessoas? O que as tornou diferentes? Por que elas conseguiram se manter fieis em meio à provação e ainda foram exaltadas por sua sabedoria e conduta irrepreensível?

Bem, tudo começou muito antes da invasão de Jerusalém, com algumas famílias realmente diferenciadas. Enquanto muitos estavam preocupados em apenas viver a vida, pais tementes a Deus ensinaram seus filhos não apenas a caminhar até o templo, mas a andar retamente no caminho do Senhor, sem se desviar para a direita ou para a esquerda. Ao terem conhecimento do que estava prestes a acontecer à rebelde nação, eles tomaram a melhor e mais sábia decisão: prepararam intencionalmente as crianças para o que estava por vir. Como eles fizeram isso? Tenho certeza de que não foi introduzindo a cultura de Babilônia em seus lares para que os jovens se sentissem confortáveis e assim não tivessem dificuldades em se adaptar ao novo sistema.

O segredo para ter filhos íntegros, de caráter imaculado, que deixariam qualquer pai ou mãe orgulhosos, está revelado neste parágrafo, do livro Os Ungidos:

“Nos lares em que os conselhos de um Deus fiel à aliança com Seu povo ainda eram respeitados e obedecidos, até mesmo as crianças se sentiram profundamente animadas por essas promessas. Sua mente sensível e aberta recebeu impressões que não se apagariam com o tempo. A obediência às Santas Escrituras deu a Daniel e seus amigos oportunidades para exaltar o verdadeiro Deus perante as nações da Terra. A instrução que essas crianças hebreias receberam no lar de seus pais as tornou fortes na fé. Quando Nabucodonosor cercou Jerusalém pela primeira vez e capturou Daniel e seus amigos, a fé dos hebreus capturados foi provada ao máximo. Mas os que tinham aprendido a confiar nas promessas de Deus encontraram nelas um conforto, um guia e um apoio” (página 185).

É isso aí! A tarefa de Jeremias pode ter parecido árdua e infrutífera, mas, na verdade, trouxe resultados maravilhosos para aqueles que aproveitaram o tempo de graça para preparar os filhos por meio do estudo da Palavra de Deus e para ensiná-los a confiar nas promessas infalíveis do Senhor. A intenção desses pais não foi preparar os filhos para se tornarem grandes líderes em Babilônia. Eles simplesmente fizeram sua parte ao tomar as crianças pelas mãos e as conduzirem até o Supremo Líder. Quando, devido às circunstâncias, eles foram obrigados a se separar, como família, esses jovens sabiam o que fazer: eles se apegaram às mãos fortes e poderosas de Cristo e seguiram com Ele. Sem medo de enfrentar o futuro!

 Como abordar alguns temas difíceis com a criança:

Precisamos ter consciência de que novamente uma grande crise se aproxima. Estamos preparando nossos filhos para enfrentá-la? Aqui se encontram algumas dicas para abordar com a criança alguns temas relacionados aos acontecimentos futuros, sem assustá-las:

  • Apresente a Bíblia como um livro que, além de nos ajudar a viver de forma correta o presente, também nos revela os acontecimentos futuros.
  • Mostre-se seguro e confiante nas promessas da Bíblia. Nenhum adulto conseguirá convencer uma criança ou inspirá-la a confiar na Bíblia se ele mesmo não acreditar nisso.
  • Simplifique os temas mais complexos, usando ilustrações fáceis. Ao falar de profecias, explique que elas foram dadas para que soubéssemos como seria o final de cada história. A profecia do milênio, por exemplo, é semelhante a um período de férias de mil anos no Céu. Diga que isso vai ser muito divertido e motive a criança a desejar participar dessa experiência.
  • Fale com naturalidade sobre os acontecimentos futuros, usando uma linguagem adequada à faixa etária. Transmita segurança e garanta que tudo vai dar certo para aqueles que escolherem ficar do lado de Deus. Podemos ter momentos difíceis, mas Deus prometeu que tudo terminará bem. O Ministério da Criança da Divisão Sul-Americana está preparando um material infantil adaptado para o programa dos 10 Dias de Oração de 2017, que terá como tema Eventos Finais. Trata-se de uma apostila com explicações bem ao ponto sobre o assunto e com algumas atividades de fixação, que deverá estar disponível em fevereiro do próximo ano.
  • Siga o conselho divino e desfrute as bênçãos em sua família: “Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar” (Deuteronômio 6:6, 7, versão Nova Versão Internacional).
Neila Oliveira

Neila Oliveira

Geração Escolhida

Como preparar as crianças e adolescentes para o tempo do fim

Licenciada e pós-graduada em Letras, trabalha na redação da Casa Publicadora Brasileira (CPB) há mais de 30 anos. É autora de livros infanto-juvenis e coordenadora editorial da Lição da Escola Sabatina dos adolescentes.