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Coluna | Neila Oliveira

Conto de “Fados”?

Os antigos contos de fadas estão mudando completamente e trazendo mensagens nada sutis sobre alguns conceitos. Leia algo.


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Em novembro de 2014 circulou a notícia de que a Disney estava preparando mais uma superprodução para crianças. Seria um conto de fadas diferente e o tipo de final surpreenderia a muitos. A informação a respeito do desenho era falsa, mas a notícia ajudou a apontar os holofotes para o livro que serviria de inspiração para a suposta nova produção.

Lançado nos Estados Unidos em fevereiro de 2014, The Princes and the Treasure [Os Príncipes e o Tesouro], de Jeffrey Miles, tem em seu enredo todos os elementos de um verdadeiro conto de fadas: princesa sequestrada, príncipes corajosos, castelo fantástico, aventuras incríveis, tesouros prometidos, e, é claro, um final feliz para seus protagonistas... O livro de 30 páginas, com ilustrações no padrão da Disney, está fazendo tanto sucesso que já está disponível em 137 países e pode ser encontrado nas livrarias mais famosas, tanto na versão impressa como na digital.

O autor não se define como um escritor. E essa é sua primeira obra para crianças. Jeffrey é professor universitário na área de administração e trabalha na Califórnia, EUA. Em uma entrevista, ele conta como surgiu a ideia de escrever o que alguns têm considerado um livro verdadeiramente revolucionário, socialmente falando.

Dois príncipes

Sua inspiração veio de um show que ele estava assistindo em um parque de diversões. Ao contemplar os pares de príncipes e princesas dançando alegremente no fim do espetáculo, ele se lembrou de algo que o incomodava na infância. Por que os finais felizes sempre aconteciam entre príncipes e princesas? Por que os lindos príncipes só se apaixonavam por princesas?

Quando voltou para casa, depois dessa viagem, ele decidiu escrever sua própria aventura romântica, que começa com o sequestro da linda princesa do reino de Evergreen. Desesperado, o rei oferece um tesouro como recompensa para quem conseguir resgatar sua filha Elena. Dois príncipes aceitam o desafio e partem juntos na viagem. O que acontece é que os dois príncipes acabam se apaixonando e descobrem que o verdadeiro tesouro é o amor que eles encontraram. A última cena mostra o casamento dos personagens, revelando qual foi o final feliz da história. O que poderia parecer um “desvio de percurso”, foi intencionalmente construído pelo autor ao longo da narrativa. Ele mesmo declara já ter encontrado seu príncipe, com quem vive há dez anos. Legalmente, eles estão casados há cinco anos.

O que mais chamou minha atenção quando li a entrevista de Miles foi esta declaração a respeito do seu público-alvo: “Todas as crianças que leram a história não acharam estranho que dois homens se casassem. Parece que as crianças entendem melhor do que os adultos que o amor pode acontecer entre as pessoas a despeito do gênero do casal. Fiquei impressionado como essa ideia foi assimilada com tanta facilidade pelas crianças.”

Ao ser perguntado sobre seus próximos projetos, Jeffrey mencionou o segundo livro (que já está em processo): The Princes and the Dragon [Os Príncipes e o Dragão]. Título bastante apropriado, por sinal (ver Ap 12:9). Sua intenção é dar continuidade à história e mostrar como será a vida dos príncipes ao constituírem uma família e criarem um menino e uma menina gêmeos. “Também quero que as crianças entendam que dois homens ou duas mulheres podem ter uma família aconchegante e amável juntos”, revela Miles.

O entrevistador mencionou que agora também lê para seu filho mais este conto de fadas. Ou seria conto de fados? Não sei... Que as crianças têm facilidade para assimilar conceitos, é um fato. Ellen White já dizia: “É durante os primeiros anos da vida da criança que sua mente é mais suscetível a impressões, sejam boas ou más. Durante esses anos, faz-se decidido progresso, quer na direção certa, quer na errada” (Conselhos a Professores, Pais e Estudantes, p. 132).

Não é de hoje que alguns conceitos perigosos têm se infiltrado sorrateiramente no universo das crianças. É claro que elas devem ser ensinadas, sim, a amar e a respeitar o próximo. Mas o que temos visto ultimamente é mais semelhante a um ataque de todos os lados para convencê-las à mudança de opinião. E se você não pensa igual à maioria ou se atreve a defender sua posição em favor dos valores morais e dos princípios, deve ser visto como um ET e até mesmo inimigo de uma sociedade que luta por justiça e igualdade social.

Você conhece o antigo ditado popular: “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.” É mais ou menos assim que funciona. Livros, filmes, e especialmente as novelas, têm sido responsáveis em promover a disseminação de determinados conceitos que estão trazendo apenas confusão à mente de crianças, adolescentes e jovens, distorcendo o plano de Deus para o ser humano. Na primeira vez em que esses conceitos apareceram, alguns ficaram chocados, mas acabaram aceitando-os. Agora, eles já se tornaram tão comuns, que nem nos damos mais conta de seus efeitos. Vivemos um tempo em que essa mesma sociedade solidária está exigindo que seu ponto de vista prevaleça, e chamando de “constrangimento ilegal” qualquer manifestação contrária aos seus critérios de ética. A água mole ganhou tanta força que hoje tenta furar as pedras mais resistentes, valendo-se da persistência e do fluxo destruidor típico de grandes inundações.

Deus nos criou como seres livres para fazer nossas escolhas. E Ele deixou um guia prático, a Bíblia, que podemos seguir se desejamos viver felizes. Gênesis 1:27 (NVI) diz: “Criou Deus o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. E isso não é história inventada. É uma declaração de amor verdadeiro e eterno!

Neila Oliveira

Neila Oliveira

Geração Escolhida

Como preparar as crianças e adolescentes para o tempo do fim

Licenciada e pós-graduada em Letras, trabalha na redação da Casa Publicadora Brasileira (CPB) há mais de 30 anos. É autora de livros infanto-juvenis e coordenadora editorial da Lição da Escola Sabatina dos adolescentes.