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Coluna | Natanael Castro

O método digital de Cristo – Parte II

Qual é o método digital de Cristo e de que forma é muito importante nós seguirmos eles ao abordar pessoas com as quais nos queremos nos relacionar?


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Jesus esboçou, no Seu ministério, a maneira de abordar as pessoas. (Foto: Shutterstock)

No artigo anterior, nós falamos um pouco sobre os dois primeiros passos do método de Cristo. O fato de se misturar e mostrar simpatia, e como estes métodos podem ser aplicados ao meio digital. Neste artigo, continuaremos este assunto, falando dos três últimos passos: atender as necessidades, conquistar a confiança e dizer “siga-me”.

Apenas para refrescar sua memória e seguirmos juntos na linha de raciocínio, o método de Cristo nos diz que, em primeiro lugar, necessitamos misturar-nos com as pessoas. Afinal de contas, necessitamos ter a quem evangelizar, não é mesmo? Uma vez que nos misturamos e identificamos as pessoas a quem desejamos pregar, devemos demonstrar simpatia para com elas sendo pessoas amáveis, bem-humoradas e de companhia prazerosa. Em seguida, passamos ao terceiro passo: atender às necessidades.

Passo 3: Atender às necessidades

É comum pensarmos, e agirmos, no evangelismo como um processo de ensino da Bíblia e conversão de pessoas. Comumente, planeja-se quem e quantos serão os instrutores bíblicos. Verifica-se como farão as escalas para visitação e estudos, a data em que os interessados devem estar prontos para o batismo, que temas serão abordados, quantos dias durará a campanha e etc. De forma direta ou indireta, tudo é planejado de forma tal que culmine no batismo.

E, de fato, evangelizar também tem a ver com ensinar e batizar (Mateus 28:19, 20). Porém, é muito mais fácil fazê-lo quando a pessoa está tão interessada nesse processo quanto você. E como despertar esse interesse? Atendendo as necessidades dela!

Como exemplo, posso mencionar o que encontramos em Lucas 8:26-39. Após a cura de um endemoninhado, no versículo 38 lemos: “O homem de quem haviam saído os demônios suplicava-lhe que o deixasse ir com ele […]”. Este homem é apenas um exemplo das inúmeras pessoas que seguiram a Jesus após terem suas vidas tocadas de forma prática por Ele.

E antes que questionamentos venham à sua mente, não estou falando de uma estratégia fria que atende necessidades por interesse. Às “pessoas desanimadas, enfermas, tentadas e caídas, Jesus costumava dirigir palavras da mais terna compaixão, palavras cuja necessidade era sentida, e que podiam ser apreciadas”[1]. Ellen White também afirma que “aquele que vive próximo a Jesus compreenderá muito do ministério da piedade”.[2]

Essa é a perspectiva: compaixão sincera e genuína!

Dicas para atender necessidades

Seja observador. Enquanto você conversa com alguém, observe o máximo que puder e tente detectar como você pode ajudar essa pessoa em algo que ela necessite.

Ajude buscando ajuda. É verdade que nem sempre podemos atender a necessidade de alguém, porém, na maioria das vezes, conhecemos alguém, que conhece alguém que pode ajudar. Ou mesmo que não conheçamos, podemos ajudar essa pessoa a procurar ajuda.

Antecipe-se. Mesmo que a pessoa não peça ajuda, se você percebe uma necessidade, antecipe-se. Mas cuidado para não parecer fofoqueiro ou invasivo.

Compartilhe materiais de forma intencional. Se você sabe que essa pessoa passa por problemas financeiros, procure materiais e perfis confiáveis sobre finanças e compartilhe com essa pessoa. E claro, o exemplo aqui cabe para qualquer outra área da vida como problemas familiares, psicológicos, espirituais e etc.

Pergunte. Se você não consegue identificar as necessidades da pessoa, pergunte a amigos em comum ou à própria pessoa como pode ajudá-la. E, aqui repito, o conselho sobre o cuidado para não parecer fofoqueiro nem invasivo, mas sim genuíno.

Passo 4: Conquistar a confiança

Confiança é algo em extinção em nossos dias, principalmente em meio a tantas fraudes que circulam na internet. Portanto, como evangelistas, devemos não apenas ser, mas também parecer, pessoas confiáveis. Se você não transmite confiança a uma pessoa, não pode falar de Jesus para ela.

E claro, confiança não é algo que se conquista da noite para o dia. É algo que se constrói com caráter cristão ao longo de um relacionamento sincero. Para tanto, é necessário que você demonstre ser um amigo genuíno, que não quer apenas batizar a pessoa e somá-la às fileiras de sua igreja, mas, sim, que seu interesse é, em, de fato, vê-la feliz e melhor.

É importante reforçar que só se conquista confiança sendo confiável. Isso significa que ,quanto a este assunto, você não pode argumentar, você deve ser!

“Fazer, e não meramente dizer, eis o que se espera dos filhos de Deus”[3]. Ainda que nessa citação Ellen White não esteja falando diretamente sobre a conquista da confiança, podemos aplicá-lo a tal. Uma vez que nossas ações, mais do que nossas palavras, demonstrarão se de fato somos confiáveis ou não.

Dicas para conquistar confiança

Seja honesto. Pessoas confiáveis são honestas nos mínimos detalhes.

Seja manso e humilde. Mansidão e humildade são reflexos do caráter de Cristo, e pessoas assim são confiáveis. O mesmo não se pode falar de pessoas briguentas e altaneiras.

Cumpra suas promessas. Se você prometeu que vai fazer algo, faça. Se você prometeu que estará em determinado lugar às X horas, esteja. Se você disse que não faria algo, não faça.

Não seja fanático/exagerado. O fanatismo/exagero distancia as pessoas e faz com que elas não confiem em você para compartilhar determinados assuntos.

Boas práticas na internet que geram confiança

Fique longe das “correntes de WhatsApp” e das Fake News. Não saia por aí compartilhando correntes de WhatsApp e notícias sem primeiro verificar a procedência delas em sites confiáveis. E , desculpe-me, e, permita-me dizer: Se você faz isso, já tem pontos negativos. Portanto, fique longe desse tipo de conteúdo para não perder esses pontos.

Seja uma pessoa. Nas redes sociais, há aqueles que gostam de colocar como foto de perfil imagens aleatórias, nomes diferentes e frases inusitadas. Evite tudo isso, principalmente se você vai iniciar uma conversa com alguém que ainda não lhe conhece ou o conhece pouco. Nas redes sociais você não precisa se expor, mas você precisa ser você.

Não dê indiretas e não exponha ninguém. Se você usa suas redes sociais para mandar indiretas ou expõe os erros de alguém, quem garante que você não fará o mesmo com a pessoa que você está querendo evangelizar se por alguma razão um dia vocês se desentenderem?

Passo 5: Dizer “siga-me”

Apenas depois dos passos anteriores é que a pessoa está pronta para ouvir você convidando-a para que siga você e seus princípios. E por não ter a devida paciência, às vezes atropelamos as coisas e acabamos, passando direto para o quinto passo enquanto tentamos salvar um pouco de cada um dos que ficaram para trás.

É verdade também que há casos em que os passos aqui mencionados são encurtados. Mas se tratam de exceções, pois a regra é que eles devem ser seguidos para se ter uma melhor eficiência e um discipulado completo na vida de uma pessoa.

Seja um exemplo a ser seguido

Por outro lado, como cristão temos o costume de dizer que não somos exemplo para ninguém e que devem se espelhar apenas em Cristo. Entendo essa afirmação e eu mesmo a uso algumas vezes, porém, se vamos analisar a fundo, ela é incorreta.

Em 1 Coríntios 11:1, Paulo diz: “Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo”. Essa afirmação feita por Paulo também deve ser feita por mim e por você. Devemos ser um exemplo a ser seguido, pois enquanto uma pessoa não conhece a Cristo, nós somos a representação Dele na vida daquela pessoa. Já parou para pensar no tamanho dessa responsabilidade e privilégio?

Dicas para facilitar o “siga-me”

Escolha a melhor maneira para a pessoa estudar a Bíblia. Lembre-se de que o foco não é você, mas a pessoa a quem você deseja ensinar a Bíblia. Portanto, o formato ou tecnologias que serão empregados devem ser de fácil acesso e compreensão do seu interessado.

Escolha um guia de estudos que se encaixe à realidade da pessoa. Há diversos manuais de cursos bíblicos. Escolha o que melhor se encaixa à realidade da pessoa, pois, desta forma, a mensagem será absorvida de forma contextualizada e se tornará algo prático na vida dela.

Entenda que o caminho é gradativo. Se hoje você é uma pessoa madura na fé e consegue se recordar de quando começou essa jornada, perceberá o quanto amadureceu, aprendeu e mudou. Aceite o tempo de seu interessado e ajude-o a crescer no tempo dele.

Concluo dizendo que o método de Cristo sempre foi, e sempre será, a melhor maneira de levar o evangelho a uma pessoa. E certamente esse método pode, e deve, ser aplicado no meio digital. Espero que, com essas pinceladas que demos sobre este assunto, você consiga internalizar essa realidade e colocá-la em prática quando estiver navegando pelas redes.


Referências bibliográficas:

[1]    White, E. G. (2007). O Desejado de Todas as Nações. Casa Publicadora Brasileira. pág. 55.

[2]    Idem. pág. 394.

[3]    Idem. pág. 504.

Natanael Castro

Natanael Castro

Missão Digital

Uma visão ministerial e técnica de como evangelizar usando as ferramentas digitais.

Formado em Teologia e Sistemas de Informação e especializando-se em Inteligência Artificial e Aprendizado de Máquina. Criador do chatbot Esperança, a inteligência artificial da Escola Bíblica Digital, da Rede Novo Tempo, lugar onde trabalha atualmente aplicando as visões ministerial e técnica ao evangelismo digital.