O Homo naledi não é o que pensavam
A descoberta do Homo naledi e o desejo incontrolável de se formar uma árvore genealógica evolutiva. Será?
Já disse e repito: nada como um dia depois do outro e uma pesquisa depois da outra. Aclamado como um ancestral elo perdido da evolução humana, o Homo naledi descoberto em uma gruta na África do Sul, além de não ser elo, é bem mais “jovem” do que os evolucionistas pensavam e queriam. Quando a notícia da descoberta foi divulgada aos quatro ventos, os pesquisadores especularam que o hominídeo tivesse até três milhões de anos. Mas nada de data precisa. A antropóloga Carol Ward, da Universidade de Missouri, chegou a declarar ao The Atlantic: “Sem datas, os fósseis não revelam quase nada sobre a evolução hominídea.” Mas por que os três milhões de anos eram tão atraentes para os evolucionistas? Simples: os paleoantropólogos acreditam que foi nessa época que homo evoluiu do australopithecus. Ocorre que, segundo matéria publicada pela BBC, o naledi é bem mais “jovem” do que se cria, tendo “apenas” 200 a 300 mil anos. Segundo a BBC, “uma idade de 200 a 300 mil anos elimina inteiramente o naledi da história evolutiva da nossa espécie, Homo sapiens”. Pois é...
Os fósseis de 15 ditos hominídeos foram encontrados perto de Johanesburgo. Lee Berger, pesquisador da Universidade de Witwatersrand, disse o seguinte, numa entrevista coletiva em Maropeng, na época: “Apresento-lhes uma nova espécie do gênero humano.” Chris Stringer, do Museu de Londres, explica que “alguns aspectos do Homo naledi, como as mãos, os pulsos e os pés, são muito próximos dos do ser humano moderno. “Ao mesmo tempo, o pequeno cérebro e a forma da parte superior do corpo estão mais próximos de um grupo pré-humano denominado australopiteco.” Estavam errados.
Para Jeffrey Schwartz, da Universidade de Pittsburgh, e Ian Tattersall, do Museu Americano de História Natural, a coisa fica feia quando o objetivo é entender formas mais arcaicas de supostos ancestrais da humanidade. Escavações na África e em outros lugares do mundo revelaram um minizoológico dessas criaturas: há o Homo habilis, o Homo rudolfensis, o Homo ergaster, o Homo erectus e formas mais misteriosas, conhecidas simplesmente como “Homo primitivo”, isso sem falar em alguns outros nomes científicos que acabaram não pegando. Alguns consideram que se trata simplesmente de fragmentos de ossos de macacos que os darwinistas querem sempre promover a “elo perdido”.
Em artigo publicado na revista Science, Schwartz e Tattersall defendem que esse milagre da multiplicação da nomenclatura foi longe demais. Boa parte dos fósseis não deveria estar no gênero Homo, dizem eles. Tattersall afirma que “os paleoantropólogos têm simplesmente enfiado fósseis mais e mais antigos no gênero sem se preocupar muito com a questão da morfologia. Em vez de fazer as coisas com cuidado, os trabalhos seguem o desejo de descobrir o ‘Homo mais antigo’, o que não dá muito certo”.
E por que os pesquisadores fazem isso? Para ter seus quinze minutos de fama, promovidos por alguma publicação científica ou pela mídia popular, que adora publicar matérias sensacionalistas sobre nossos supostos ancestrais. E é exatamente o que aconteceu no caso do Homo naledi. Bem antes de ter sido datado, ele já havia estampado a capa da revista National Gegraphic de outubro de 2015, com o título em letras garrafais: “Almost Human”, ou seja, “Quase Humano”.
Esteban Sarmiento, da Fundação Evolução Humana, dos EUA, disse que essa afobação toda tem levado cientistas mais afoitos a enxergar hominídeos em toda parte. Certos fósseis, na verdade, seriam de grandes macacos primitivos. “Existe um desejo subliminar de enxergar certos fósseis como hominídeos”, pondera Tattersall. E ele diz mais: “Descobrimos que muitos dentes do Extremo Oriente atribuídos ao Homo erectus poderiam ser interpretados de forma mais razoável como pertencentes a primos dos orangotangos.”
Como se pôde ver nas fotos divulgadas do Homo naledi e mesmo na capa da National Gegraphic, quem mais tem trabalho nessas ocasiões são os artistas e escultores, que procuram, com muita imaginação, humanizar os macacos e “macaquizar” os humanos.