Duas descobertas, duas atitudes
Descobertas arqueológica e paleontológica são anunciadas na mesma semana.
Na semana passada, o anúncio de duas descobertas – uma arqueológica, outra paleontológica – me chamou a atenção. A primeira é a descoberta da sala em que Jesus foi julgado, em Jerusalém. Os arqueólogos anunciaram ter encontrado os restos do palácio do rei Herodes ao lado do Museu da Torre de Davi. Foi nesse local que o governador romano Pôncio Pilatos condenou Jesus à morte, segundo o relato bíblico. As implicações do achado, divulgado pelo jornal norte-americano Washington Post, vão muito além de questões religiosas, conforme avaliam especialistas. Para Amit Re’em, arqueólogo de Jerusalém que liderou a equipe de escavação há mais de uma década, a prisão “é uma grande parte do quebra-cabeça de Jerusalém e mostra a história da cidade de uma forma muito original e clara”. Em entrevista ao Washington Post, ele afirmou que o local preserva um punhado de importantes descobertas de todos os séculos. Nas paredes, há símbolos gravados por prisioneiros da resistência judaica lutando para criar o Estado de Israel em 1940, bacias usadas para tingimento de tecidos do período das Cruzadas e um sistema de esgoto que provavelmente pertenceu ao palácio construído por Herodes, o Grande, o excêntrico rei da Judeia sob o Império Romano, já morto quando Jesus foi condenado.
Pedro Paulo Abreu Funari, arqueólogo e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) explica que, do ponto de vista histórico, os achados servem para ser comparados com relatos bíblicos. A partir desse confronto, é possível tirar conclusões. “Para aqueles cristãos que se preocupam com precisão em relação a fatos históricos, isto é muito forte”, opinou Yisca Harani, especialista em cristianismo e peregrinação à Terra Santa. (Com informações de O Globo.)
A descoberta é interessante e ajuda a confirmar o já corroborado relato bíblico. Interessante também é que o achado histórico vem à luz exatamente no mesmo mês em que um fragmento de mandíbula é tido como evidência do “homem mais antigo” da suposta história evolutiva – essa é a descoberta paleontológica a que me referi acima. A notícia sobre a mandíbula teve ampla divulgação na mídia por aqui, já a descoberta da sala do julgamento de Jesus não teve tanta repercussão.
A Folha de S. Paulo, por exemplo, noticiou: “Cientistas acham fóssil de primeiro humano de 2,8 milhões de anos”. Note como o título da matéria afirma que o fóssil é do tal “primeiro humano”. Depois, no segundo parágrafo, começa a admissão de que “pode ser” (“parecem”), e as suposições se repetem ao longo do texto. Finalmente, no fim da matéria, há a admissão de que outro achado semelhante trata-se de uma evidência “difícil de analisar”. O problema é que muita gente deve ter lido nas redes sociais e mesmo no jornal apenas o título da reportagem, e saiu convencida de que encontraram o “elo perdido”.
Compare as muitas evidências arqueológicas que confirmam a historicidade da Bíblia com as mínimas evidências paleontológicas (geralmente dentes e/ou pedaços de ossos fossilizados) e tente entender por que muitos não duvidam da suposta história evolutiva humana, ao passo que descreem dos relatos bíblicos. O que será que está por trás dessa teimosia? Pense nisso.