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Coluna | Michelson Borges

Vida nas salmouras de Marte?

Uma análise diferente sobre a recente anunciada descoberta da Nasa sobre água em Marte.


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A Agência Espacial Americana (Nasa) fez barulho na manhã da segunda-feira, dia 28 de setembro, prometendo revelar uma informação bombástica relacionada com o planeta Marte. Ficamos na expectativa. Pouco antes do meio-dia, seria convocada uma coletiva de imprensa. Teriam finalmente descoberto formas de vida no planeta vermelho – o grande objetivo das pesquisas feitas lá pelos robozinhos motorizados? Teriam finalmente tropeçado na prova de que existiriam marcianos? Seria água em forma líquida? Minutos depois da coletiva, a informação já ganhava o mundo por meio dos portais de informação: a Nasa havia descoberto salmouras em Marte. Mas nem disso podia ter certeza. São indícios. Só isso. Mas por que, então, tanto alarde? Já falo sobre isso. Primeiro vamos comentar a descoberta em si.

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Nas fotos divulgadas pela agência, aparecem “linhas de encosta recorrentes” – faixas estreitas, com menos de cinco metros de largura, que aparecem durante as estações quentes em certas regiões marcianas. Conforme informação do site G1, as linhas se alongam durante algum tempo e depois encolhem nas estações frias. “Cientistas não conseguiam confirmar a natureza do fenômeno, porque a resolução das imagens das melhores sondas no planeta não permitia fazer imagens nítidas de estruturas tão estreitas. A hipótese de que as linhas observadas eram salmoura líquida saiu das temperaturas registradas no local no verão marciano, acima de -23 °C. Água com alta concentração de sal, com ponto de derretimento mais baixo, pode existir na forma líquida nessa faixa de temperatura”, explica a matéria no site.

O problema das imagens sem resolução foi resolvido por um grupo de pesquisadores que opera a sonda Mars Reconnaissance Orbiter. Lujendra Ojha, do Instituto de Tecnologia da Georgia, e seus colegas conseguiram extrair de imagens com um único pixel os dados espectrais (separação da luz em diferentes frequências), capazes de revelar a composição de substâncias. “As informações obtidas pelos pesquisadores estão de acordo com o espectro de sais minerais hidratados, reforçando a hipótese de que os veios recorrentes são formados com cristais de sal absorvendo umidade da atmosfera marciana. Estão presentes na solução sais de cloro e oxigênio, como cloratos e percloratos”, conforme a reportagem do G1.

Ojha, em estudo publicado na revista Nature Geoscience, diz que “determinar se água líquida existe na superfície marciana é central para a compreensão do ciclo hidrológico e para o potencial da existência de vida em Marte. [...] Se as linhas de encosta recorrentes se formam como resultado da delinquescência [absorção de umidade] de sais percloratos, elas podem fornecer condições úmidas transitórias na superfície de Marte, apesar de a atividade da água nas soluções de perclorato ser baixa demais para sustentar a vida de tipo terrestre”.

Sem vida

Curioso... Na Terra, onde existem atmosfera, temperatura relativamente amena e condições ideais de vida, há regiões salinas como o Mar Morto (cheio de “salmoura”) cujo nome já diz tudo: está praticamente morto. O que dizer dessas supostas salmouras de Marte? O estardalhaço midiático criado pela Nasa se justifica pela necessidade de a agência ter que chamar atenção para si e atrair verbas para pesquisas. Novidade, mesmo, bem pouca.

Quanto se saiba, a vida que conhecemos está confinada a este planeta singular que chamamos de Terra. E embora a origem da vida aqui permaneça um mistério, há questões maiores ainda sem resposta, do ponto de vista dos cientistas: Por que as leis da física permitem que qualquer vida exista em qualquer lugar que seja?

A menor das mudanças faria o Universo desandar. Nosso universo parece se equilibrar no fio de uma navalha de estabilidade. Parece realmente ter sido projetado para conter vida.

A revista Superinteressante especial “29 coisas que não fazem sentido” reconheceu essa dificuldade: “se a gravidade fosse um pouco mais forte, as estrelas teriam vida muito curta e nunca haveria tempo hábil para a evolução das espécies; se fosse mais fraca, não seria capaz de agregar a massa em estrelas. E a atração mútua entre elétrons e prótons? Se fosse diferente do que é, não existiriam átomos estáveis. São parâmetros que, devidamente ajustados, tornaram o Universo em lugar habitável. A pergunta que não quer calar: Quem ou o que fez essa ‘tunagem’, ou ‘regulagem’ do Cosmos, lá no começo de todas as coisas?”

Essa é a grande pergunta que a revista e muitos cientistas se recusam a explorar...

Portanto, mesmo que fosse encontrada uma bactéria nas salmouras de Marte (evento altamente improvável), isso só provaria uma coisa: há design inteligente em outros lugares, além da Terra.

Michelson Borges

Michelson Borges

Ciência e Religião

As principais descobertas da ciência analisadas do ponto de vista bíblico.

Jornalista, é editor na Casa Publicadora Brasileira (CPB) e autor de vários livros, como A História da Vida e Por Que Creio. Pós-graduando em Biologia Molecular e mestre em Teologia, é membro da Sociedade Criacionista Brasileira e tem participado de seminários em diversos lugares do Brasil e do exterior. Mantém o blog criacionismo.com.br @criacionismo