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Coluna | Luiz Gustavo Assis e Marina Garner

Argumento contra naturalismo e os falsos ingressos

Saiu há alguns dia no jornal Folha de São Paulo uma matéria relatando que alguns ingressos de visitantes para o jogo no Itaquerão do Corinthians contra o Figueirense levavam os torcedores a fileiras do estádio que nem mesmo existiam. Muitos, saindo d...


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Podemos confiar na cognição humana?

Saiu há alguns dia no jornal Folha de São Paulo uma matéria relatando que alguns ingressos de visitantes para o jogo no Itaquerão do Corinthians contra o Figueirense levavam os torcedores a fileiras do estádio que nem mesmo existiam. Muitos, saindo da situação caótica que foi o jogo, relataram que “tinha que melhorar 99% para a copa”[1]. Definitivamente, a sensação que foi deixada na mente dos torcedores desse jogo foi de desconfiança e decepção em relação aos organizadores, não somente desse jogo, mas da Copa do Mundo que começou há alguns dias.

Esta notícia é uma ótima ilustração de uma teoria filosófica elaborada por Alvin Plantinga em seu livro “Where the Conflict Really Lies”[2] [Onde o Conflito Realmente Se Encontra - tradução livre pois o livro ainda não está traduzido para o português]. De acordo com Plantinga, em primeiro lugar a probabilidade de nossas faculdades cognitivas serem confiáveis, se naturalismo e evolução são verdade, é muito baixa.

O uso das suas faculdades cognitivas é o que determina o seu entendimento da realidade e elabora uma crença através de conhecimentos que você adquire através da razão, memória, percepção, etc. Por exemplo, se você vê uma conta matemática que mostra que 2+2 = 4, suas faculdades cognitivas irão concordar com esta conta matemática. Porém, se você visse escrito que 2+2=5, a reação seria contrária. Portanto, de acordo com essa ideia, se o naturalismo (a teoria de que tudo é natural, não existe Deus na nossa criação ou desenvolvimento) e evolucionismo forem aceitos, não temos nenhum motivo para acreditar que nossas crenças do que é verdade e mentira sejam corretas. Porquê? Simplesmente porque, se evolucionismo for verdade, tudo o que fizemos foi para a sobrevivência (a sobrevivência do mais forte como você já deve ter ouvido falar).

Para citar um naturalista dizendo praticamente a mesma coisa, leia esta citação de Charles Darwin, o próprio elaborador da ideia do evolucionismo sem atuação divina: “comigo surge a terrível dúvida se as convicções da mente do homem, que foi formada da mente de um animal mais baixo, são de qualquer valor ou mesmo são confiáveis. Alguém confiaria nas convicções da mente de um macaco...?”[3] Não somente Darwin, mas muitos naturalistas modernos percebem o grande problema de acreditar no discernimento do ser humano em saber verdades sendo que não fomos, de acordo com eles, evoluídos para saber a verdade e sim para sobreviver.

É então que surge uma questão muito interessante. Se, através do naturalismo e evolução, não podemos confiar na cognição humana, então não podemos confiar que naturalismo e evolução são verdadeiros de fato! Trocando em miúdos, naturalismo e evolução dão um tiro no próprio pé!

Marina Garner


[1] http://www1.folha.uol.com.br/esporte/folhanacopa

[2] Alvin Plantinga, Where the Conflict Really Lies (New York: Oxford University Press, 2011)

[3] Carta a William Graham, 1881

Luiz Gustavo Assis e Marina Garner

Luiz Gustavo Assis e Marina Garner

FÉ RACIONAL

Arqueologia bíblica e filosofia.

Bacharel em Teologia pelo UNASP C2 (2007). Trabalhou como Capelão e Professor de Ensino Religioso no Colégio Adventista de Esteio, RS, e como Pastor Distrital em Caxias do Sul e em Porto Alegre, RS. Atualmente está fazendo seu mestrado em Arqueologia do Oriente Médio e Línguas Semíticas na Trinity International University, nos EUA. Marina Garner é Mestrando em Filosofia da Religião na Trinity International University e Bacharel em Teologia pelo UNASP C2 (2009). Sua área de pesquisa é Filosofia da Religião.