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Coluna | Lía Treves

Morte ao meu falso “eu”!

O único plano que devemos seguir para nos sentir realizados e utilizar nossos dons é ser nós mesmos.


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Ao longo da vida, é preciso fazer uma revisão para entender se o eu não é reflexo do que os outros esperam (Foto: Shutterstock)

Crendo que tinha as características necessárias e a preparação suficiente, queria ocupar um posto que me permitisse estar perto das mulheres de minha igreja e me desse a oportunidade de realizar atividades de crescimento pessoal para fortalecê-las em suas diferentes áreas de atuação: a família, a igreja, a sociedade.

Coloquei em prática muitas estratégias para conseguir isso, mas sempre havia alguém mais capacitado, com mais experiência e em melhor situação que eu. O único reconhecimento que eu recebia das pessoas que estavam acima de mim era: “Você é uma pessoa muito especial”.

Assim, ao longo do tempo, eu estava me sentindo cada vez mais frustrada e incompreendida por meus amigos, meus líderes e até mesmo Deus.

Em minha mente surgiam perguntas e afirmações que soavam como:

  • Meu Deus, como o Senhor não vê que eu estou capacitada para esta área?
  • Sou boa fazendo isso ou aquilo?
  • Eu sinto que é isso o que devo fazer.
  • É meu sonho colocar meus dons e talentos a Seu serviço.
  • Por acaso não é Você que coloca sonhos em meu coração?
  • O que estou fazendo de errado?
  • Por que não encontro meu lugar para trabalhar nesta área?

Procurando uma resposta para minha insatisfação, recebi o livro Eu. Sendo Quem Eu Quero Ser – torne-se a melhor versão de você mesmo, de Jhon Ortberg.

Ele explica que existem vários tipos de eu, o que me levou a entender que talvez não estava utilizando meu verdadeiro eu, o que Deus me havia criado para ser. Aqui lhe deixo um resumo de cada um:

O ‘eu’ que eu não quero ser: As circunstâncias não me definem e eu não posso passar minha vida esperando que o vento sopre a meu favor. Eu devo lutar contra aqueles que competem para tomar o lugar dos que foram feitos para ser. Eu não posso esperar que Deus me coloque no lugar indicado como por arte de magia. Ele colocou características e habilidades em mim. Se eu colocá-las a Seu serviço, elas me posicionarão no lugar perfeito para usá-las e ser uma bênção.

O ‘eu’ que finjo ser: Quando minha vida estiver prestes a terminar, Deus não me perguntará por que eu não fui como Moisés, Elias ou Ester. Ele me perguntará: Por que você não foi você mesmo? Ser simplesmente quem eu sou me dá uma liberdade incomparável que me coloca em posição de produzir uma influência inigualável. Sou única e especial.

O ‘eu’ que eu acho que deveria ser: Muitas vezes nos comparamos com pessoas de sucesso que se encontram ocupando o lugar que gostaríamos de ter. A comparação mata o verdadeiro eu. Deus me criou para desejar o plano que Ele traçou para minha vida. É por isso que a competência é comigo mesmo, buscando trazer à luz minha essência, meu verdadeiro eu.

O ‘eu’ que os outros querem que seja: Todos os que fazem parte de nossa vida querem que mudemos. O chefe quer que sejamos mais produtivos; o pessoal da academia quer que estejamos em melhor forma; a administradora do cartão de crédito quer que nos endividemos mais; o canal de TV quer que assistamos mais filmes; o dentista quer que o visitemos com mais frequência. Isso é o que os outros querem que sejamos. Nunca alcançarei a verdadeira liberdade tentando me tornar esse eu que os outros querem que eu seja. Ele sabe qual é minha melhor versão! Amar alguém é desejar que esse alguém se torne a melhor versão de si mesmo e trabalhar nesse sentido. Por isso, Deus está trabalhando em mim e não deixará de fazê-lo até que complete Sua obra no dia em que Jesus voltar.

O ‘eu’ que teme o que Deus quer: É aqui que nos sentimos pressionados a cumprir certas regras para ser aceitos por Deus. É quando dizemos “tenho que ser assim ou assado para receber a bênção de Deus”. Jesus não disse “Eu vim para que vocês possam cumprir as regras”, mas “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10). Guardar as regras vem como consequência de nossa relação com Deus e de nossa confiança plena de que Ele nos abençoa, mesmo que estejamos errados. “[...] todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8:28).

O ‘eu’ que fracassei em ser: Isso é causado pela deficiência no crescimento. É quando alguém continua vivendo, trabalhando e produzindo, mas perdeu o sentido de esperança e significado. É a ausência de vitalidade mental e emocional. Fadiga da alma, incapacidade de se deleitar com a vida. Quando começamos a viver, estamos cheios de sonhos e projetos, mas com o passar do tempo, simplesmente os abandonamos, seja por causa das circunstâncias ou porque não acreditamos que somos capazes, permitimos que a desilusão tome conta de nossa perspectiva da vida e nos acomodamos com a mediocridade.

O ‘eu’ que fui feito para ser: Deus nos criou para prosperar. Essa prosperidade responde a um “para que” … para ser parte do projeto redentor elaborado por Ele. Deus quer que Seu projeto prospere para que o povo possa ser motivado, os jardins possam ser plantados, os doentes possam ser ajudados ou as empresas possam ter sucesso, o que de outro modo não conseguiriam. Quando deixamos de ser a pessoa que Deus planejou que fôssemos, o mundo perde a oportunidade de desfrutar de nosso dom (pág. 41).

Depois de refletir em cada um de meus falsos “eu” e das consequências que tentar vive-los haviam provocado em minha vida, descobri que o único plano que devo seguir para me sentir realizada e utilizar meus dons é ser eu mesma. Eu tive que matar meus falsos eus!

Quem sabe, sem querer, além da posição, o cargo, a responsabilidade diante de um grupo de mulheres, minha vida, minhas experiências e minha relação com Deus podiam marcar uma diferença na influência exercida ao meu redor.

O detalhe é: O que mais poderíamos desejar que ser a pessoa que Deus nos criou para ser?

Lía Treves

Lía Treves

Detalhes de Mulher

Um plano detalhado de Deus para mulher cristã de hoje.

Professora de ensino primário, é graduada pela Universidade Adventista del Plata, na Argentina. É casada com o pastor Jorge Rampogna e mãe de duas filhas.